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Greve dos funcionários não docentes fecha escolas e serviços em todo o país

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Marcos Santos / USP Imagens

Escolas encerradas ou a “funcionar de forma deficitária”, com salas, laboratórios, ginásios ou cantinas encerradas é o cenário traçado por vários diretores escolares, no dia da greve dos funcionários não docentes.

Parece-me que é uma grande greve. As escolas que conseguiram abrir têm vários setores que não estão a funcionar, desde bibliotecas, bares a pavilhões gimnodesportivos, ou seja, estão a funcionar de forma deficitária”, contou à Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima.

No Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, em Gaia, “três escolas estão encerradas. Só a escola sede abriu, com alguns setores fechados”, disse ainda o presidente da ANDAEP, que é também diretor deste agrupamento.

Segundo o responsável, “em Setúbal só há uma escola aberta em toda a cidade” e as escolas do Agrupamento de Valadares estão hoje de portas fechadas. “Um colega de Viana de Castelo disse-me que a adesão é forte”, acrescentou, que diz compreender as razões da greve dos funcionários.

Quase metade dos assistentes auxiliares recebe o ordenado mínimo, sendo que muitos deles trabalham há mais de 20 anos nas escolas, segundo um inquérito realizado em abril pelo blogue ComRegras em parceria com a ANDAEP, ao qual responderam 176 diretores.

O aumento dos salários e o reforço de pessoal são duas das reivindicações destes trabalhadores. “Os motivos são justos para os funcionários e para as escolas, que não têm gente suficiente”, reconhece Filinto Lima.

Também o presidente do Conselho das Escolas, José Eduardo Lemos, critica a falta de funcionários nas escolas: “É necessário mais gente, quer assistentes operacionais quer assistentes técnicos. A situação atual começa a ser preocupante“.

O também diretor da Escola Secundária Eça de Queiroz, na Póvoa de Varzim, diz que a greve afetou alguns serviços, tendo sido suspensas as aulas de Educação Física.

Em Cinfães, os 1.300 alunos do Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto não tiveram hoje aulas. “No meu agrupamento não tenho funcionários. Tive de fechar todas as escolas”, contou à Lusa Manuel Pereira, diretor do agrupamento, acrescentando que, às 08h30, ainda recebeu os alunos mais novos, do 1.º ciclo, mas que teve de organizar meios de transporte para que as crianças pudessem regressar a casa, “porque não havia condições para permanecerem na escola”.

Enquanto presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira diz ainda não ter uma visão nacional dos impactos da greve, mas também sublinhou a importância destes trabalhadores no funcionamento das escolas e lamentou a forma “como têm sido maltratados há muitos anos”.

Em Lisboa, o diretor do Agrupamento de Escolas de Benfica, Manuel Esperança, tinha diferentes situações nas suas três escolas: A secundária José Gomes Ferreira abriu normalmente, a EB23 Pedro Santarém “está a funcionar a meio gás” e a escola de 1.º ciclo Jorge Barradas está encerrada.

Na semana passada, o secretário-geral da Federação Nacional da Educação, João Dias da Silva, alertou para a possibilidade de a greve de hoje ser a “maior de sempre das escolas portuguesas”.

A greve foi convocada por estruturas sindicais afetas às duas centrais sindicais, CGTP e UGT, no dia em que o calendário escolar tem marcada uma prova de aferição de Educação Física para os alunos do 2.º ano de escolaridade.

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, disse esperar que haja trabalhadores não docentes com o mesmo tratamento e vontade negocial que o Governo demonstrou com os trabalhadores da saúde, que estiveram em greve durante dois dias e receberam, esta quinta-feira, uma nova proposta do Ministério da Saúde que pode levar a um acordo entre as partes na negociação do Acordo Coletivo de Trabalho.

O secretário-geral da UGT falava à entrada da Escola Básica e Secundária Passos Manuel, em Lisboa, que também está fechada devido à greve. Carlos Silva disse também esperar que seja agora, com um Governo, com uma maioria parlamentar de esquerda, que se consiga solucionar alguns dos problemas dos trabalhadores não docentes e de todos os outros da administração pública. “Se não for agora quando será?”, desafiou.

ZAP // Lusa

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