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Líderes do G7 prometem milhões de vacinas, mas evitam apoio claro a suspensão de patentes

Guido Bergmann / BPA HANDOUT / EPA

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com a chanceler alemã, Angela Merkel

Os líderes do G7 prometeram entregar milhões de doses adicionais de vacinas contra a covid-19 ao longo do próximo ano, mas evitaram apoiar claramente a suspensão de patentes, de acordo com o comunicado final.

“Os compromissos totais do G7 desde o início da pandemia preveem um total de mais de dois mil milhões de doses de vacinas”, referem, incluindo vários milhões prometidos este fim de semana em Carbis Bay, sudoeste de Inglaterra, onde decorreu o encontro.

A expectativa era que os países membros, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, juntamente com a União Europeia (UE), se comprometessem a oferecer mil milhões de doses adicionais.

Porém, o comunicado clarifica que este valor inclui donativos anunciados desde fevereiro.

Os Estados Unidos anunciaram nos últimos dias a doação de 500 milhões de doses da vacina Pfizer por 92 países desfavorecidos, 200 milhões das quais até ao final do ano, e o Reino Unido 100 milhões de vacinas excedentárias, das quais 30 milhões até ao final de 2021.

Sobre a suspensão de patentes, que alguns países e organizações humanitárias defendem para aumentar e acelerar a produção de vacinas a nível mundial, o G7 apoia o estabelecimento de unidades em países de baixo rendimento.

O comunicado refere “a importância da propriedade intelectual a esse respeito” e “o impacto positivo que o licenciamento voluntário e a transferência de tecnologia em termos mutuamente acordados já causaram no aumento da oferta global”.

Para esta edição da cimeira também foram convidados os líderes da Índia, Coreia do Sul, Austrália e África do Sul.

A reunião, a primeira presencial em dois anos devido à pandemia covid-19, foi organizada pelo Reino Unido, que teve este ano a presidência rotativa, a qual estará a cargo da Alemanha em 2022.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou que os EUA restauraram a presença no panorama mundial, qualificando de “uma reunião extraordinariamente colaborativa e produtiva” a cimeira do G7 que hoje terminou em Carbis Bay.

Ao encerrar três dias de encontros com líderes de alguns dos países mais poderosos do mundo e reatar laços com os aliados, Biden disse ter sentido um “entusiasmo genuíno” com a sua participação.

A América está de volta ao trabalho de liderar o mundo ao lado de nações que partilham os nossos valores mais próximos”, vincou, numa conferência de imprensa após o fim do encontro.

“Penso que fizemos progressos no restabelecimento da credibilidade norte-americana entre os nossos amigos mais próximos”, acrescentou.

Durante a cimeira, encontrou-se bilateralmente com a maioria dos líderes e foi visível a boa disposição, nomeadamente com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron.

Biden rompeu também com o protocolo ao assistir a uma missa na manhã de hoje numa igreja católica local juntamente com a esposa, Jill Biden, surpreendendo os residentes.

Naquela que é a primeira grande viagem ao estrangeiro desde a entrada em funções, em janeiro, o Presidente impressionou ao anunciar o compromisso de doar 500 milhões de doses da vacina contra a covid-19 a países desfavorecidos.

Também fez pressão para que a declaração conjunta dos líderes incluísse uma linguagem específica criticando o uso de trabalho forçado e outros abusos dos direitos humanos pela China e conseguiu ver aprovado o imposto mínimo de 15% sobre empresas multinacionais que ele propôs.

Sobre a Rússia, prometeu que será “muito claro” com seu homólogo russo, Vladimir Putin, sobre as divergências, reconhecendo que as relações EUA-Rússia estão atualmente “no seu nível mais baixo”.

“Não se trata de um concurso para ver quem é o melhor numa conferência de imprensa para tentar humilhar o outro, trata-se de indicar muito claramente quais são as condições a serem preenchidas para se conseguir um relacionamento melhor com a Rússia. Não estamos à procura de conflito”, disse Biden aos jornalistas.

O Presidente dos EUA deixou também claro de que a defesa de um aliado da NATO atacado, prevista no Artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte, continua a ser uma “obrigação sagrada” e que a organização é “vital” para a capacidade de “preservar a segurança de os Estados Unidos até o final do século”.

Após a conferência de imprensa, Biden vai viajar até ao Castelo de Windsor para uma audiência privada com a Rainha Isabel II, o 13.º Presidente encontrar-se com a monarca, de 95 anos, durante seu reinado de 69 anos.

Segue depois para Bruxelas, para reuniões com líderes da NATO e da União Europeia, antes de uma cimeira com o Presidente russo, na quarta-feira, em Genebra.

ZAP // Lusa

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