Comprimidos de insulina podem substituir injeções no tratamento da diabetes

Daniel Castellano / SMCS

Uma equipa de investigadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, descobriu que a última versão dos seus comprimidos orais de insulina é absorvida nos ratos da mesma forma que a insulina injetada.

Os resultados mostram que “estamos no caminho certo” para desenvolver uma “formulação de insulina que não precisará de ser injetada, melhorando a qualidade de vida e a saúde mental de mais de nove milhões de diabéticos do tipo 1 em todo o mundo”, disse a investigadora principal, Anubhav Pratap-Singh, citada pelo Freethink.

A insulina é uma hormona que o corpo utiliza para converter o açúcar no sangue em energia. Os indivíduos com diabetes do tipo 1 não a produzem em quantidade suficiente, necessitando de injeções regulares de insulina sintética para manter os níveis de açúcar estáveis.

Quando não está controlada, a diabetes pode causar danos nos nervos, doenças cardíacas e cegueira. Mas algumas pessoas não a controlam devidamente devido à sua aversão a agulhas. Os comprimidos de insulina resolveriam esse problema, sendo também mais fáceis de armazenar e transportar do que as ampolas.

Os comprimidos estão em desenvolvimento há décadas. Embora contenham elevadas doses de insulina, têm um baixo nível de absorção – grande parte da insulina perde-se no estômago.

“Para a insulina injetada precisamos normalmente de 100iu por dose”, disse Yigong Guo, o primeiro autor do estudo, publicado recentemente na Scientific Reports. “Outros comprimidos que estão a ser desenvolvidos e que vão para o estômago podem precisar de 500iu de insulina, que é na sua maioria desperdiçada”, explicou.

Para evitar que se decomponham no estômago, a equipa criou um comprimido que é dissolvido entre a gengiva e a bochecha, não precisando de ser engolido.

Em testes com ratos, os investigadores descobriram que quase 100% da insulina dissolúvel chegou ao fígado e quase nenhuma foi encontrada no estômago. Esta insulina também tinha uma ação mais rápida do que outros comprimidos em desenvolvimento, que tendem a libertar insulina lentamente durante várias horas.

“Semelhante à injeção de insulina de ação rápida, os nossos comprimidos absorvem após meia hora e podem durar entre duas a quatro horas”, disse o investigador Alberto Baldelli.

Embora seja necessária mais investigação e financiamento para que os comprimidos cheguem aos ensaios clínicos, a equipa espera que possam um dia tornar o tratamento da diabetes mais simples, mais barato e mais sustentável. “Mais de 300 mil canadianos têm de injetar insulina várias vezes ao dia”, disse Pratap-Singh.

Entretanto, investigadores de Abu Dhabi também estão a desenvolver um sistema de administração oral de insulina que utiliza “nanosheets” para proteger a hormona no estômago. Já uma equipa da Universidade do Texas está a criar uma injeção de insulina para pessoas com diabetes tipo 2 que pode ser administrada semanalmente.

Há ainda um tratamento com células estaminais, desenvolvido pela empresa biofarmacêutica Vertex Pharmaceuticals, com sede em Boston, que curou permanentemente um homem com diabetes tipo 1, pondo fim à sua necessidade de qualquer insulina sintética, oral ou injetada.

Taísa Pagno //

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