Guterres foi a Moscovo à procura de paz, mas só trouxe uma mão cheia de mentiras

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Vladimir Astapkovich / Kremlin

Encontro entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o secretário-geral da ONU, António Guterres.

António Guterres foi a Moscovo na esperança de encontrar paz, mas Vladimir Putin diz que lhe mentiram quanto aos corredores humanitários e Bucha.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou esta terça-feira Moscovo onde se encontrou com o Presidente russo, Vladimir Putin, e com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, no contexto da ofensiva russa em curso na Ucrânia.

Numa conferência de imprensa que se seguiu à reunião, Guterres explicou que a sua visita a Moscovo consistiu numa “mensagem de paz” e que os seus objetivos estão “intrinsecamente ligados ao salvamento de vidas e à redução do sofrimento”.

O objetivo seria, pelo menos, garantir que seriam abertos corredores humanitários nas zonas mais carenciadas da Ucrânia. Guterres manteve o compromisso de mobilizar recursos logísticos e humanos para evacuar civis da cidade de Mariupol.

Putin rejeitou que os corredores humanitários não tenham tido sucesso: “Está a falar dos corredores humanitários russos não estarem a funcionar. Mentiram-lhe. Estão a funcionar, com a nossa assistência mais de 100.000 pessoas saíram de Mariupol”.

No entanto, a Reuters escreve que o Presidente russo concorda, “em princípio”, com o envolvimento ONU e da Cruz Vermelha na retirada de civis da siderúrgica Azovstal, o último bastião da resistência ucraniana em Mariupol.

“Não há operações militares em Mariupol, pararam. Parte das forças armadas da Ucrânia, que estavam mobilizadas noutras zonas industriais, renderam-se. Quase 1.300 renderam-se”, disse Putin a Guterres, reconhecendo que a situação na cidade portuária é “complicada” e “trágica”.

“Ouvimos, pelas autoridades ucranianas, que há civis lá. Nesse caso, os militares do exército ucraniano devem libertá-los, ou estão a agir como terroristas em muitos países, como o ISIS na Síria”, acrescentou, citado pelo Expresso.

Por sua vez, António Guterres realçou que as preocupações da Rússia “devem ser resolvidas através das ferramentas sugeridas pela carta das Nações Unidas” e que “a violação de integridade territorial de qualquer país contraria totalmente a carta das Nações Unidas”.

Vladimir Putin insistiu que o massacre em Bucha foi uma encenação, “com a qual o exército russo nada tem a ver”. O líder russo acrescentou que sabe “quem encenou a provocação” e que a posição dos negociadores “mudou radicalmente” depois disso.

Na semana passada, mais de 200 antigos dirigentes da ONU dirigiram uma carta a António Guterres, com um apelo para que seja mais proativo em relação a esse conflito.

Os signatários alertaram que, a menos que Guterres atue de forma mais pessoal para assumir a liderança na tentativa de mediar a paz na Ucrânia, as Nações Unidas arriscam não apenas a irrelevância, mas a sua existência continuada.

Daniel Costa, ZAP //

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13 Comments

  1. Até pela posição na cadeira se vê um Guterres derrotado na sua missão! Aliás continuo sem perceber bem para que existe nos moldes actuais a ONU… para lidar com loucos não servem palavras bonitas e humanitárias. Só serve para que se riam ainda mais das mentiras que dizem sem que ninguém lhes possa chamar mentirosos na cara. Nem o PCP consegue ouvir o mundo a pedir o fim das atrocidades cometidas por Moscovo quanto mais o Putin e os amigos que o rodeiam!

    • A ONU não tem qualquer poder executivo. A sua acção depende dos seus membros e, sendo a Rússia uma potência nuclear (liderada por loucos) e com acento no Conselho de Segurança, não há muito a fazer a não ser tentar chamar os “filhos da Putin” à razão – o que é tarefa quase impossível.

      A ONU é bastante limitada, porque depende dos países de quem a compõe – e os países que a Terra tem actualmente são estes!

  2. A penalização deste tipo de comportamentos está em estruturas como OMC, Banco Mundial e FMI. Estes é que conseguem fazer mossa nos países que assumam este tipo de comportamentos. A ONU como está, tem os dias contados. E o Guterres é um panhonhas que já por cá não fez nada (a não ser elevar os salários dos funcionários públicos a niveis insustentáveis) e na ONU nada faz… talvez também porque a própria ONU nada pode fazer. Mas quando se junta a fome a vontade de comer…o resultado está à vista.

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