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Greve às avaliações “é a menor das preocupações”, dizem os diretores

Marcos Santos / USP Imagens

Para os presidentes das duas associações de diretores escolares a greve não é um problema. No entanto, temem os efeitos do descongelamento generalizado.

Esta quarta-feira será anunciada a marcação ou a anulação da greve às avaliações, mas sabe-se que, pelo menos para já, a greve não tira o sono aos diretores. O cenário do ano passado, em que dezenas de milhares de alunos viram a divulgação das suas notas ser adiada devido ao cancelamento das reuniões do conselho de turma, dificilmente será repetido.

Filinto Lima, da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), afirma que a decisão do Ministério da Educação de aplicar às escolas as regras do Código de Procedimento Administrativo (CPP), impondo a realização das reuniões a partir do momento em que existisse quórum de pelo menos um terço dos docentes de cada turma, acaba por tirar dimensão a este protesto.

Isto porque, antigamente, bastava que um professor faltasse à reunião para que esta tivesse de ser adiada e reagendada. “Era uma greve fácil. Mas o Governo mudou as regras”, disse, citado pelo Diário de Notícias.

“Se a luta dos sindicatos é a greve às avaliações, e parece que é isso que está em cima da mesa, esta greve só terá sucesso se acima de dois terços dos professores em cada conselho de turma fizerem greve. E acho muito difícil, em cada nove professores mais de seis fazerem greve”, afirmou. “Viu-se no ano passado quando saiu este novo despacho. Os casos em que a greve funcionou a partir daí foram pontuais.”

O presidente da Associação Nacional de Diretores Escolares (ANDE), Manuel António Pereira, concorda e acrescenta que a aplicação do CPP “é uma condicionante que de alguma forma mata este tipo de greve“.

Ainda assim, os diretores não esperam tempos mais calmos no futuro. Pelo contrário: o fracasso da votação no Parlamento da devolução dos nove anos, quatro meses e dois dias do tempo de serviço congelado causou “feridos” que, segundo eles, levarão muito tempo a sarar.

“A greve às avaliações é uma das menores preocupações que temos nas escolas. O maior problema foi a forma pouco correta como os professores foram tratados nos últimos tempos. Foram maltratados, usados por toda a gente. Toda a gente falou dos professores mas ninguém falou com os professores”, disse Manuel António Pereira.

“Vive-se um momento de grande desmotivação, preocupação e angústia nas escolas. Os professores sentem que foram maltratados numa altura em que o seu trabalho devia ser valorizado. E era preciso, com urgência, que quem fez este trabalho – o Governo, o primeiro-ministro – falasse agora para dentro das escolas”, frisou.

Em relação aos sindicatos, afirmou que, mesmo que a greve às avaliações tenha pouco impacto, estes encontrarão formas de se fazer ouvir e de manter a luta. “Sabemos que os sindicatos são muito imaginativos.”

ZAP //

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