A ativista e ‘estrela’ de Hollywood Jane Fonda defendeu, esta sexta-feira, o “assassinato” de políticos que se opõem ao aborto como uma das possibilidades para que as norte-americanas possam continuar a interromper voluntariamente a sua gravidez.
“Estamos no controlo dos nossos corpos há várias décadas e somos capazes de decidir quantos filhos queremos ter e quando. Agora que sabemos como é, não vamos voltar atrás, não me importo com as leis. Não vamos voltar atrás”, destacou a atriz norte-americana no programa matinal The View.
A apresentadora Joy Behar perguntou à atriz quais as ações que esta sugeriria tomar, além dos protestos, para lidar com as decisões políticas que afetam a liberdade das mulheres, com Fonda a referir: “Bem, tenho pensado no assassinato”.
O comentário da ativista foi interpretado pelas outras mulheres que participaram na discussão como uma brincadeira, mas Fonda, de 85 anos, não quis esclarecer se estava a falar a sério ou não.
Perante a ambiguidade da frase, a congressista republicana Anna Paulina Luna interpretou as palavras da atriz como literais e, na rede social Twitter, anunciou que notificou a Polícia do Capitólio pelas declarações sobre o “assassinato de políticos pró-vida”.
“Como membro pró-vida do Congresso e perante a falta de reação [de Fonda] para esclarecer que a sua declaração era uma piada, levamos esta ameaça a sério”, sublinhou a congressista em comunicado.
Anna Paulina Luna também exigiu que o programa The View e a vencedora de dois Óscares de melhor atriz por Klute (1972) e Coming Home (1979) se retratassem publicamente pelo seu “comportamento repugnante” durante a conversa.
Os comentários de Jane Fonda ocorrem perante a crescente onda de restrições em vários estados dos EUA aos direitos reprodutivos das mulheres, depois do Supremo Tribunal ter derrubado o direito federal ao aborto em junho.
A organização Planned Parenthood, que defende cuidados reprodutivos e médicos de alta qualidade e acessíveis no país, estima que 18 dos 50 estados proibiram o aborto nos EUA ou o restringiram severamente, e que, em 13 destes, o acesso a este serviço é praticamente impossível, embora haja exceções.
Jane Fonda, que nasceu em Nova Iorque, a 21 de dezembro de 1937, é filha do ator Henry Fonda e irmã do ator Peter Fonda, trabalhou com nomes como Marlon Brando e George Cukor, Jack Lemmon e Katherine Hepburn, com a associação a considerar que Jane Fonda faz parte da “realeza de Hollywood”.
A atriz fez-se notar também pelo ativismo político, antiguerra, do Vietname à invasão do Iraque e em defesa dos direitos das mulheres, sustenta a Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood, que recorda igualmente o seu “papel de líder na revolução ‘fitness'” e, mais recentemente, a participação no movimento global de defesa do ambiente, através do qual “conquistou uma nova geração de seguidores”.
// Lusa