Marcas como Mimosa, Terra Nostra e Continente já não têm “leite gordo” nos rótulos dos pacotes de leite. “A palavra gordo deixou de vender, há quem o considere gordofóbico”.
O fenómeno está a verificar-se nas grandes marcas portuguesas Mimosa e Terra Nostra, por exemplo, mas também já chegou às marcas brancas de supermercados, como o Continente. O leite gordo já não é “gordo”: é “inteiro“.
O mais curioso é que as marcas não se pronunciaram sobre a mudança repentina, e os utilizadores das redes sociais, que notaram a diferença nos rótulos há semanas, começaram a especular sobre o motivo e impacto da decisão.
Muitos consumidores surpresos especularam sobre o possível receio da parte das marcas de terem conotações negativas nos seus produtos, associadas à palavra “gordo”. Mas apesar de os rótulos terem “leite inteiro” escrito, as descrições dos leites nos sites das marcas ainda falam em “leite gordo”.
“O mundo está mesmo rebuçado”, queixa-se um internauta: “já não sei o que dizer”. Outra pessoa questiona: “se calhar chamar o leite de gordo pode ser bullying”.
Ao Sol, a nutricionista Mária Benedito explica que a mudança pode efetivamente estar relacionada com estratégias de marketing que evitam termos com conotações negativas como “gordo”, associado à gordofobia (ou “fat shaming”, nome atribuído ao preconceito contra corpos gordos).
“A palavra gordo deixou de vender“, diz a nutricionista: “o leite gordo não vende porque a palavra ‘gordo’ tem uma conotação negativa. Há quem o considere gordofóbico”.
Mas a designação “inteiro” já é comum em países como França e Espanha, onde se utiliza “Lait Entier” e “Leche Entera”, respetivamente. E, se pensarmos, talvez até seja mais correto: “chama-se inteiro porque não é modificado, é o original”, explica a nutricionista.
“O leite mais gordo tem pouco mais de 3% de gordura, o que o torna mais cremoso. Em Portugal caiu em desuso, sendo dada preferência ao leite meio gordo”, diz Benedito.
Alexandre Fernandes, nutricionista e terapeuta, sublinha ao semanário que o leite inteiro não sofre a remoção de gordura, ao contrário do leite meio gordo ou magro. Assim, a alteração reside apenas na nomenclatura, enquanto as propriedades deste leite permanecem inalteradas.
Benedito alerta, no entanto, para o risco de desinformação alimentar com a mudança. Algumas marcas utilizam estratégias que promovem os seus produtos como mais saudáveis, influenciando as escolhas dos consumidores.
O site da Mimosa, por exemplo, descreve o leite inteiro como “ideal para quem procura todo o sabor e riqueza nutricional do leite”. A especialista sublinha: a literacia alimentar é essencial para uma escolha informada.
Nesta conformidade, o leite meio-gordo (ainda com esta designação), deveria chamar-se de leite meio-inteiro e o leite magro de leite partido (não é inteiro nem meio-inteiro)…
Outra vez a porcaria dos woke com estas ideias “geniais”. Porra!