“Bomba” de Graça Freitas rebentou-lhe nas mãos. Governo rejeita cerco sanitário ao Porto

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Tiago Petinga / Pool / Lusa

O Secretário de Estado da Saúde, António Sales, rejeitou, nesta terça-feira, a possibilidade de impor um cerco sanitário ao Porto. Esta hipótese foi avançada pela directora-geral da Saúde, Graça Freitas, e foi fortemente criticada por Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto.

Depois de Graça Freitas ter admitido que a decisão de impor um cordão sanitário ao Porto seria tomada nesta segunda-feira, Rui Moreira insurgiu-se, considerando a medida “inútil e extemporânea”.

O autarca chegou a dizer que a Câmara do Porto deixava de “reconhecer autoridade” à Direcção Geral de Saúde (DGS).

Agora, o Secretário de Estado da Saúde vem pôr um ponto final no braço-de-ferro, descartando que o cerco sanitário esteja em cima da mesa.

“A fixação de cercas sanitárias é antecedida por declarações de calamidade pública“, sublinha António Sales em conferência de imprensa. “De acordo com a lei de bases da Protecção Civil, ela é decidida, em situações normais, pelo Conselho de Ministros e em situações de emergência por despacho do primeiro-ministro e do Ministro da Administração Interna. Normalmente, essas decisões são sustentadas na avaliação do risco feita pelas autoridades de saúde”, acrescenta o governante, concluindo que “no caso do Porto não houve qualquer indicação da autoridade de saúde nesse sentido”.

O anúncio de Graça Freitas foi visto como uma “bomba” também por outros autarcas da área metropolitana do Porto, nomeadamente o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia.

As declarações da directora-geral de Saúde têm sido criticadas, de tempos a tempos, com alguns analistas a considerarem a sua falta de jeito para a comunicação pública, até porque já assumiu algumas posições contraditórias.

Mas a forma como Rui Moreira reagiu também merece algumas críticas.

O deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro, presidente da concelhia do PS do Porto, é um dos que protesta contra a forma como o autarca falou, considerando que ele está a alimentar “uma enorme cacofonia de posições que são reincidentes ao longo dos dias e que só lançam confusão“. “Foi assim com os ventiladores ‘desviados’ da Galp que afinal não terão sido, com os ventiladores que vinham da China, mas ainda não chegaram, com os testes drive thru ‘inéditos’, mas que afinal são uma política concertada a nível nacional com muitos outros concelhos envolvido, com os testes nos lares, alimentando notícias e posts dias a fio”, critica o deputado.

Tiago Barbosa Ribeiro critica igualmente o cerco sanitário, realçando que lhe “parece impossível aplicar uma ‘cerca sanitária’ no concelho que é a cabeça metropolitana” e que entende que “isso pouco ou nada contribui para estancar a transmissão e que nada poderá ser feito sem um diálogo com as autoridades locais”.

O deputado socialista também se refere a Graça Freitas, notando que “pode e deve ser criticada quando comete erros, por défice de articulação e por problemas na comunicação”.

O comentador Daniel Oliveira lembra, no seu espaço de comentário na TSF, que “Rui Moreira foi dos primeiros políticos portugueses a exigir o Estado de Emergência“, considerando que “é a primeira pessoa, o primeiro político, a pôr o Estado de Emergência em causa”.

“Por soberba” ou “por ignorância”, Rui Moreira “achava que o Estado de Emergência não o incluía a ele”, aponta Daniel Oliveira, sublinhando que não devia ter conhecimento de que “o Estado de Emergência concentra poderes no Governo e nas autoridades de saúde”.

“Eu compreendo que seja muito mais fácil suprimir as liberdades quando se manda do que quando se tem de obedecer“, atira ainda o comentador, acusando o autarca de pôr “em causa os poderes das autoridades” e de poder “ter contribuído para uma espécie de apelo à desobediência”.

Também na Rádio Observador, o comentador Miguel Pinheiro refere que Rui Moreira “respondeu como se fosse um líder de facção”, considerando que o seu discurso “é perigoso”. “Rui Moreira não é o vice-Rei do Norte”, atira por fim.

Gondomar, Maia, Valongo e Gaia pediram cerco, mas foi rejeitado

Há quatro concelhos da área metropolitana do Porto que já pediram um cerco sanitário, designadamente Gondomar, Maia, Valongo e Vila Nova de Gaia, mas sem que a Administração Regional de Saúde do Norte tenha aceite a sua implementação.

Os quatro concelhos estão entre os que apresentam mais casos de Covid-19 em Portugal.

Em Ovar, a Administração Regional de Saúde do Centro aplicou o cerco sanitário em Ovar. Há, contudo, muitas críticas relativamente à medida, com muitas referências a falhas na sua concretização.

A Câmara Municipal de Melgaço decidiu também instalar um cordão sanitário na aldeia de Parada do Monte que tem cerca de 370 habitantes, após o aparecimento de três casos confirmados de Covid-19.

O concelho da Povoação, na ilha de São Miguel, nos Açores, também está submetido a um cordão sanitário.

Sobre o cerco sanitário à região do Porto, o presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues, que também é presidente da Câmara de Gaia, rejeitou “liminarmente”, considerando que “não há razões” para isso e sugerindo à DGS para dar “maior atenção a focos de contágio” e à realização de “mais testes”.

“Acho que a DGS devia fazer testes, testes e mais testes. É esse modelo que resolve o problema”, salientou o autarca de Gaia, recomendando à DGS que “faça uma verdadeira acção de sensibilização aos condomínios porque, a par dos lares de idosos, são um foco de contágio na gestão das partes comuns”, e também “acções de sensibilização concretas e práticas para que as limpezas aumentem e os focos de contágio sejam minimizados ao máximo”.

SV, ZAP //

36 Comments

    • O Norte nao é paisagem cavalheiro…!
      O Norte e particularmente o Porto ja sentiu muito forte o que é estar cercado.
      O Norte nao se deixa dislumbrar com disparates e incongruencias que diariamente espalham o terror na sociedade.
      O Norte dá o exemplo e mantem-se firme e hirto!

      • De se estar no sec XXI e sugerir um cerco ao porto quando lisboa tem mais casos, é de uma inteligência rara…

      • Nao, nao é so no Norte, leia a frase com atencao e nao seja mal educado. Instrua-se que deve ter tempo para isso.

      • Pois estamos, mas parece que o cavalheiro perdeu o comboio… e ficou na idade média, porque vcertamente se identifica com “o Norte no seu melhor”.
        O que significa isso? Qu o Sul é Portugal e o Norte arredores?
        Seja sensato.

      • A virtude está, e como sempre, no meio, isto é, no Centro. O norte e lisboa são apenas os nossos limites. Os do norte são espanhóis. Os de lisboa são mouros.
        O país é o Centro. O resto é tudo conversa de tasca à hora de fecho.

      • O Norte nao é paisagem cavalheiro…! (alguém diz isso no artigo??)
        O Norte e particularmente o Porto ja sentiu muito forte o que é estar cercado. (conversas da Idade Média já um bocadinho desatualizadas e fora de contexto… analisando a história de Portugal, isso aplicava-se a quase todas as áreas de Portugal, em épocas diferentes)
        O Norte nao se deixa dislumbrar com disparates e incongruencias que diariamente espalham o terror na sociedade. (agora a pandemia é um disparate e incongruência? é que o tema da conversa e do artigo é este, a pandemia, ou está a refererir-se ao quê?)
        O Norte dá o exemplo e mantem-se firme e hirto! (mantém-se firme e hirto contra o quê? os seus “disparates e incongruêncisas”? A sua conversa é que é uma grande incongruência… Já o Trump e outros que tais também estavam firmes e hirtos e agora estão como se vê)

        Esta história da malta do norte que tem a mania da perseguição e que estão todos contra eles… já não há paciência… eu moro no sul, tenho muito menos recursos e valências que qualquer zona de Portugal e ninguém por aqui a bradar aos céus que estão todos contra nós! Se calhar a culpa do sul ser a miséria que é é do norte (note-se aqui o sarcasmo, para os mais distraídos)…

      • Cara senhora Duarte, olhe para o título desta noticia e diga:
        Porque afirma (e muito bem) o ZAP:
        “Bomba” de Graça Freitas rebentou-lhe nas mãos.
        Governo rejeita cerco sanitário ao Porto.

        SAP está errado?
        O Governo está errado?

        Vire lá a sua a sua ira para outros horizontes porque nao é agradavel comunicar com quem apresenta tanta confusao de argumentos.r

  1. Ninguém disse que era paisagem!
    E continuem a não se deixar ‘dislumbrar’…
    Agora dão o exemplo de quê? Primeiro exigem o estado de emergência agora não querem o cerco sanitário…
    Grande ‘congruência’…

    Mais: não querem alguns…

    • Exemplos? Saiba onde estao as industrais solidarias que dao o “corpo ás balas” para fornecer EPIs aos profissionais de saude…
      O resto da frase é treta!

      • Só no Norte é que há indústria que tem estado a apoiar o esforço de “guerra” no combate a esta epidemia? Por favor… Tenha alguma decência.

      • Indecente e mal educado é o cavalheiro que nao sabendo interpretar o que le, agride de forma gratuita.
        Pode defender os seus ideais e argumentar sem adjectivos depreciativos, sabia?

      • Se a força industrial de Portugal está no norte, queria que fosse o Algarve a fornecer os materiais? Que ótima capacidade de analisar o óbvio…
        A seguir diga que os pescadores é que são os grandes sacrificados na pesca e que os agricultores é que sofrem no campo.
        Já se calava, não?

      • Nao vou perder tempo a responder-lhe…
        Parece-me fora deste jogo por falta de discernimento contextual e poe-se a dar pontapés para o fora da baliza.

  2. A Maria “dislumbrou-se” e vai daí, incongruências à parte, disse o que lhe ia na alma, mas lá que o Dr. Rui Moreira é arrogante, ai isso é, que é bimbo, ai isso também é, e que é um camaleão, ai isso sempre foi, é, e creio que continuará a ser sempre que lhe cheire a poder.

    • Inconguencia é isto:
      https://zap.aeiou.pt/dgs-dupla-contagem-porto-316574 e muito mais, basta ouvir a TV nos relatos diarios…
      O Dr. Rui Moreira até pode ser tudo isso com que o (des)caracterisam mas abe o que faz e os Portuenses reconhecem-lhe o valor e a desfesa dos que representa. Um bom exemplo disso sao as contas da autarquia que Lisboa está muito longe de conseguir apesar de actualmente ter um ex- homem do Norte a (des)governar a cidade e a esbanjar. As geracoes futuras certamente pedirao por contas e nessa altura V. os dois terao engolir “faladuras que botam” agora…

    • Dislumbrado esta quem anda com um Portuense ao colo lá paras os lados da capital que esta muito mas muito longe de conseguir o que consegue o “bimbo”.
      Tenham respeito e nao ofendam ninguem, quer gostem quer nao. Discutam manifestem opinioes e nao grosserias.

  3. Em Ovar foi feito o cerco sanitário pelos vistos ninguém contestou a bem da saúde pública, não entendo qual o problema do Porto, estamos perante uma pandemia…quando virar pandemónio vai ser um AI JESUS, depois queixai-vos!

    • Quem diz que não contestou Ovar é neste momento um ícone para DGS mas a história vai ficar gravada pela destruícao de toda a economia da do concelho eu por exemplo quando poder sair deste cerco pior que uma prisão vou dei ar o concelho e mesmo o pais do qual nasci e cumpri o serviço militar.

  4. vocês se se dessem ao trabalho de consultar os numeros corrigidos da DGS não faziam as tristes figuras que fazem
    Casos confirmados em concelhos
    Lisboa 505
    Porto 462
    e o Rui Moreira é que é bimbo

    • Não é bimbo por acertar nos números. É por ser do Norte. Mais Afonsino. Recorde que quando Lisboa entrou prá equipa das quinas já o Porto era português. E hoje, ainda têm peito para lhes dizer: Bós, ide-bos foder. Tá?

  5. E continua “dislumbrada” o raio da Maria, agora até já confunde verdades com grosserias. Vá lá, aprenda a respeitar também a opinião dos outros, ou está só a dar-nos música?

    • O seu comentario esta fora do contexto… volte a ler de cima a fundo e explique la porque confundo verdades? Nao, nao estou a dar musica nenhuma pois ouvidos como os seus, se nao forem melhores que os olhos a ler e a mente a escrever, nao sao dignos da musica que produzo. Comprendeu, certo?

  6. 1º Não sei se seria bom ou mau o cerco higiénico no Porto ou não seria, uma coisa é certa em Madrid muitos queriam o cerco muito antes de os hospitais terem colapsado com tantos casos, mas os mandantes de Madrid tal com cá não quiseram, será que s estivessem feito o cerco os casos seriam menos? Só se sabia se o tivessem feito,
    2º Acusarem a senhora Graça Freitas não é ela sozinha que toma decisões sozinha ela é como se fosse uma porta voz dos especialistas.

  7. Só à uma forma de responder ao RM se o governo não a apoiar, é demitir-se imediatamente, mais todas as autoridades de saúde.

  8. Acho que é na verdade tempo de se manifestar um pouco mais de respeito pela sr.ª DGS que se tem mantido sem vacilar na lnha da frente técnica deste combate. Uma pessoa com muita experiência que já vem dos tempos em que foi sub-DGS do dr. Francisco George. Todos sabemos que este sr. Rui Moreira é um desbocado, desqualificado e ambicioso, sem modos que julga ter o “rei na barriga”. Um homem sem princípios.
    Uma nota final para a “Maria”: diga “deslumbrado” e. pronto, fica tudo bem, Maria

  9. Caldo entornado e até que já há para aqui quem fale em bimbos e eu até que nem sou do Norte deixo apenas aqui a ideia, mais tarde se verá entre bimbos e mouros quem terá razão embora para já me pareça que a ideia do senhor presidente do Porto poderá ser arriscada, temos exemplos diferentes de chineses, italianos e espanhóis!.

  10. Ainda não percebi quais são as contra indicações clínicas de um cerco sanitário seja à região que fôr desde que haja meios que garantam a sua eficácia. Porque não sou médico, nessa matéria, limito-me a ouvir os médicos. Não acho adequado ouvir políticos, padres, pastores, bruxos ou videntes nesta matéria.
    A questão dos cercos do Porto é uma outra questão. Sobre isso, falarei, logo que passe a saga do virús!

  11. Isto já era de esperar, quando a Dr. andou a promover a cultura Chinese em vez da Portuguesa, pois penso que representa Portugal, tem-se vindo a ver o resultado.

  12. Nasci no Largo do Caldas, ali a 100 metros (a vôo de pássaro) do Castelo de S. Jorge. Passei a minha infância e adolescência em Campo d’Ourique, típico bairro Alfacinha. Vivo em Santo Ildefonso há 30 anos. Não sou nem alfacinha (embora diga “chapéu de chuva” em vez de “chuço”). nem tripeiro (embora ache que muitos dos comentaristas que aqui leio são verdadeiros “morcões”. E lamento o chorrilho de disparates e bairrismos bacocos que encontro nestes comentários.

    • Olhe… eu sou nascido na verdadeira capital do império, por cá estudei e cá resido. Estou onde está o nosso fundador. No centro da pátria!

  13. Mas afinal só se fala de Rui Moreira e não se fala dos enganos de contagem estes gajos são assim se não reparem se é mau mostra o Porto se é bom mostra Lisboa. Quando é que há a regionalização. Rui Moreira não é parvo e foi isso que ele viu .

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