Cientistas descobrem que a insulina não é a única salvação dos diabéticos

A insulina é mesmo a única alternativa para balançar os níveis de açúcar no sangue de pacientes com diabetes tipo 1? Um novo estudo sugere que não.

Normalmente, o pâncreas é capaz de produzir insulina em quantidades suficientes, permitindo que a hormona atue no equilíbrio dos níveis de açúcar no sangue. Os pacientes com diabetes tipo 1 não produzem insulina suficiente, pelo que necessitam de injeções diárias para manter os níveis de açúcar estáveis.

Quando não está controlada, a diabetes pode causar danos nos nervos, doenças cardíacas e cegueira. Mas algumas pessoas não a controlam devidamente devido à sua aversão a agulhas. Os comprimidos de insulina resolveriam esse problema, sendo também mais fáceis de armazenar e transportar do que as ampolas.

Os comprimidos estão em desenvolvimento há décadas. Embora contenham elevadas doses de insulina, têm um baixo nível de absorção – grande parte da insulina perde-se no estômago.

Investigadores do Walter and Eliza Hall Institute (WEHI), em Melbourne, na Austrália, acreditam ter encontrado uma alternativa à insulina. As descobertas da equipa de cientistas é um avanço significativo na criação de um comprimido contra a diabetes.

Os autores demonstraram com sucesso como uma molécula pode imitar a insulina, de acordo com o SciTechDaily. Assim, a confirmar-se, moléculas alternativas podem ser usadas para ativar a captação de glicose no sangue, descartando a necessidade de insulina. O estudo foi publicado na revista Nature Communications.

“Desde a descoberta da insulina há 100 anos, o desenvolvimento de um comprimido de insulina tem sido um sonho para os investigadores da diabetes, mas, após décadas de tentativas, houve pouco sucesso”, disse o coautor do estudo Nicholas Kirk.

Em setembro do ano passado, uma equipa de investigadores da Universidade de Colúmbia Britânica, no Canadá, descobriu que a última versão dos seus comprimidos orais de insulina é absorvida, em ratos, da mesma forma que a insulina injetada.

Os resultados mostram que “estamos no caminho certo” para desenvolver uma “formulação de insulina que não precisará de ser injetada, melhorando a qualidade de vida e a saúde mental de mais de nove milhões de diabéticos do tipo 1 em todo o mundo”, disse na altura a investigadora principal, Anubhav Pratap-Singh.

Antes disso, em 2018, uma equipa de cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, já tinha administrado com sucesso insulina por via oral em cobaias.

A investigação científica subiu dramaticamente de parada com o desenvolvimento da microscopia crioeletrónica, uma nova tecnologia que pode visualizar moléculas a um detalhe atómico, permitindo gerar imagens 3D.

O novo estudo mostra como uma molécula que imita a insulina atua no recetor de insulina e ativa-o. Este é um primeiro passo importante para conseguir que as células absorvam a glicose quando os níveis de açúcar estão demasiado altos.

A descoberta da equipa de investigadores da Austrália pode levar a um medicamento para substituir a insulina, terminando com a necessidade de injeções.

Daniel Costa, ZAP //

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