Jornalista chinesa que promoveu o movimento #MeToo condenada a 5 anos de prisão

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Free Huang Xue

A jornaliksta chinesa Huang Xueqin com um cartaz #metoo em Singapura, 2017

A jornalista chinesa Huang Xueqin, que promoveu os direitos das mulheres no âmbito do movimento #MeToo, foi condenada a cinco anos de prisão sob a acusação de incitamento à subversão da autoridade do Estado, quase três anos depois de ter sido detida juntamente com um ativista.

Numa decisão que a revista Time considera que sublinha a intolerância do Partido Comunista no poder a qualquer ativismo fora do seu controlo, num sistema cujos escalões superiores são dominados por homens, a jornalista chinesa Huang Xueqin, foi condenada a cinco anos de prisão por “subverter a autoridade do Estado”.

Segundo o veredito, a que a The Associated Press teve acesso, Huang Xueqin terá também que pagar uma multa de 100.000 yuan, cerca de 13 mil euros.

O movimento #MeToo chinês floresceu durante pouco tempo no país, antes de ser extinto pelo governo. A China silencia frequentemente os ativistas, mantendo-os incomunicáveis durante muito tempo e condenando-os depois à prisão.

A data de libertação de Huang foi fixada em 18 de setembro de 2026, tendo em conta o período de detenção a que já foi sujeita.

Também acusado no mesmo processo, Wang Jianbing foi condenado a três anos e seis meses pela mesma acusação. Wang é mais conhecido pela sua atividade no domínio dos direitos laborais, mas também ajudou mulheres a denunciar casos de assédio sexual.

Os casos de Huang e Wang parecem ter-se entrelaçado como parte da mais recente vaga de repressão generalizada contra ativistas na China, tendência anterior ao movimento #MeToo e que inclui incidentes anteriores, como a detenção em 2015 de mulheres que distribuíam panfletos contra o assédio sexual nos transportes públicos.

Trabalhando como jornalista freelancer, Huang ajudou a desencadear o primeiro caso #MeToo da China em 2018, quando divulgou alegações de assédio sexual feitas por uma estudante de pós-graduação contra o seu supervisor de doutoramento numa das universidades mais prestigiadas da China.

Huang e Wang desapareceram a 19 de setembro de 2021, um dia antes de a jornalista viajar para o Reino Unido para iniciar um programa de mestrado sobre violência de género e conflitos na Universidade de Sussex. Foram a julgamento em setembro de 2023.

A organização não governamental International Women’s Media Foundation, IWMF,  atribuiu a Huang em 2022 o prémio Wallis Annenberg Justice for Women Journalists.

A China é regularmente apontada por grupos de monitorização como um dos países que mais prendem jornalistas.

A Diretora da Amnistia Internacional para a China, Sarah Brooks, emitiu uma declaração condenando a sentença aplicada a Huang, que considera um ataque à defesa das mulheres na República Popular da China, que há muito promove o conceito de que “as mulheres ocupam metade do céu“, mas cujas instituições continuam a ser dominadas por homens.

“Estas condenações prolongarão a sua detenção profundamente injusta e terão um efeito inibidor sobre os direitos humanos e a defesa social num país onde os ativistas enfrentam cada vez mais repressões por parte do Estado”, afirmou Brooks num comunicado enviado por correio eletrónico.

“Na realidade, eles não cometeram nenhum crime real. Em vez disso, o governo chinês inventou desculpas para considerar o seu trabalho uma ameaça e para os perseguir por se educarem a si próprios e a outros sobre questões de justiça social, como a dignidade das mulheres e os direitos dos trabalhadores”, afirmou Brooks.

ZAP //

1 Comment

  1. A repressão chinesa nao dá folga.
    Estes regimes totalitários, no século XXI, metem nojo.

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