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Julgamento de Tancos começa esta segunda-feira. Pode haver ainda material desaparecido

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Paulo Novais / Lusa

Entrada dos Paióis Nacionais do Polígono Militar de Tancos

O ex-ministro da Defesa e mais 22 arguidos começam a ser julgados, esta segunda-feira, no tribunal de Santarém, sobre o furto e a encenação da recuperação de armamento militar dos paióis de Tancos.

O processo envolve 23 acusados, entre os quais o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, o ex-diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM), Luís Vieira, o ex-porta-voz desta instituição militar, Vasco Brazão, e elementos da GNR de Loulé.

Em causa está um conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

Nove arguidos vão responder por associação criminosa, tráfico e mediação de armas e terrorismo, entre os quais o mentor do furto João Paulino, segundo o Ministério Público, e os restantes 14, entre os quais Azeredo Lopes e dois elementos da PJM, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

Tal como recorda a RTP, a tese do Ministério Público (MP) é que o antigo ministro da Defesa estava a par da encenação criada para recuperar o armamento que tinha sido alegadamente furtado.

O caso do furto do armamento de guerra dos paióis de Tancos foi divulgado pelo Exército, a 29 de junho de 2017, com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro do mesmo ano, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé, que são agora arguidos.

O primeiro-ministro, António Costa, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ainda vão depor por escrito, na qualidade de testemunhas.

De acordo com o semanário Expresso, a maioria dos 23 arguidos já avisou que não vai remeter-se ao silêncio, pelo que haverá, provavelmente, várias versões do caso.

Só há duas semanas, recorda o jornal, é que João Paulino entregou às autoridades o que restava do material roubado, mas ainda estarão em parte incerta alguns explosivos que haviam sido roubados.

O advogado que o representa garante que todo o material já foi devolvido, pelo que existe a hipótese de ter havido um erro de inventário. Segundo fonte judicial, esta tese do erro é considerada plausível porque o arguido devolveu mais 2800 munições do que aquelas que tinham sido dadas como desaparecidas.

ZAP // Lusa

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