De surpresa e numa operação de minutos, a Índia destruiu esta quarta-feira um satélite de órbita baixa no Espaço, recorrendo a um míssil. Para o primeiro-ministro indiano, o feito afirma o seu país como uma “potência espacial” global.
A operação, batizada de Mission Shakti (“força” em hindi), foi levada a cabo por uma agência de investigação militar indiana, a DRDO, que lançou o míssil anti-satélite a partir de uma ilha próxima ao estado de Odisha, a leste do país, noticia a agência Reuters.
“Os nossos cientistas destruíram um satélite de órbita baixa a uma distância de 300 quilómetros”, declarou o líder do Executivo indiano, Narendra Modi.
No seu primeiro discurso exibido na televisão desde 2016, o governante dirigiu-se à nação, declarando o sucesso da missão, dando conta que esta é uma “conquista sem precedentes”, que coloca o seu país como uma “potência espacial”. O anúncio e a missão ocorreram a apenas duas semanas das eleições legislativas neste país do sul da Ásia.
Com esta operação, que durou três minutos, a Índia juntou-se aos Estados Unidos, à China e à Rússia na lista dos poucos países do mundo capazes de destruir um satélite com um míssil. Apesar do feito, o líder do Executivo indiano garante que a nação por si governada não tem como objetivo criar uma atmosfera de guerra.
“O nosso objetivo é estabelecer a paz e não criar uma atmosfera de guerra. [Esta operação] não está direcionado contra nenhum país”, completou Modi no discurso, que não foi anunciado com antecedência. “É um momento de orgulho para a Índia”, frisando qe o país une-se assim às “super-potências do espaço”. Antes da Índia, a China tinha sido o último país a executar uma operação deste tipo, em 2007.
Apesar de o satélite destruído ser propriedade de Índia, toda a missão comporta questões polémicas, envolvendo preocupações políticas, militares e científicas.
No que respeita ao Espaço, a destruição de satélites com míssil tem o inconveniente de projetar milhares de fragmentos em grande velocidade na órbita terrestre, representando um perigo para outros objetos espaciais, apontam os especialistas.
Contudo, o ministério das Relações Exteriores descartou este problema: “O exercício aconteceu numa atmosfera baixa para assegurar que não houvesse detritos espaciais. Quaisquer que sejam os resíduos gerados, desintegrar-se-ão e devem cair na Terra em algumas semanas”, afirmou o órgão do Governo.
Tal como observa a agência AFP, a militarização do Espaço é outro assunto que preocupa muitos especialistas, uma vez que os satélites são fundamentais para as telecomunicações, ajudando também a acompanhar eventos meteorológicos e a fornecer informações de cariz militar. Esta preocupação foi também rebatida pelo Governo indiano.
“A Índia não tem nenhuma intenção de entrar na corrida de armamento espacial”. “Sempre declarámos que o Espaço deve ser utilizado apenas com fins pacíficos”.
Tal como recorda a CNN, o programa espacial da Índia têm crescido substancialmente na última década. Em 2014, o país pôs um satélite em órbita em torno de Marte e a agência espacial indiana anunciou entretanto que irá enviar uma missão tripulada ao espaço nos próximos três anos, observa a emissora norte-americana.
De acordo com a Popular Mechanics, que frisa o fator surpresa da missão, a Índia conduziu nesta missão um teste à sua nova arma espacial. O mesmo portal destaca que, até então, o país não tinha demonstrado publicamente a intenção de desenvolver e/ou testar um sistema de armas anti-satélite. Este foi um “teste surpresa”, pode ler-se.
Provocação para a China e o Paquistão?
Apesar de o Governo ter reiterado que o teste se destina à defesa e segurança da Índia, a missão poderá ser vista pelo Paquistão e pela China como uma provocação.
É conhecida a escalada de tensão entre a Índia e o Paquistão, que disputam a região de Caxemira. Recentemente, os países “trocaram” ataques aéreos e acusações. A Índia ameaçou ainda cortar cursos de água que fluem para o Paquistão.
Importa ainda frisar que o Paquistão tem vários satélites em órbita, entres os quais está um que foi lançado o ano passado com a ajuda da China.
Prova da tensão entre estes países está a rápida reação do Paquistão ao feito “sem precedentes” da Índia. Em comunicado citado pela CNN, um porta-voz do Ministério paquistanês das Relações Exteriores afirmou que “gabar-se de tais capacidades lembra a inclinação de Dom Quixote contra os moinhos de vento”, sugerindo que as autoridades indianas estariam a combater inimigos imaginários.
“O espaço é património comum da humanidade e cada país tem a responsabilidade de evitar ações que possam levar à militarização desta arena”, refere a mesma nota.
As armas anti-satélite, como o míssil que a Índia testou esta semana, são capazes de atacar satélites inimigos, bloqueando-lhes as comunicações ou destruindo-os. O armamento também pode fornecer uma base tecnológica para o desenvolvimento de capacidades de defesa de mísseis balísticos.
O anúncio do Governo ocorreu no momento em que o primeiro-ministro aspira obter um segundo mandato de cinco anos nas eleições que arrancam a 11 de abril. 900 milhões de eleitores serão chamado às urnas, num ambiente de descontentamento crescente devido ao desemprego e à queda de salários entre os trabalhadores rurais e agricultores. Os resultados serão anunciados a 23 de maio.
Muitos políticos indianos celebraram o avanço tecnológico e felicitaram as agências governamentais, ao passo que os rivais de Modi acusaram o político de ter utilizado o momento como propaganda eleitoral.
O povo morre à fome e o governo “estoura” dinheiro em armamento…
O mundo é um lugar muito perigoso. Só tem gente doida.
é verdade. lamentavelmente, angustia tanta forma ridícula de agir. é tão mau mas mesmo tão mau que deixa tristeza no ar. mas é em todo o planeta a mesma história, os egos e as lutas, a exteriorização do vazio interior.
A mania das pessoas dizerem, “isto é meu”, “património da humanidade”, até existe um tipo americano que diz que é dono da lua…que pensamento miserável. O planeta terra não pertence ao Trump, não pertence à Rainha de Inglaterra, não pertence a ninguém! E claro está que o espaço também não pertence à humanidade, não é pertença de ninguém, e assim deve continuar!