Pelo menos 22 manifestantes foram mortos hoje numa cidade do sul do Iraque, Nassiriya, que está cercada por forças de segurança devido aos confrontos entre polícias e grupos de protesto, avançaram hoje fontes médicas locais.
Este número indica que o dia de hoje foi um dos mais mortais desde 1 de outubro, quando começaram os protestos no Iraque para pedir a “queda do regime”, numa altura em que se assinala o primeiro ano do novo executivo iraquiano, que implementou uma série de reformas económicas alvo de contestação.
De acordo com o balanço feito pelos médicos, ficaram também feridas 180 pessoas.
Na capital, Bagdad, a manhã também foi de confrontos violentos, tendo resultado na morte de quatro manifestantes e deixando feridas outras 22 pessoas, segundo disseram à agência de notícias Associated Press polícias sob anonimato.
Segundo as autoridades, as forças de segurança dispararam hoje contra vários manifestantes que tentavam escalar as barricadas na ponte Ahrar, na capital do Iraque.
As três pontes estratégicas de Bagdad – Jumhuriya, Sinak e Ahrar –, que levam à praça onde se localiza o Governo do Iraque, estão ocupadas por manifestantes num impasse com as forças de segurança.
A violência no sul do Iraque durante a noite de quarta-feira resultou na morte de pelo menos 18 pessoas, tendo os manifestantes bloqueado estradas e entrado em conflito com as forças polícias e militares, que reforçaram a sua presença nas províncias mais ricas em petróleo.
Também na quarta-feira, os manifestantes destruíram o consulado iraniano na cidade de Najaf e pelo menos 33 pessoas ficaram feridas quando a polícia disparou munições reais para impedir as pessoas de entrarem no edifício, tendo sido declarado um recolher obrigatório depois do incidente.
O Irão apresentou hoje um protesto e pediu ao Iraque que tome medidas decisivas contra os “agressores” do edifício do consulado na cidade xiita de Najaf.
Também a embaixada dos Estados Unidos protestou hoje contra uma decisão recente do regulador da comunicação social do Iraque por ter suspendido nove canais de televisão e pediu que a decisão seja revertida.
A licença do canal local Dijla TV foi suspensa na terça-feira por cobrir os protestos, tendo o edifício onde funciona a estação sido fechado e confiscados os equipamentos, segundo denunciou um outro canal que também está a ser ameaçado.
Mais de 350 pessoas foram mortas e 15.000 feridas, na sua maioria manifestantes, desde o início de outubro, segundo fontes médicas e de segurança.
A contestação decorreu até agora em duas fases. A primeira, entre 1 e 6 de outubro provocou, segundo números oficiais, 157 mortos, quase todos manifestantes. A segunda começou no dia 23 à noite, por ocasião de uma importante peregrinação xiita.
// Lusa