Secretário-geral do PS acha que Margarida Blasco não deveria “voltar atrás” horas depois de ter dito o contrário. Mas quando era ministro…
O assunto do dia são as eleições presidenciais nos EUA, ou até a “revolução” que a Digi trouxe para o mercado das telecomunicações em Portugal.
Mas na política nacional surgiu uma nova “novela”, que foi iniciada no domingo passado dentro do Ministério da Administração Interna.
No mesmo dia, a ministra Margarida Blasco disse que o direito dos polícias à greve iria ser discutido em Janeiro, mas horas depois um comunicado do próprio Ministério da Administração Interna assegurou que “a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve”.
Pedro Nuno Santos ficou incomodado. O líder do PS disse que “no trabalho de qualquer político, e de um ministro em particular, é fundamental saber comunicar com as pessoas, com a população”.
Neste caso, sobre o direito dos polícias à greve, “num dia diz-se uma coisa e passado umas horas volta-se atrás. Isto é inaceitável do ponto de vista do exercício de funções governativas”, atirou.
Mas o agora secretário-geral do PS já foi ministro, já teve no “exercício de funções governativas”. Mais concretamente, foi ministro das Infraestruturas e da Habitação.
Nesse contexto, deixou aquela crítica até com conhecimento de causa – porque já lhe aconteceu o mesmo. Nessa altura até com outro impacto.
Em Junho de 2022, quando era ministro no Governo liderado por António Costa, um despacho de Pedro Nuno foi revogado pelo primeiro-ministro no dia seguinte.
O então ministro das Infraestruturas anunciou num dia um plano para a construção de um aeroporto em Alcochete para, logo a seguir, o primeiro-ministro António Costa (num comunicado oficial) determinar a revogação do despacho do seu ministro.
Pedro Nuno Santos assumiu na altura “erros de comunicação” com o Governo – a crítica que agora aponta ao Governo da AD.
Mas, nas mesmas críticas actuais, Pedro Nuno sugeriu que a ministra Margarida Blasco deveria deixar o Governo – enquanto em 2022 disse que “obviamente” se mantinha em funções apesar da falha sobre o novo aeroporto.
Voltando aos seus tempos de ministro, duas semanas depois da confusão, Pedro Nuno Santos foi ao Parlamento explicar-se: “O despacho determinava uma avaliação ambiental estratégica, [mas] teve o erro de ter uma solução e foi esse o problema, porque aquilo que transmitiu foi ‘está uma solução tomada. Foi um erro que acontece e aconteceu“, resumiu.