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Irão continua a produzir urânio enriquecido, afirma ONU

Georg Hochmuth / EPA

Reunião em Viena, Áustria, para negociações sobre o futuro do programa nuclear do Irão

A Agência Internacional de Energia Atómica afirma que o Irão continua a produzir urânio. Recorde-se que o país retomou a produção depois de Trump ter abandonado o acordo nuclear.

O Irão continua a produzir urânio que pode ser usado em bombas nucleares, indicou hoje a Agência Internacional de Energia Atómica fornecendo informações que podem afetar as negociações com vista à recuperação do acordo internacional de 2015.

O último relatório da Agência Internacional de Energia Atómica foi distribuído hoje em Viena aos representantes dos países que tentam restabelecer o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano.

O diretor-geral do organismo das Nações Unidas, Rafael Mariano Grossi, refere que os inspetores da agência “confirmaram” no sábado que o Irão produziu 200 gramas de urânio enriquecido até 20%.

Grossi tinha indicado em fevereiro que os inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica tinham detetado a produção de urânio enriquecido (3,6 gramas) produzido na central iraniana de Isfahan.

A produção está proibida pelo acordo de 2015 (Joint Comprehensive Plan of Action – JCPOA) que previa, entre outros aspetos, incentivos económicos ao Irão em troca de limitações ao programa nuclear, para impedir o desenvolvimento de uma bomba nuclear.

O Irão insiste que não está interessado na produção de armamento nuclear e que a produção de urânio está enquadrada no programa civil.

Os países europeus que constituem o JCPOA disseram, no princípio do ano, que estavam “muito preocupados” com a produção de urânio, sublinhando que o Irão não tem necessidades civis deste material e que o programa de Teerão tem como objetivo o “desenvolvimento de uma arma nuclear”.

Os Estados Unidos abandonaram em 2018, durante a Administração Trump, o acordo de forma unilateral, argumentando ser necessária uma renegociação.

Desde 2018 que o Irão tem violado o acordo, pressionando ao mesmo tempo os restantes signatários do tratado (Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China) contra as sanções económicas que os Estados Unidos voltaram a impor ao país.

Os países europeus, a Rússia e a República Popular da China têm desenvolvido esforços para preservar o acordo original.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, garantiu que os Estados Unidos querem recuperar o acordo sob a condição de o Irão respeitar as restrições. Teerão impõe como condição a retirada das sanções por parte dos Estados Unidos.

A última reunião, realizada em junho em Viena, não alcançou resultados e a nova ronda ainda não tem uma data marcada.

Na sequência dos relatórios da Agência Internacional de Energia Atómica sobre a produção de urânio, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, disse que as ações do Irão “não são construtivas“.

“O Irão não tem necessidades credíveis para produzir urânio, que tem uma relevância direta com o programa de armamento nuclear”, afirmou Price.

“Tais escaladas não vão proporcionar ao Irão poder de negociação nas conversações no sentido do regresso ao cumprimento do JCPOA e apenas levam a um maior isolamento do Irão”, disse.

“Os avanços do Irão influenciam nossa visão de regresso ao JCPOA”, acrescentou, sugerindo que os Estados Unidos podem voltar à pressão.

“Não estamos a impor um prazo para o fim das negociações, mas essa ‘janela de oportunidade’ não vai ficar aberta indefinidamente”, alertou Ned Price.

LUSA //

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