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Impeachment. Trump recusa convite para testemunhar em exercício “infundado” e “tendencioso”

Peter Foley / EPA

A Casa Branca informou este domingo os democratas, maioritários na Câmara dos Representantes, que não participará na primeira audição da comissão de Justiça no âmbito do processo de impeachment ao Presidente dos EUA, Donald Trump.

A decisão indica que Trump ouviu os conselhos dos seus aliados e alguns congressistas republicanos que argumentaram que a presença da Casa Branca validaria o processo. Numa carta de cinco páginas, de acordo com o Politico, o processo é descrito como um exercício “infundado” e “tendencioso”.

A recusa significa, segundo escreve o semanário Expresso, que o Presidente apostará tudo nos seus aliados mais próximos do Partido Republicano no painel para que estes montem uma defesa sólida durante a primeira audição na comissão de Justiça, agendada para esta quarta-feira.

“Nas circunstâncias atuais, não tencionamos participar na audição de quarta-feira”, escreveu o conselheiro da Casa Branca Pat Cipollone na carta endereçada ao presidente da comissão de Justiça da Câmara dos Representantes, Jerry Nadler. “Um convite para uma discussão académica com professores de Direito não chega para fornecer ao Presidente qualquer aparência com um processo justo”.

A audição será uma discussão de questões constitucionais, durante a qual os congressistas irão ouvir um painel de académicos e professores de Direito a falar sobre o processo de impeachment e se as alegações contra Trump configura os “altos crimes e delitos” descritos na Constituição.

O Presidente norte-americano foi acusado de pressionar o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar o seu rival político e ex-vice-Presidente Joe Biden.

Esta chamada, cuja transcrição foi revelada na última semana após a queixa de um denunciante, levou os democratas a darem início a um processo de impeachment presidencial. Na segunda-feira, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, recebeu uma intimação relacionada com os seus contactos com as autoridades ucranianas.

Mais tarde, o Governo australiano confirmou que houve uma segunda chamada, em que Donald Trump pressionou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, para que este o ajudasse a descredibilizar a investigação do procurador especial Robert Mueller. O governo australiano confirmou que a chamada aconteceu e que o primeiro-ministro concordou em ajudar.

A Casa Branca restringiu o acesso à transcrição da conversa telefónica entre o Presidente dos EUA e o primeiro-ministro da Austrália a um pequeno grupo de assessores. A decisão é invulgar mas semelhante à que foi tomada no caso da chamada com o Presidente da Ucrânia.

Até ao dia 20, a Câmara dos Representantes terá de votar um projeto de lei relativo aos gastos da Administração. Só depois é que poderá voltar a debruçar-se sobre o impeachment e quais os artigos a votar.

Se a votação resvalar para o próximo ano, o julgamento no Senado, que pode prolongar-se durante várias semanas, também ficará atrasado. Neste cenário, o processo seria arrastado para a altura das primárias democratas, o que complicaria a vida dos candidatos à nomeação, sendo muitos deles senadores.

No Senado, o impeachment só resultaria na destituição de Trump se fosse votado favoravelmente por dois terços dos senadores. Até ao momento, nenhum senador republicano deu indicação de que votaria nesse sentido, pelo que, chumbado na câmara alta, Trump continuaria no cargo.

ZAP //

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