O líder da Coreia do Norte admitiu que as sanções internacionais, a pandemia e as recentes inundações afetaram a economia do país, tendo convocado, para janeiro, um congresso extraordinário do partido para elaborar um plano quinquenal de dinamização da economia.
O anúncio foi feito durante uma sessão plenária do Partido dos Trabalhadores, realizada na quarta-feira, na qual Kim Jong-un “falou sobre as falhas e conquistas” do regime desde a reunião anterior, em 2016, avançou a agência oficial norte-coreana KCNA.
Com uma franqueza invulgar, o líder norte-coreano defendeu a necessidade de adotar um plano de desenvolvimento de cinco anos para melhorar o fornecimento de energia e a produção agrícola e industrial da Coreia do Norte.
Kim reconheceu as deficiências económicas causadas por “desafios inesperados e inevitáveis” e “pela situação na região que rodeia a península coreana”, referiu a KCNA.
A economia norte-coreana é alvo de várias sanções da comunidade internacional, impostas pelo Conselho de Segurança da ONU para forçar Pyongyang a abandonar os seus programas nucleares e de armamento, que têm sido muito reforçados por Kim Jong-un.
Esta posição “tem como objetivo justificar o esperado fracasso do regime em atingir as metas económicas estabelecidas”, disse à AFP o analista do Instituto Coreano de Unificação Nacional, Hong Min.
Segundo este analista, a data escolhida para o congresso extraordinário – em janeiro, ou seja, próximo da data de tomada de posse do vencedor das eleições Presidenciais norte-americanas – é um sinal.
As relações entre Washington e Pyongyang estagnaram desde o fracasso, em fevereiro de 2019, da segunda cimeira entre Kim Jong-un e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os dois países não chegaram a um acordo sobre o desmantelamento do programa nuclear da Coreia do Norte, que levaria ao levantamento de algumas sanções económicas internacionais.
A Coreia do Norte deixa, assim, entender que “quem quer que ganhe as próximas eleições deve aumentar os esforços para chegar a um acordo”, defendeu Hong Min.
Além das sanções económicas – que reduziram significativamente o comércio com a China, seu principal aliado e salvação económica –, a Coreia do Norte teve de enfrentar as consequências da pandemia da covid-19 e os danos causados por chuvas torrenciais que assolaram o país, nas últimas semanas, e destruíram milhares de casas e quase 100 mil acres de plantações.
Na semana passada, Kim demitiu o seu primeiro-ministro, após uma avaliação do desempenho do gabinete nas políticas económicas.
O líder norte-coreano sublinhou, no entanto, que o país manterá as suas fronteiras fechadas e irá rejeitar qualquer intervenção externa.
“A Coreia do Norte planeava celebrar prodigamente as suas conquistas económicas [desenhadas no primeiro plano de cinco anos de Kim) na celebração do 75.º aniversário da fundação do partido, a 10 de outubro, mas não podia prever os enormes reveses” causados pela covid-19 e pelas inundações, considerou o analista do Instituto Sejong da Coreia do Sul, Cheong Seong-Chang.
Embora a programação do novo congresso do partido para janeiro reflita a esperança de que a pandemia diminua até lá, a Coreia do Norte poderá decidir abrir-se ao comércio internacional, especialmente se o seu já precário sistema de saúde continuar a gerar preocupação, disse Cheong.
O último congresso extraordinário do Partido dos Trabalhadores aconteceu há 36 anos, tempo que representa todo o reinado de Kim Jong Il (1994-2011), pai de Kim Jong-Un.
De acordo com a CNN, o líder norte-coreano terá dado à sua irmã, Kim Yo Jong, alguma autoridade para supervisionar “assuntos gerais de estado” a fim de aliviar a sua carga de trabalho, tendo-se tornado a “segunda no comando”.
A estação televisiva adianta ainda que a familiar não terá sido a única a receber esta responsabilidade. Outros funcionários do Governo e do Partido dos Trabalhadores também foram alvos desta decisão, não só para aliviar o stress sobre os ombros de Kim Jong-un, mas também para eventualmente protegê-lo das eventuais culpas de má conduta ou incompetência do Executivo.
ZAP // Lusa
Consta que Kim Jong-un está a pensar mudar o nome para Kim Kong-1 ou para Ping-Pong-2