/

Irmandade de Braga exigiu “donativo” de 10 mil euros para aceitar idosa no lar

6

A filha de uma utente do lar de idosos da Irmandade de Santa Cruz, em Braga, denunciou esta quinta-feira que em 2018 teve de pagar um “donativo” de 10 mil euro por uma vaga, contrariando uma acusação do Ministério Público.

O Ministério Público (MP) acusou um ex-provedor daquela irmandade de “solicitar ou exigir” o pagamento de quantias monetárias para a admissão de utentes para o lar de idosos, mas indicava que este procedimento terminou em 2017, após a entrada do novo provedor.

Em fevereiro de 2018, porém, e segundo contou à Lusa Maria Pereira Reis, a irmandade pediu-lhe um donativo de 10 mil euros como contrapartida de vaga para a admissão da mãe no lar. “A diretora técnica disse-me que havia vaga para a minha mãe, na condição de aceitar as condições deles. E as condições passavam por fazer um donativo de 10 mil euros, alegadamente destinada a melhorar a qualidade dos serviços prestados”, afirmou.

A Lusa teve acesso ao recibo emitido pela irmandade, que dá conta de um “donativo” de 10.001,54 euros. Outra condição era o pagamento de uma mensalidade de 700 euros.

A filha manifestou-se convencida de que o seu não deverá ser “nem pouco mais ou menos um caso único”. Adiantou que a família se prepara para avançar com uma queixa no Ministério Público contra a irmandade, por alegados “atropelos constantes” à lei.

Segundo a acusação, a que a Lusa teve acesso, a Irmandade é igualmente arguida no processo. O MP imputa a ambos os arguidos um crime de corrupção passiva no setor privado. A acusação diz que a partir de 2017, e já com o atual provedor, a diretora técnica deixou de sugerir a entrega de quaisquer quantias, porque o novo responsável “deixou também de emitir ordens nesse sentido”.

A Lusa tentou ouvir o atual provedor, Luís Rufo, mas sem sucesso até ao momento.

No processo que envolve o anterior provedor, o Ministério Público diz que, com a “exigência” de donativos, a irmandade atuou “à revelia de todos os imperativos legais”.

Aponta o caso de 12 utentes, que terão pago entre 7.500 e 40 mil euros para garantirem um lugar no lar. Com essa “atividade criminosa”, acrescenta a acusação, a irmandade conseguiu uma vantagem patrimonial de 297.500 euros, valor que o Ministério Público quer que o ex-provedor e a irmandade sejam condenados a pagar ao Estado.

// Lusa

6 Comments

  1. Irmandade “santa”!…
    Estas máfias religiosas tem uma tendência para a vigarice e para adorar o dinheiro, que continua a surpreender!…

      • Revela principamente que as instituições com palavra “Santa” no nome não são de fiar e, em alguns casos, são mesmo o oposto de “santos”!!

  2. Infelizmente não é caso único, existe também noutras instituições do país. A mim foi “sugerido” que um donativo ajudava à criação de uma vaga para a minha mãe no lar em questão….e deve acontecer a muita gente quando necessita desse tipo de apoio por este país fora….

  3. Este é um caso de corrupção praticamente generalizada. Mas há outros casos e outras instituições onde a corrupção é tanta ou mais. Por exemplo, entre o Hospital de Braga, entenda-se, entre funcionários do Hospital de Braga e a RCNNI (Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados), entenda-se, e funionários da RCNNI, há um esquema montado que lesa o Estado em milhares de euros anuais. Só não vê quem não quer. As práticas de tais abusos são miudinhas e passam despercebidas, mas vão desde o tempo de permanência e o tempo que é faturado até outras coisas mais sofisticadas Há um gang de assistentes sociais e pessoal de enfermagem, uns dentro outros fora do hospital, em que cada um, dando uma imagem imaculada, conseguem extorquir ao Estado pelo menos milhares de euros, enquanto o povo sofre e é maltratado. Veja-se o património de tais assistentes e tal enfermagem. A coisa começa de uma maneira singular: há pessoas que as famílias não querem e que conseguem fazê-las internar com pseudodoenças (o que quer dizer sem doença alguma) contando para isso com a corrupão de pessoas bem colocadas dentro do hospital (chefias de enfermagem, conivência do pessoal médico…), permanecem no hospital algum tempo e depois há no exterior, nos tais RCNNI, quem dê continuidade à fraude. E é Portugal no seu melhor.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.