A Polícia Federal anunciou que o incêndio que destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, no Brasil, em setembro do ano passado, começou num aparelho de ar condicionado localizado no auditório no rés-do-chão do edifício.
A conclusão faz parte de um relatório sobre o incêndio, no qual peritos constataram, também, a existência de falhas no sistema de prevenção de incêndios no museu. Segundo os peritos, o sistema de controlo dos detetores de fumo não estava acionado, não havia portas corta-fogo e o sistema interno de câmaras de segurança era ineficiente.
O relatório foi formulado a partir do trabalho de nove peritos da Polícia Federal de diferentes estados e de agentes que participaram da investigação. O incêndio começou por volta das 19h30 (23h30 em Lisboa) de 2 de setembro e não houve registo de vítimas.
O Museu Nacional do Rio de Janeiro perdeu praticamente todo o seu património histórico, científico e cultural na sequência do incêndio. Fundado pelo rei D. João VI, de Portugal, era o espaço museológico mais antigo e um dos mais importantes do Brasil.
Entre as peças do acervo estavam a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Pedro I, e o mais antigo fóssil humano encontrado no país, batizado de “Luzia”, com cerca de 11.000 anos.
Entre os milhões de peças que retratavam os 200 anos de história brasileira estavam, igualmente, um diário da imperatriz Leopoldina e um trono do Reino de Daomé, dado em 1811 ao príncipe regente português João VI.
O Museu Nacional do Rio de Janeiro era o maior museu de História Natural e Antropologia da América Latina e o edifício tinha sido residência da família Real e Imperial brasileira. O acervo tinha ainda o maior e mais importante acervo indígena e uma das bibliotecas de antropologia mais ricas do Brasil.
A instituição, ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro, era alvo de cortes orçamentais há pelo menos três anos. Com a grave crise económica e política, os investimentos destinados para a instituição foram sendo reduzidos drasticamente, especialmente em 2018.
Apesar da falta de investimento, os alertas sobre a degradação do edifício começaram já há mais de uma década. Relatos sobre risco de fogo, infiltrações, inundações e até queda de gesso sobre os funcionário do Museu Nacional foram-se multiplicando.
Já em 2004 havia preocupações que um incêndio pudesse deflagrar e consumir o edifício. Relatórios da Biblioteca do Museu e alertas do próprio diretor do Museu já davam conta da degradação e dos graves problemas de manutenção.
ZAP // Lusa