Estudo da DECO PROteste mostra que quase metade dos portugueses paga a consulta do seu próprio bolso e apenas 2% recorre ao SNS. Nova medida vai dar consultas gratuitas a maiores de 60 anos.
Em junho de 2024, a DECO PROteste levou a cabo um questionário sobre saúde oral a uma amostra da população entre os 18 e os 74 anos, com 849 respostas válidas. “O objetivo foi verificar o acesso a cuidados dentários e os respetivos custos, bem como a satisfação com o dentista”, escreve-se no site.
De acordo com o JN, o artigo será publicado na edição de dezembro/janeiro e chama-se “O Sorriso tem Preço”. A conclusão foi que “o recurso ao dentista continua a ser um luxo, reservado a quem o pode pagar”.
45% dos portugueses afirmam pagar as consultas do seu próprio bolso e apenas 2% recorrem ao SNS. Devido ao questões financeiras, 17% dos inquiridos desistiu de marcar uma consulta, o que resultou, para um quarto dessas pessoas, em consequências graves para a saúde.
“Os inquiridos com orçamentos familiares mais curtos são, claro, os que têm maior dificuldade em atingir os mínimos: 52% não vai ao dentista e 39% nunca o faz sem dores ou outro problema nos dentes”, explica o artigo.
Mesmo um quinto dos portugueses que têm uma situação financeira mais estável não segue a regularidade recomendada de consultas, e 7% nunca faz consultas de rotina.
O SNS também não tem impacto na saúde oral: “Se em 2018 apenas 6% dos inquiridos conseguiu vaga, agora foram ainda menos (2%)“, conclui o estudo.
“Em nome dos consumidores, a DECO PROteste exige que se dote o Serviço Nacional de Saúde (SNS) de recursos humanos suficientes para responderem às necessidades da população. Mais: o Governo deverá criar a carreira especial de medicina dentária no SNS, para valorizar os profissionais e incentivar a sua fixação”, lê-se no website.
A plataforma pede ainda a integração da medicina dentária na estrutura das Unidades Locais de Saúde. “Os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) devem permitir a criação de novos consultórios de saúde oral no SNS e contribuir para a equidade de acesso no País”, escreve ainda a DECO.
Uma das medidas anunciadas esta semana pelo governo vem, no entanto, ao encontro desta necessidade de cuidados de saúde orais.
Como noticia o Expresso, está a ser criada uma medida de saúde oral gratuita, incluída nos planos municipais de envelhecimento ativo e saudável, e que pode abranger mais de 500 mil pessoas: a partir de agora, maiores de 60 anos que necessitem de cuidados deste tipo vão poder receber consultas gratuitas no dentista.
Primeiro, será feito um diagnóstico ao estado de saúde oral da população desta faixa etária em cada município.
O objetivo é depois usar os cheques-dentista do SNS, que permitem ter acesso a alguns tratamentos gratuitos, mas que não cobrem tudo, e o resto do tratamento é, então, pago pelo próprio município.