A 6 de abril de 2011, o primeiro-ministro José Sócrates anunciou que Portugal necessitava um resgate financeiro, na sequência de uma entrevista do ministro das Finanças em que afirmava ser uma opção inevitável. Quatro anos depois, Teixeira dos Santos fala da sua decisão: “Tornei muito claro ao primeiro-ministro que esse pedido de resgate era incontornável, seria fatal como o destino”.
Em entrevista à TVI24, na noite desta segunda-feira, o ex-ministro das Finanças recorda aquele que foi “sem dúvida o mais longo e mais difícil”, mas sublinhou que a sua preocupação era a de convencer o primeiro-ministro de que Portugal necessitava mesmo de uma intervenção externa.
“A minha preocupação era convencer o primeiro-ministro da necessidade deste pedido de intervenção externa. Estou convencido que o primeiro-ministro já tinha percebido que o país não podia evitar o pedido de ajuda, mas penso que achava que o país talvez ainda pudesse manter-se algum tempo e evitar o pedido de ajuda (…) dentro do período de governação que iria acabar em junho com as eleições. Estou convencido que seria essa a sua intenção. Não faria sentido que um governo que tudo fez para evitar um pedido de resgate fosse o governo que afinal o iria fazer”.
O quarto Pacto de Estabilidade e Crescimento – PEC IV – que tinha sido chumbado no Parlamento, seria um programa cautelar, de reformas, de correção orçamental que poderia restaurar a confiança dos mercados.
No entanto, a sua preocupação “era essencialmente assegurar o financiamento do país e as condições de estabilidade do país. Os bancos tinham já sido penalizados de forma muito significativa no seu rating nos dias que antecederam o resgate”, descreveu. “Assumi um compromisso claro: comigo não há default. Foi também para isso que tomei posse como ministro das Finanças”, explicou na entrevista.
Para o ex-ministro das Finanças, “tornou-se claro que se o país não tomasse a iniciativa do pedido de ajuda ela acabaria por nos ser imposta pelos nossos parceiros, creio que seria ainda mais vexante para o país”. Depois da reunião com o setor financeiro, seguiu-se um telefonema, durante o qual Sócrates pediu 24 horas a Teixeira dos Santos para encontrar alternativas ao pedido de resgate.
“Dei essas 24h e no dia 6 de manhã é-me dado conta que ele [José Sócrates] continuava muito renitente em avançar com esse pedido de ajuda. Ao almoço falei com o primeiro-ministro ao telefone, senti que a resistência se mantinha e como dever de consciência senti que não podia manter-me em silêncio porque estaria de alguma forma a ser conivente com uma inércia que poderia ser muito prejudicial para o país”.
Teixeira dos Santos descreve que tornou “muito claro ao primeiro-ministro que teríamos de o fazer e que o país iria enfrentar grandes dificuldades se não o fizéssemos e que esse pedido de resgate era incontornável, seria fatal como o destino”. “Entendi que devia partilhar a minha opinião com o país e o primeiro-ministro teria que decidir aquilo que achava que era melhor e tomou a decisão acertada”, acrescentou.
Nessa tarde, em entrevista ao Jornal de Negócios, Teixeira dos Santos anunciava que, na sua opinião, Portugal vai precisar de resgate financeiro, o que acabou por forçar José Sócrates a anunciar nessa mesma noite o pedido de ajuda ao país.
“Tive vários dias longos, mas este foi sem dúvida o mais longo e mais difícil. Um dia tenso, de fricção e de angústia. Mas ao mesmo tempo, no fim do dia, tinha a consciência de que tínhamos chegado a um momento decisivo de dificuldade e que tinha feito aquilo que precisava de ser feito e acabava o dia bem com a minha consciência”.
Nesse dia 6 de abril, depois do anúncio ao Jornal de Negócios, Teixeira dos Santos ainda voltou a falar com José Sócrates: “houve uma conversa que não foi agradável, como será de perceber, e a partir daí mantivemos uma relação que se limitou à gestão dos assuntos da governação, em particular da negociação do memorando com a Troika”, esclareceu.
Na altura, muitas vozes falaram em traição da parte de Teixeira da Cruz mas o antigo governante recusa o rótulo.
“Não sei o que ele sentiu mas tenho visto alguns relatos que dão conta de que ele, de alguma forma, terá exprimido isso. Mas o meu dever de lealdade, como ministro das Finanças, era perante o país”.
ZAP
Convém não esquecer uma coisa muito importante, foi este senhor enquanto Ministro das Finanças de Portugal, que ajudou, pactuou, colaborou, atraves das sua politicas orçamentais, económicas e fiscais, a colocar o país na dependência externa, e como não tem vergonha e é acéfalo, ainda se dá ao luxo de criticar aqueles, que bem ou mal, conseguiram libertar o país dos credores, a quem, ele os socialistas, hipotecaram este país. Tenha vergonha senhor teixeira dos santos.
Tanta raiva, EUPRÓPRIO. Seria mesmo este Ministro o responsável do que escreve ou o ‘ buraco’ já vinha de há anos? É falso quando escreve que estes libertaram o país dos credores. Lembro-lhe que a dívida pública aumentou e as ‘ gorduras’ também. Para dizer que gosta ‘ destes’ não precisava de mentir.
Sem raiva mas com latidos!?! Oh Ana! Para definir parcelas e sinais de somar e subtrair manifestamente é demasiada areia para o seu ‘smartless’… Consequências do ombro cansado que emprestou recentemente ao andor aliada à rouquidão que o hino lhe deixou?
Tanto tempo! A M.Ferreira Leite no parlamento, Medina Carreira e muitos economitas noutros fóruns, denunciaram o caminho suicidário seguido nos dois consulados do supra ministro T.Santos. É nítida a água no capote.