Irão “não teve escolha” – a ONU é que “falhou” nos seus deveres

Atef Safadi / EPA

Irão ataca Israel

O Irão diz que “não teve escolha”, para o ataque a Israel, e acusa a ONU de falhar “no seu dever de manter a paz e a segurança internacionais”. Emmanuel Macron admitiu que França efetuou interceções a pedido da Jordânia.

A França intercetou mísseis e drones iranianos apontados a Israel no sábado à noite, a pedido da Jordânia.

A informação foi confirmada esta segunda-feira, pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, que diz estar a “fazer tudo o que for possível para evitar uma conflagração” no Médio Oriente.

“Temos uma base aérea na Jordânia (…). O espaço aéreo jordano foi violado por estes ataques. Enviámos os nossos aviões para o ar e intercetámos o que tínhamos de intercetar”, declarou aos canais BFMTV-RMC.

Macron disse ainda que, ao decidir “atacar Israel” a partir do seu território, o Irão provocou uma “rutura profunda”.

Irão “não teve outra escolha”

Contudo, o Irão responsabiliza a ONU e alega que “não teve outra escolha” senão exercer o seu direito à autodefesa”.

“O Conselho de Segurança [da ONU] falhou no seu dever de manter a paz e a segurança internacionais” ao não condenar o ataque de 1 de abril contra o consulado iraniano em Damasco, na Síria – disse o embaixador iraniano nas Nações Unidas, Amir Saeid Jalil Iravani, num Conselho de Segurança convocado após o ataque de Teerão sem precedentes contra Israel.

“Sob estas condições, a República Islâmica do Irão não teve outra escolha senão exercer o seu direito à legítima defesa”, sublinhou, citado pela agência France-Presse, garantindo que Teerão não queria uma escalada, mas responderia a “qualquer ameaça ou agressão”.

País “não procura guerra”, mas… “se”…

Citado pela agência EFE, Iravani assegurou que o Irão “não procura escalada ou guerra na região” do Médio Oriente, mas “não hesitará em responder a qualquer ameaça ou agressão, de acordo com o direito internacional“.

O embaixador deixou também muito claro que o Irão “não tem intenção de entrar em conflito com os Estados Unidos na região”, e de facto – sublinhou – o seu país demonstrou “compromisso com a paz e a contenção” depois de demonstrar o envolvimento dos EUA na interceção de drones e mísseis iranianos.

Agora, se os Estados Unidos iniciarem uma operação contra cidadãos ou interesses iranianos, o Irão usará o seu “direito inerente de responder proporcionalmente”, alertou Amir Saeid Jalil Iravani.

Guterres pede saída do abismo

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a população do Médio Oriente enfrenta o perigo real de um “conflito devastador em grande escala” e apelou à “máxima contenção”, frisando que “é hora de recuar do abismo”.

Numa reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU convocada por Israel para abordar o ataque iraniano de sábado, Guterres alertou que os civis já estão a “suportar o peso e a pagar o preço mais elevado”.

“É hora de recuar do abismo. (…) É vital evitar qualquer ação que possa conduzir a grandes confrontos militares em múltiplas frentes no Médio Oriente”, apelou.

O líder das Nações Unidas reforçou que a paz e a segurança regionais – mas também “globais”- estão a ser minadas e que nem a região, nem o mundo, podem permitir-se mais guerras.

A mensagem de contenção do ex-primeiro-ministro português foi reforçada com o lembrete de que o Direito internacional proíbe “ações de retaliação que incluem o uso da força”.

O apelo de Guterres parece dirigido tanto ao Irão – que justificou o ataque de sábado como um ato de retaliação pelo bombardeamento do seu consulado em Damasco – quanto a Israel, que já disse que se reserva o direito de resposta aos ataques iranianos.

O Irão lançou, este fim-de-semana, um ataque contra Israel, com recurso a mais de 200 drones, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos, a grande maioria intercetados, segundo o Exército israelita.

O ataque surgiu depois de um bombardeamento ao consulado iraniano em Damasco, em 1 de abril, que matou sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios, aumentando as tensões entre Teerão e Telavive, já marcadas nos últimos tempos pela ofensiva de Israel na Faixa de Gaza.

ZAP // Lusa

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