O coletivo de juízes do processo Football Leaks indeferiu os requerimentos apresentados hoje pelos advogados da Doyen para travar a linha de inquirição da defesa de Rui Pinto, alegando estar em causa um “escrutínio” dos ofendidos.
O despacho considerou que “não assiste razão à assistente” do processo e que não se registava “nenhuma nulidade ou irregularidade” das questões, invocando a necessidade de “garantir o princípio do contraditório” à defesa do criador da plataforma eletrónica.
Apesar da posição assumida pelo coletivo de juízes, a advogada da Doyen, Sofia Ribeiro Branco, reiterou a “irregularidade” da decisão. Em resposta, a juíza manteve o despacho, sem dar razão aos representantes da Doyen, que procuravam limitar a inquirição dos advogados de Rui Pinto ao ex-administrador do fundo de investimento Nélio Lucas.
Nos requerimentos apresentados, os representantes do fundo de investimento argumentavam que tinham sido colocadas “questões que não têm nada a ver com o processo” e que “a prova obtida ilicitamente só pode ser usada contra os agentes e não as pessoas ofendidas”, pelo que Nélio Lucas não podia ser confrontado com os documentos a que Rui Pinto tinha alegadamente acedido de forma ilegítima.
Os trabalhos da sessão foram retomados logo de seguida, com o advogado de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, a assumir a continuação da inquirição a Nélio Lucas sobre a organização das empresas do grupo Doyen e negócios efetuados ao longo do tempo.
O coletivo de juízes do processo Football Leaks indeferiu os requerimentos apresentados pelos advogados da Doyen para travar a linha de inquirição da defesa de Rui Pinto, alegando estar em causa um “escrutínio” dos ofendidos.
Rui Pinto, de 32 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.
Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
ZAP // Lusa