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Grupos dos 200 e 300 ligados à violência em Lisboa. Suspeitos libertados não podem usar isqueiros

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Miguel A. Lopes / Lusa

Autocarro queimado em desacatos no bairro do Zambujal na Amadora.

Autocarro queimado em desacatos no bairro do Zambujal na Amadora.

Há suspeitas de que grupos criminosos estejam ligados aos desacatos e à onda de vandalismo que prosseguiu pela quinta noite consecutiva em Lisboa, depois da morte de Odair Moniz, baleado por um polícia.

Dois gangues criminosos da Cova da Moura – os grupos dos “200” e dos “300” – estarão ligados à onda de violência que tem afectado vários bairros de Lisboa desde segunda-feira à noite, após a morte do cidadão cabo-verdiano Odair Moniz.

Estes gangues já são conhecidos pela polícia que terá identificadas “várias dezenas” de pessoas alegadamente responsáveis pelos distúrbios, “quer por instigação à pratica de crimes, quer por apologia à prática de crimes nas redes sociais que podem ter consequências gravosas”, como referiu o comandante do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP, Luís Elias, em conferência de imprensa.

Entre estes suspeitos podem estar elementos dos dois gangues referidos que são rivais, mas que se estão a unir, neste momento de tensão, por terem um “inimigo” em comum: a polícia, conforme adianta a TVI.

O “Grupo dos 200” é constituído por jovens e adolescentes com idades entre os 16 e os 20 anos que estão a iniciar-se na “escola do crime”.

Já o “Grupo dos 300” é formado por homens mais velhos, na casa dos 30 anos, que já têm cadastro e que são respeitados pela comunidade.

Estes gangues usam as redes sociais para se organizarem e para incitarem ao ódio e à violência, apelando à “destruição de Lisboa”.

“Arrebentar com lojas e bancos”

Para esta quinta à noite, fizeram-se apelos para um protesto nas zonas da Avenida da Liberdade e do Marquês de Pombal, sublinhando-se que o objectivo era “arrebentar com lojas, bancos” para “mostrar ao Estado que não pode matar mais um”.

Contudo, não parece ter havido grande adesão a esses apelos porque os distúrbios desta última noite não foram tão relevantes como nas anteriores, limitando-se a um autocarro apedrejado e a caixotes do lixo incendiados.

A polícia e os Serviços de Inteligência estão a acompanhar estas movimentações nas redes sociais.

Os protestos ter-se-ão iniciado de forma mais ou menos orgânica perante a revolta pela morte de Odair, que era uma figura muito querida nos bairros da Cova da Moura e do Zambujal, onde vivia.

Contudo, um dos líderes iniciais da revolta assumiu que “a situação perdeu o controle”. Os dois gangues criminosos podem, deste modo, ter-se imiscuído nos protestos, acicatando a onda de vandalismo a outros bairros de Lisboa.

Detidos na Amadora libertados e proibidos de usar isqueiros

Dois homens detidos na madrugada de quarta-feira por atearem fogo em caixotes de lixo na freguesia da Mina de Água, na Amadora, ficaram sujeitos a apresentações semanais e proibidos de utilizar isqueiros, após terem sido libertados.

Os dois jovens, de 18 e 28 anos, faziam parte de um grupo de oito suspeitos que, recorrendo a combustível e isqueiros, iniciaram “focos de incêndio em caixotes de lixo” nos distúrbios de segunda-feira, como refere a PSP.

Foram detidos por suspeitas de crimes de dano qualificado e ofensas à integridade física qualificada porque, segundo a PSP, “arremessaram pedras contra [os agentes]”, fugindo de seguida.

Após perseguição policial a pé, foram detidos e a PSP apreendeu “um jerricã com resíduos de combustível” e “um isqueiro”, indica ainda esta polícia.

Foram presentes a primeiro interrogatório no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste – Amadora, onde tiveram aplicadas como medidas de coação as apresentações semanais na esquadra e a proibição da utilização de isqueiros.

ZAP // Lusa

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