O Japão nomeou um Ministro da Solidão após um recente aumento no número de suicídios, exacerbado pela crise provocada pela pandemia de covid-19.
Estudos recentes mostraram que o Japão tem altos níveis de isolamento social, em parte atribuídos à sua cultura de trabalhar durante longas horas. O problema cresceu ainda mais devido à pandemia de covid-19, nomeadamente no que diz respeito às pessoas que vivem sozinhas.
Em resposta aos apelos contra o isolamento social e o aumento das taxas de suicídio, o primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga nomeou o ministro Tetsushi Sakamoto para a recém-criada função de Ministro da Solidão no início de fevereiro, de acordo com o jornal local Japan Times.
Numa reunião com Sakamoto, Suga disse que “as mulheres estão a sofrer mais com o isolamento [do que os homens] e o número de suicídios está em tendência crescente. Espero que identifique problemas e promova medidas políticas de forma abrangente”.
“Espero realizar atividades para prevenir a solidão social e o isolamento e para proteger os laços entre as pessoas”, disse Sakamoto, em conferência de imprensa.
O novo ministro também estará responsável de promover a participação dinâmica de todos os cidadãos e medidas para reduzir a taxa de natalidade.
O Governo do Japão criou também uma task-force em que diferentes departamentos trabalharão juntos para investigar o impacto da solidão.
Um relatório preliminar revelou um aumento de suicídios ao longo de 2020. De acordo com a Agência Nacional de Polícia, 20.919 pessoas morreram por suicídio no Japão em 2020 – um aumento de 750 mortes em comparação com 2019 e a primeira vez que o número subiu face ao ano anterior em 11 anos.
Segundo dados oficiais do governo japonês, em outubro passado, o número de suicídios no Japão foi superior ao número de mortes por covid-19 desde o início da pandemia.
O aumento está amplamente relacionado ao aumento dos suicídios entre mulheres e jovens. No entanto, o primeiro-ministro japonês sublinhou que “há muitos tipos de solidão” que precisam de ser resolvidos, apontando para os idosos que vivem em lares de terceira idade que ficaram particularmente isolados durante a pandemia.
O Japão tem sido consistentemente mal classificado em estudos de isolamento social. Em 2015, um estudo global realizado pelo gabinete do país descobriu que 16,1% dos japoneses com mais de 60 anos sentiram que não tinham “ninguém” a quem pedir ajuda – sendo o país com a maior proporção de países, seguido pelos Estados Unidos (13%) e a Suécia (10,8%).