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Governo anuncia investimento de sete mil milhões de euros na floresta

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Tiago Petinga / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, oferece um bonsai ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O Governo prevê um investimento de sete mil milhões de euros na floresta até 2030, de acordo com um documento coordenado pela Agência de Incêndios Florestais que está em discussão pública, disse neste sábado o primeiro-ministro na Lousã.

“É um investimento em equipamento de combate a incêndios e de prevenção, mas é sobretudo um investimento de transformação estrutural da nossa floresta, que significa evitar a monocultura, criar um mosaico da paisagem, onde temos árvores de crescimento rápido e autóctones”, referiu António Costa, naquele município do distrito de Coimbra.

O líder do Governo – que hoje presidiu à apresentação de uma bolsa de maquinaria para gestão de fogo rural – salientou que a floresta tem de ser de novo uma fonte de riqueza que permita repovoar a região do interior do país e referiu que o investimento previsto até ao final da década “estima criar 60 mil postos de trabalho”.

O documento em discussão pública, coordenado pela Agência de Gestão Integrada de Fogos Florestais (AGIF), é, segundo António Costa, “da maior importância”, mas há ainda outros desafios e fontes de riqueza para transformar na floresta portuguesa, “que tem de deixar de ser uma ameaça e passar a ser um valor acrescentado”.

“Ninguém consegue compreender que tendo Portugal uma indústria do mobiliário tão forte, competitiva e robusta não possa utilizar a madeira da nossa floresta porque não é certificada”, enfatizou o primeiro-ministro, salientando que, para Portugal conseguir certificar madeira e deixar de importar, “tem de fazer a reforma da floresta”.

O governante questionou o sentido que faz Portugal possuir uma área florestal de grande dimensão e “deixá-la arder e depois importar a madeira para a indústria do mobiliário”.

“Assim como não faz sentido, nesta época em que queremos investir na bioeconomia, desperdiçar muito daquilo que é a massa florestal, combustível que é um risco de incêndio e não a aproveitar para a transformar em produtos de maior valor acrescentado ou para a reciclagem para indústrias como o têxtil ou o calçado”, acrescentou.

As organizações de produtores florestais e as comunidades intermunicipais vão dispor de uma bolsa de maquinaria para gestão de fogo rural, com 63 máquinas pesadas, num investimento de “quase 12 milhões de euros”, avançou o Governo.

“Vamos honrar um compromisso de investimento, com uma dimensão que nunca foi vista no passado, de aquisição e distribuição de um número muito grande de máquinas que são fundamentais, tanto em alguns dos casos para o combate aos incêndios como para a gestão de combustível e, por essa forma, fazer prevenção estrutural contra incêndios”, afirmou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, em declarações à agência Lusa.

Das 63 máquinas pesadas que integram a bolsa de maquinaria, 30 são novas aquisições, “entre tratores com pneus de borracha e tratores de rasto, que vão entrar em funcionamento”, indicou o governante, revelando que os equipamentos novos resultam de “um investimento de 3,2 milhões de euros”.

No total, o investimento em maquinaria, realizado desde 2019, para aumento da capacidade de intervenção nas ações de gestão de fogo rural, que inclui as 63 máquinas pesadas de diversas tipologias e três camiões de transporte, foi de “quase 12 milhões de euros”, financiado pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), Fundo Florestal Permanente (FFP) e Programa de Estabilização Económica e Social (PEES).

As máquinas vão ser disponibilizadas às organizações de produtores florestais e às comunidades intermunicipais, através de “contratos comodato ao longo de um ano”, indicou João Matos Fernandes, adiantando que a bolsa é para todo o território nacional continental, mas deverá ter maior procura nas regiões Norte e Algarve, “onde o risco de incêndio é maior”.

A 4 de Março, o Governo reuniu-se num Conselho de Ministros sobre a Florestas (na presença de Marcelo Rebelo de Sousa) e as questões dos fogos rurais já estiveram muito presentes.

// Lusa

9 Comments

  1. Era óptimo receber estas notícias, não fosse o péssimo hábito do Governo de anunciar muito e fazer nada ou quase nada.
    Bom mesmo é fazer grande notícia de que já investiu quase doze milhões de euros – nos próximos anos já só faltam seis mil, novecentos e oitenta e oito milhões de euros para atingir o objectivo. Acho que vão arder junto com a floresta…
    Entretanto os proprietários florestais vão continuar a gastar do próprio bolso para limpar os terrenos, na esperança de que o fogo que vem do vizinho na lhes leve o pouco que lá fica. Continua a financiar-se a agricultura, a pecuária e as pescas porque todos temos de comer, mas na floresta que paguem os privados, porque só eles é que respiram.

  2. Ok, as Comunidades Intermunicipais vão ter máquinas. E as empresas que já investiram em máquinas, o que fazem? Vão pedir esmola?
    Este governo é uma vergonha. Há anos que não actualiza as tabelas dos preços de referência para trabalhos florestais. Abre concursos públicos para trabalhos florestais em que o preço máximo a pagar mal dá para as despesas, quanto mais para os lucros. Fala em criação de emprego na área florestal, mas sufoca as empresas que operam na área.
    Se já há empresas a fazer trabalhos florestais, porque razão as instituições públicas e a administração vão comprar máquinas para trabalhos florestais? Nãos seria melhor adjudicar mais trabalhos a privados, promovendo o crescimento e desenvolvimento das empresas existentes e de outras que se viessem a formar?
    Este país, decididamente, não gosta de empreendedores.

    • Não… Não é o país que não gosta de empreendedores. Quem não gosta é o Xuxalismo. Mas como o Tuga acha que os partidos são todos iguais… nas próximas eleições vai votar (outra vez) no PS. Arre que é casmurro?

      • O próximo passo deverá ser comprar máquinas para fazer estradas e pontes.
        Depois as Comunidades Intermunicipais também deviam criar equipas de empreiteiros para efectuar todo o tipo de construções, ficando responsáveis pela execução de todas as obras públicas.
        Depois devíamos nacionalizar todas as empresas que já foram públicas e ainda mais algumas. Já começamos com a TAP, com tão bons resultados, só temos de continuar.
        Os nossos jovens, que se estão a formar, têm 2 caminhos: ou arranjam uma cunha que lhes dê um tacho na administração pública, ou vão servir cafés ou para um balcão de atendimento de supermercado, que há muita oferta de trabalho nessa área.
        Empresas vibrantes, novas e que até estão a salvar vidas, como por exemplo as actualmente tão faladas Moderna e BioNTech, que se criem noutros países, não no nosso.

  3. O próximo passo deverá ser comprar máquinas para fazer estradas e pontes.
    Depois as Comunidades Intermunicipais também deviam criar equipas de empreiteiros para efectuar todo o tipo de construções, ficando responsáveis pela execução de todas as obras públicas.
    Depois devíamos nacionalizar todas as empresas que já foram públicas e ainda mais algumas. Já começamos com a TAP, com tão bons resultados, só temos de continuar.
    Os nossos jovens, que se estão a formar, têm 2 caminhos: ou arranjam uma cunha que lhes dê um tacho na administração pública, ou vão servir cafés ou para um balcão de atendimento de supermercado, que há muita oferta de trabalho nessa área.
    Empresas vibrantes, novas e que até estão a salvar vidas, como por exemplo as actualmente tão faladas Moderna e BioNTech, que se criem noutros países, não no nosso.

  4. Agora quando a floresta “incendiária” se recompôs é que se vão utilizar as máquinas? Era logo a seguir aos incêndios quando os terrenos ainda cheiravam a fogo, nas zonas de Pedrogão e de Oliveira do Hospital, é que se devia ter actuado! Nesta situação nunca se deveria ter guardado para amanhã o que se podia ter feito hoje! Foi um erro crasso que, a breve prazo, irá ter pesados custos. Num país em que se deixou instalar uma fábrica chamada Portucel o que é que se pode esperar? Eucaliptos e mais eucaliptos para alimentar o monstro ao qual o regime florestal português está mais do que sujeito! Nenhum país europeu quis tal investimento!!

  5. Em muitas regiões do interior eram precisamente os serviços florestais que podiam projetar muitas empresas e criar uma forte dinâmica económica e social, atraindo e fixando muitos profissionais, tanto os altamente qualificados, como trabalhadores menos diferenciados.
    Mais uma vez este governo não só não promove este dinamismo empresarial, como o sufoca, gastando o dinheiro dos contribuintes com a administração estatal, em vez de o aplicar para contratar serviços a quem já está a lutar ou o pretende fazer, a quem não desiste e não baixa os braços.
    Muito contribuintes verão, mais uma vez, o dinheiro dos seus impostos ser gasto naquilo que lhes rouba o próprio pão da boca.
    Depois, lá vêm as história da carochinha de apoio ao interior e promoção da economia. Umas migalhas para quem antes foi empurrado para o abismo e deixado a definhar.
    Governo miserável que temos, que apenas consegue ver o seu umbigo e a sua esfera de influência.

    • O governo devia dar essa notícia, frente a frente, a quem investiu em tratores – lagarteiros e borracheiros, motoserras, motorroçadoras, EPI´s, viaturas de carga, viaturas todo-o-terreno, giratórias e outros tantos equipamentos, bem como na contratação de pessoal, achando que teria trabalho na gestão da floresta e que agora passa noites sem dormir, sem saber como há-de pagar as conta e aos empregados, pois não arranja trabalho.
      O governo devia explicar como o dinheiro dos impostos de quem trabalha na floresta servirá para criar novos serviços e valências públicas que roubarão trabalho a esses mesmos que pagam impostos.
      O governo devia explicar a quem decidiu viver no interior, porque acreditava que podia trabalhar na floresta, quando mais ninguém acreditava, que agora terão de partir, porque os trabalhos na floresta serão feitos pela administração.
      Enfim, parece que há um Portugal que vive com a corda no pescoço, a quem tudo roubam, e outro Portugal, que vive à custa do primeiro, a quem tudo é garantido.

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