“Insulto e canalhice”. Manuel Alegre ataca declarações de Constança Urbano de Sousa contra João Cravinho

Mário Cruz / Lusa

O histórico socialista Manuel Alegre considera que as palavras da deputada socialista Constança Urbano de Sousa contra João Cravinho “foram um insulto, uma canalhice e uma falta de respeito por pessoas que tiveram um papel histórico no partido”.

O ex-ministro das Obras Públicas João Cravinho, que criou um Plano Anticorrupção em 2006, garantiu, em entrevista ao Polígrafo SIC, que este só não avançou porque o então primeiro-ministro José Sócrates não quis.

“A visão política, a convicção política, os atos políticos de José Sócrates, como primeiro-ministro e como secretário-geral do Partido Socialista, que era a obrigação dele ao Parlamento… A visão política dele era de não combate à corrupção“, assegurou

Depois desta entrevista, a vice-presidente da bancada do PS, Constança Urbano de Sousa, disse que o ex-ministro “deve estar com a memória um pouco afetada”. A deputada socialista argumenta que o pacote Cravinho “foi praticamente todo concretizado” e o PS não tem de ter vergonha nem medo, mas antes “muito orgulho” de falar sobre corrupção.

Também Ana Catarina Mendes, líder do grupo parlamentar do PS, disse, no programa da TVI “Circulatura do Quadrado” que as declarações de Cravinho eram “injustas” e assegurou que as coisas não aconteceram assim.

Agora, em declarações ao semanário Expresso, Manuel Alegre disse que as palavras de Constança Urbano de Sousa “foram um insulto, uma canalhice e uma falta de respeito por pessoas que tiveram um papel histórico no partido”.

“Eu também me senti insultado”, explicou Alegre, confessando-se “muito mal disposto”. “Isto é uma falta de respeito imprópria da vida democrática“, atirou.

Para o ex-deputado e ex-candidato presidencial, a proposta lançada pela Associação Sindical dos Juízes para criminalizar a ocultação de riqueza dos titulares de cargos políticos sem inverter o ónus da prova não lhe parece mal e espera que “o PS e os outros partidos que lá estão” no Parlamento assumam o seu papel.

Manuel Alegre mostrou-se, por outro lado, descrente do atual estado dos partidos e disse que “a qualidade do pessoal político foi-se degradando e hoje está-se mais preocupado em agradar ao chefe, porque sobem ao governo os que estão de acordo com o chefe. Quase bastava haver uma primeira linha em cada bancada”.

Maria Campos, ZAP //

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