O chefe dos serviços de informações de Israel reconheceu esta segunda-feira que os serviços de segurança interna “falharam na proteção” dos cidadãos israelitas durante os ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023.
Ronan Bar disse ao jornal israelita Haaretz que os ataques “podiam ter sido evitados”.
“Todos sentimos o erro, todos sentimos que o poderíamos ter evitado. Como chefe da organização responsável pelas atividades da organização, sinto-o talvez mais do que qualquer outra pessoa”, disse Bar, que reconheceu ter havido uma falha do Shin Bet na proteção dos israelitas durante os ataques.
O responsável afirmou que as autoridades “estão a investigar em profundidade o papel do Shin Bet nos ataques do Hamas a 7 de outubro e prometeu corrigir o que precisa de ser corrigido. “É uma investigação dolorosa e significativa”, frisou.
Também o Hamas, em janeiro deste ano, confessou alguns erros cometidos nos ataques que protagonizou nesse dia.
Num comunicado divulgado e citado pela agência France-Presse (AFP) o movimento islamita referiu que no “caos” em torno da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza, “talvez tenham sido cometidos erros”.
“Evitar ferir os civis, em particular as crianças, as mulheres e os idosos, é uma obrigação religiosa e moral dos combatentes das brigadas al-Qassam”, sublinha, referindo-se ao seu braço armado.
Reféns continuam a ser prioridade
“O nosso dever é proteger o povo de Israel, é o nosso dever para com os caídos. Sem confiança nas instituições do Estado e nos seus filhos não temos o direito de existir”, disse, acrescentando que o papel dos serviços de informações na ofensiva contra o Hamas “ainda não terminou”.
“Não descansaremos enquanto não conseguirmos o regresso dos 128 reféns e dos quatro que lá estavam antes”, explicou, referindo-se aos raptados durante os ataques que ainda se encontram detidos em Gaza — alguns dos quais terão morrido — e a outros quatro israelitas detidos pelo Hamas antes do início do conflito que ainda decorre.
A este respeito, Bar insistiu que as autoridades estão a trabalhar para recuperar “os que estão vivos e os que não estão”, tal como já tinha sido noticiado pelo jornal Times of Israel.
Esta segunda-feira, Ronan Bar e o chefe do Exército israelita, Herzl Halevi, disseram ao Supremo Tribunal que se opunham a uma revisão da conduta das forças de segurança durante o conflito por parte do auditor do Estado de Israel, Matanyahu Englman, afirmando que o procedimento pode prejudicar os esforços militares em Gaza.
Os advogados que representam o Estado afirmaram que toda a informação relevante, incluindo material confidencial, deve ser apresentada ao tribunal para uma compreensão completa do impacto desta revisão durante um conflito em curso, referindo-se à ofensiva contra a Faixa de Gaza.
Israel lançou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza na sequência dos ataques do Hamas que causaram cerca de 1.200 mortos e quase 240 raptados.
A ofensiva militar contra Gaza causou até agora mais de 35.000 mortos palestinianos, segundo as autoridades de Gaza controladas pelo Hamas, além de mais de 480 mortos das forças israelitas ou em ataques de colonos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
ZAP // Lusa
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Toda a gente sabe que Israel queria lançar mais um ataque sobre Gaza. A “falha” do dia 7 foi a desculpa que precisavam.