Leão XIV: progressista, capaz de fazer pontes, o novo “Papa dos Trabalhadores”

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Vatican Media

O Cardeal norte-americano Robert Prevost é o novo Papa Leão XIV

HABEMUS PAPAM! O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, é o novo líder da Igreja Católica e vai assumir o nome Leão XIV. Progressista, reformista moderado capaz de fazer pontes, adotou o nome de Leão XIII, o “Papa dos Trabalhadores”.

“Que a paz esteja convosco” – foram as primeiras palavras ditas pelo novo Papa.

Robert Francis Prevost subiu à varanda da basílica de São Pedro, no Vaticano, por volta das 19h25 locais (18h25 em Lisboa), quase uma hora e meia depois de ter começado a sair fumo branco da chaminé da Capela Sistina.

Leão XIV foi o nome escolhido pelo norte-americano de 69, que dedicou o primeiro discurso ao legado do Papa Francisco.

Os sinos da basílica de São Pedro tocaram a repique, eram 18h08 locais (17h08 em Lisboa), anunciando a escolha do novo chefe da Igreja Católica.

Nascido em Chicago, EUA, tem ascendência espanhola e nacionalidade peruana, e pertence à Ordem de Santo Agostinho. É o primeiro norte-americano a liderar a Igreja Católica.

“Fumo branco! Os 133 cardeais eleitores reunidos na Capela Sistina do Vaticano elegeram o novo Papa. Ele aparecerá em breve na janela central da Basílica de São Pedro”, anunciou o Vaticano, pouco depois das 17h.

Um imenso clamor percorreu a multidão de vários milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, ao verem fumo branco, momento que foi acompanhado por fortes aplausos.

Os 133 cardeais eleitores chegaram a uma decisão ao fim de dois dias de conclave.

Em seguida, o cardeal proto-diácono, o francês Dominique Mamberti, foi à varanda para anunciar a eleição com as conhecidas palavras em latim: “Nuntio vobis gaudium magnum: Habemus papam“. “Anuncio com grande alegria: temos Papa”.

Depois, Mamberti anunciou o Papa Leão XIV. Robert Francis Prevost apareceu depois perante os crentes na Praça São Pedro para se apresentar ao mundo.

Robert Francis Prevost, um progressista

Leão XIV entrou discretamente na lista de possíveis eleitos no conclave, que terminou na quinta-feira, como um ‘outsider’ entre os favoritos.

As primeiras reações à escolha do novo Papa, considerado um progressista ou reformista moderado, foram de alegria e entusiasmo generalizado e de grande expectativa em relação ao que pode ser o seu papado.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que o novo Papa, Leão XIV, é um continuador do Papa Francisco, de quem era “muito próximo”, e alguém com abertura ao mundo, em particular às Américas.

A Conferência Episcopal Portuguesa considerou  que o Papa Leão XIV vai ser construtor de pontes para a paz e a justiça, e desejou a continuidade do caminho sinodal ao lado dos migrantes, dos pobres e dos marginalizados.

Enquanto Francisco tinha um nome então agora único entre os Papas, Robert Prevost decidiu adotar o nome Leão, um dos nomes mais escolhidos entre os líderes da Igreja Católica, que foi usado pela última vez por Leão XIII, cujo papado foi marcado pela sua encíclica social “Rerum Novarum” (“Das coisas novas”).

Segundo o teólogo João Manuel Duque,  que considera que Leão XIV deverá recusar “modelos ultraconservadores”, a escolha do nome do novo pontífice revela preocupação com a doutrina social da Igreja, orientada “para o mundo do operariado”.

Robert Francis Prevost, o 267.º Papa, nasceu a 14 de setembro de 1955 em Chicago (Illinois, EUA). Era, até agora, Prefeito do Dicastério para os Bispos, desde 12 de abril de 2023 e é considerado um progressista.

Arcebispo-Bispo Emérito de Chiclayo, no Peru – que mereceu uma referência no seu primeiro discurso enquanto Papa, na varanda de São Pedro – é considerado da linha progressista do colégio cardinalício.

Estudou na União Teológica Católica de Chicago, onde obteve o diploma em Teologia. Aos 27 anos, foi enviado pela Ordem a Roma para estudar Direito Canónico na Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino. Recebeu a ordenação sacerdotal em 19 de junho de 1982. Recebeu a licença em 1984 e foi enviado para trabalhar na missão de Chulucanas, em Piura, Peru (1985-1986).

Em outubro de 2013, regressou a Chicago para ser professor dos professos e vigário provincial, funções que desempenhou até 3 de novembro de 2014, quando o Papa Francisco o nomeou administrador apostólico da diocese de Chiclayo, no Peru, elevando-o à dignidade episcopal e atribuindo-lhe a diocese titular de Sufar.

Em março de 2018, tornou-se segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana. O Papa Francisco nomeou-o membro da Congregação para o Clero em 2019 e membro da Congregação para os Bispos em 2020.

Em 15 de abril de 2020, foi nomeado administrador apostólico da diocese de Callao. Em 30 de janeiro de 2023, o Francisco nomeou o cardeal Prevost prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.

O norte-americano foi, finalmente, proclamado cardeal pelo Papa Francisco no Consistório de 30 de setembro de 2023, da Diaconia de Santa Mónica.

O novo Papa é um crítico da administração Trump. O presidente dos Estados Unidos tinha dito que estava ansioso por conhecer o primeiro Papa norte-americano.

Mas, apesar do entusiasmo inicial de Donald Trump, sabe-se que Robert Francis Prevost não está em linha com todas as posições de Trump – especialmente no que toca à imigração. O último tweet do então cardeal é, precisamente, uma crítica ao vice de Trump, J.D. Vance sobre as políticas de imigração.

A 3 de fevereiro, Prevost partilhou outro artigo em que se opunha, novamente, ao vice-presidente J. D. Vance: “J.D. Vance está errado: Jesus não nos pede para classificar nosso amor pelos outros“.

Em 2023, o recém-eleito Leão XIV esteve envolvido em controvérsia quando três mulheres vítimas de pedofilia o acusaram de ter demorado a reagir às denuncias em relação a dois padres peruanos.

Em março, bem antes de se saber que Robert Francis Prevost viria a ser Papa, a Rede de Sobreviventes de Abuso por Padres enviou uma carta à liderança do Vaticano, detalhando a conduta do cardeal norte-americano, em dois incidentes separados de abuso sexual por padres. A associação exigia uma investigação.

Os católicos e o Mundo olham agora para o que será o futuro Papa Leão XIV — na expectativa de que possa dar continuidade aos legados de Francisco, o seu antecessor, e de Leão XIII, “O Papa dos Trabalhadores”, cujo nome adotou.

ZAP // Lusa

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