Há guerra entre FlixBus e Rede Expressos nos terminais (e um problema nas casas de banho)

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GOPorto

Terminal Intermodal de Campanhã

“Não cabe lá mais nada”, diz Rede Expressos, que recusa-se a abrir portas aos autocarros da empresa alemã em vários terminais. E os dejetos, onde despejar? Isso é problema dos dois.

Há uma guerra em curso nos terminais rodoviários, e está cada vez mais quente. A disputa é entre as duas grandes empresas de transporte por camionete, FlixBus e Rede Expressos.

A FlixBus acusa a Rede Expressos de fechar as portas de terminais rodoviários de várias cidades. No de Sete Rios, por exemplo, “não cabe lá mais nada”, garante ao Expresso o líder da Barraqueiro Transportes, maior acionista da Rede Expressos. O mesmo se passa em Coimbra, terminal privado.

Muitas vezes, a FlixBus vê-se obrigada a encontrar um “plano B” nas paragens da via pública, fintando as condições necessárias de segurança, por culpa da Rede Expressos, diz a alemã.

Segundo o semanário, a empresa alemã avançou com mais três pedidos de recurso na Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), após recusas constantes de cedências de espaço para operar nos terminais das Caldas da Rainha, Fátima e Nazaré. Além dos terminais de Sete Rios em Lisboa e de Coimbra, a empresa alemã quer entrar ou ter mais espaço em mais 12 terminais rodoviários.

O economista Pedro Lima explica que, desde 2019, ano em que se permitiu em Portugal a entrada de qualquer operadora no mercado interno de autocarros de longo curso e começaram a aumentar exponencialmente o número de passageiros, se “pôs a nu” as fragilidades do sistema de infraestruturas dos terminais. Muitos “são muito pequenos e antigos” para os operadores no ativo.

Parte do motivo de discórdia é o facto de boa parte dos terminais do país serem geridos pelo Grupo Barraqueiro. É o caso, por exemplo, do terminal lisboeta de Sete Rios.

A AMT diz, no entanto, que há condições (incluindo espaço) para a FlixBus entrar no terminal de Sete Rios. Mas a Rede Expressos continua a negá-lo — o que pode vir a motivar multas contra a empresa, que se recusa a abrir a porta à FlixBus.

E os dejetos, onde despejar?

A crescente procura pelo transporte rodoviário de longo curso em Portugal trouxe à tona um outro problema cada vez mais recorrente: a dificuldade de acesso a casas de banho, tanto nos autocarros como nos terminais.

Passageiros da Rede Expressos e da FlixBus têm vindo a relatar várias situações em que as casas de banho a bordo se encontram encerradas, obrigando motoristas a efetuar paragens não previstas em estações de serviço, prolongando assim a duração da viagem.

O problema prende-se sobretudo com a falta de condições nos terminais para despejo e higienização dos sanitários dos veículos. Apesar de todos os autocarros da Rede Expressos estarem equipados com casas de banho, estas encontram-se muitas vezes fechadas por questões de higiene.

Martinho Costa, presidente da Barraqueiro Transportes, reconhece que o tema é uma “dor de cabeça” para as empresas, agravado pela inexistência de infraestruturas adequadas em locais como Campanhã ou a Gare do Oriente.

Também a FlixBus admite condicionar temporariamente o acesso, sobretudo em dias de calor, para evitar maus odores e falta de condições mínimas. No entanto, garante que os motoristas estão instruídos para efetuar paragens quando necessário, rejeitando a ideia de que haja uma política de bloqueio ao uso das casas de banho.

E há pior: é preciso pagar em algumas casas de banho de terminais. Em Sete Rios e em Fátima, por exemplo, é necessário pagar 1 euro, regra contestada por passageiros. A Rede Expressos admite alterar o sistema, permitindo entrada gratuita a quem apresente bilhete válido.

Em 2024, a Rede Expressos transportou mais de 11 milhões de passageiros, mais 20% do que no ano anterior. Pela primeira vez, o autocarro ultrapassou o comboio em viagens de longo curso, representando 51% da procura.

ZAP //

4 Comments

  1. Porque a flixbus nao cria terminais?
    Em terminais privados, a nao ser que a Flixbus queira se chegar a frente, tem todo sentido que proibam a entrada da concorrência.
    A Flixbus quer tudo a pala

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    • E porquê o Governo entregar os terminais rodoviários aos privados? Porque não explora o Estado diretamente, cobrando a utilização? E porquê aos monopolistas Barraqueiro?

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    • Os terminais são geridos pelo grupo Barraqueiro, não são propriedade do grupo Barraqueiro.
      Não querem concorrência e quem sofre são os utilizadores.

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