Num artigo de opinião para o New York Times, Chris Hughes, co-fundador do Facebook, disse que está na hora de acabar com o Facebook. Para Hughes, o seu colega Mark Zuckerberg está com um poder sem precedentes.
O aviso não vem de alguém banal, mas sim do co-fundador do Facebook, Chris Hughes. O empresário americano diz, no seu longo artigo de opinião para o jornal New York Times, que “é hora de acabar com o Facebook“.
Hughes foi colega de quarto de Zuckerberg, em Harvard, e ajudou-o quando teve a ideia de criar uma rede social chamada “The Facebook”. O co-fundador já abandonou a empresa há mais de dez anos, mas deixou agora uma mensagem para o seu colega de faculdade.
Na sua opinião, a empresa tornou-se demasiado grande e dá demasiado poder a Zuckerberg. “Mark é uma pessoa boa e gentil”, escreveu Hughes. “Mas estou zangado porque o seu foco no crescimento levou-o a sacrificar a segurança e a civilidade por cliques”.
Sem papas na língua, Hughes escreveu estar dececionado consigo mesmo e com a equipa inicial do Facebook por não pensar mais em como o algoritmo do feed de notícias poderia “mudar a nossa cultura, influenciar eleições e capacitar líderes nacionalistas“. Além disso, diz-se preocupado com o CEO, que “talvez esteja rodeado de uma equipa que reforça as suas crenças em vez de desafiá-las”.
E se não é a sua equipa a desafiá-lo, Hughes diz que a responsabilidade tem de ser da Federal Trade Comission (FTC), organismo que protege o consumidor e elimina e previne práticas comerciais anti-competitivas.
Explica ainda que multas de cinco mil milhões de dólares não são suficientes para responsabilizar a empresa e pede medidas regulatórias mais pesadas — e até, se necessário, acabar com o Facebook.
“O maior erro da FTC foi permitir que o Facebook adquirisse o Instagram e o WhatsApp”, escreveu Hugues, citado pelo Ars Technica. Isto porque a aquisição destas duas empresas levou a que o Facebook criasse um monopólio no mercado.
Em comunicado, o Facebook já respondeu ao apelo de Chris Hughes. “O Facebook aceita que, com o sucesso, vem a responsabilidade. Porém, não se impõe a responsabilidade exigindo o fim de uma empresa americana bem sucedida”, lê-se no comunicado.
“A responsabilidade das empresas de tecnologia só pode ser alcançada através da introdução meticulosa de novas regras para a Internet. Isso é exatamente o que Mark Zuckerberg pediu. De facto, ele está a reunir-se com líderes do Governo, esta semana, para promover esse esforço”, explicou Nick Clegg, vice-presidente para os assuntos globais e comunicações da empresa.
Já ontem era tarde…!!!
O paradigma Americano: Sucesso acima de tudo e por cima de tudo… E de todos. E a qualquer preço!
É claro que com um paradigma social destes, em que o sucesso é o valor mais alto e tudo justifica, só pode dar origem a respostas como a que o Facebook deu: “não se impõe a responsabilidade exigindo o fim de uma empresa americana bem sucedida”. Mas bem sucedida quer dizer o quê? Sucesso em quê? Em influenciar eleições? Em vender informação confidencial e privada sobre a vida dos utilizadores (não esquecer que o Facebook “exige” que os utilizadores usem o verdadeiro nome da pessoa no registo).
Já tentam que as pessoas tenham de dar o número de telefone, quando sabemos que os telemóveis vigiam cada passo que damos. Agora saiu anteontem uma regra nova que “em nome da transparência”, mostra aos utilizadores o local geográfico de onde administramos as nossas páginas… Haverá algo mais pidesco e Orwelliano? Daqui a pouco só falta exigir que as pessoas postem o BI delas, a morada completa e meter uma camara de vigilancia Facebook nas nossas casas.
Se ninguém acaba com o Facebook ele vai continuar a acumular poder e não vão ser princípios éticos que irão travar os seus interesses de poder económico. Esse não é nem nunca foi o modus operandi do corporativismo Americano. E nesse caso o melhor é fazer o Facebook secar, por puro e simples abandono. Eu há muito que já ando a preparar a migração da minha presença online para outras plataformas. Quem tiver curiosidade pode pesquisar o Openbook (em fase Beta). Vejam também Minds, Mastodon, Steemit e Hubzilla.