Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, lideres de PCP e Bloco de Esquerda, manifestaram neste domingo disponibilidade para viabilizar um Governo do PS, numa “geringonça II”. Um cenário que Pedro Nuno Santos, ministro e cabeça de lista do PS por Aveiro, admite.
“Nestas coisas não temos tabu, nem fazemos suspense”, arrancou Catarina Martins na sua declaração na noite eleitoral perante resultados de projecções que solidificam o Bloco de Esquerda como “a terceira força política nacional“, como vincou.
Uma declaração que antecedeu a ideia de que o Bloco está receptivo para viabilizar um Governo de estabilidade do PS, caso o partido não atinja a maioria absoluta. Catarina Martins frisou que o seu partido admite negociar “uma solução de estabilidade que assegure a reposição de rendimentos ao longo da legislatura”, ou para “negociações ano a ano” em sede de Orçamento de Estado.
O mesmo discurso teve Jerónimo de Sousa, embora de forma menos declarada. O PCP “contribuirá para a aprovação de medidas que considere positivas” e dará “combate a todas as medidas negativas”, frisou o líder do PCP, apresentando aquelas que serão as suas exigências para uma potencial “geringonça II”.
Como “objectivos imediatos”, Jerónimo traça a luta pelo aumento geral dos salários, a subida do Salário Mínimo Nacional para 850 euros, o aumento geral e real das pensões, creches gratuitas até aos três anos, direito à habitação, reforço do investimento no Serviço Nacional de Saúde e demais serviços públicos, 1% do Orçamento de Estado para a cultura e garantia da protecção do meio ambiente.
“Sem compromissos formais, caso haja uma força construtora contarão com a CDU, se for ao contrário, como está claro em várias matérias, contarão com a CDU para a oposição”, alertou Jerónimo.
Nuno Santos admite novo entendimento à esquerda
O cabeça de lista do PS por Aveiro, Pedro Nuno Santos, afirmou que os socialistas governaram “quatro anos sem maioria absoluta”, mas “com estabilidade” e admitiu a repetição deste cenário na próxima legislatura.
“Não há nenhuma razão para que isso não aconteça nos próximos quatro anos”, afirmou o também ministro das Infraestruturas e da Habitação aos jornalistas, no Hotel Altis, em Lisboa, onde a direcção socialista acompanha os resultados da noite eleitoral.
No entanto, Pedro Nuno Santos não quis confirmar eventuais acordos com os partidos à esquerda porque é preciso “esperar pelos resultados finais”. “Acho que estamos a pôr um bocadinho a carroça à frente dos bois“, salientou, frisando que é melhor “esperar que as projecções se confirmem” para as “ler com calma”.
“Isso não significa que nós não trabalhemos com os parceiros com quem trabalhamos nos últimos quatro anos”, prosseguiu.
As projecções dos resultados eleitorais divulgadas por RTP, SIC e TVI dão a vitória ao PS nas eleições legislativas, entre 34% e 40% dos votos.
ZAP // Lusa