Ultimato ao Governo. Polícias ameaçam com boicotes e baixas fraudulentas

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O movimento inorgânico de polícias e dos militares da GNR faz um ultimato ao Governo, ameaçando com a realização de boicotes e com baixas fraudulentas, reivindicando uma solução imediata para a questão dos suplementos.

Há uma carta aberta a circular pelos emails e telefones dos polícias que apela ao reforço dos protestos contra o Governo.

“Se até 10 de Maio, dois meses após as eleições, não houver entendimento, os polícias não irão fazer gratificados a 11 e 12, fim-de-semana em que decorre o Rali de Portugal“, aponta-se na carta a que o Expresso teve acesso.

A missiva é da autoria de um movimento inorgânico de polícias e de militares da GNR que já tem realizado vários protestos e que, agora, ameaça repetir as baixas fraudulentas que chegaram a originar processos disciplinares internos e que afectaram a realização de vários eventos.

Este movimento já agendou uma manifestação para o dia 25 de Abril em frente à Assembleia da República e avança também com a possibilidade de boicotar o policiamento a eventos como os jogos de futebol, o Rally de Portugal e a Queima das Fitas.

“Mais músculo na luta” dos polícias

“Fizemos duas manifestações que ficaram na história, mas o que realmente mexeu e teve impacto foi a ausência de policiamento no futebol”, nota um comissário da PSP em declarações ao Expresso.

Assim, este comissário defende “mais músculo na luta, incluindo ausências aos jogos de futebol, ao patrulhamento do Rally de Portugal e à Queima das Fitas no Porto”.

“Quem não tem direito à greve deveria ser escutado e valorizado”, realça ainda o movimento inorgânico de polícias, exigindo que “o suplemento de missão dado à Polícia Judiciária tem que ser transversal a todas as forças de segurança”.

Estão em causa 1026 euros, ou seja, “20% do salário do director nacional da PSP e do comandante-geral da GNR”, aponta-se na carta citada pelo Expresso.

“O senhor primeiro-ministro, em campanha, afirmou que ia resolver rapidamente esta injustiça, mas após a reunião com a ministra da Administração Interna [MAI] é fácil concluir que o Governo nos quer enganar e ludibriar“, nota-se ainda no documento.

“Esperança e cepticismo” para as negociações com o Governo

Esta posição surge como forma de pressão para as negociações que se vão iniciar na próxima semana, numa reunião já marcada entre o Governo e os representantes das forças de segurança.

Se o MAI não apresentar uma proposta concreta e em consonância com o expectável, fará sentido avançar para novo protesto”, alerta o presidente da Associação Sindical de Profissionais de Polícia, Paulo Santos, em declarações ao Expresso.

“Há cabimentação orçamental, há uma concordância geral dos partidos políticos sobre a justeza da reivindicação e há uma forte desmotivação na PSP”, acrescenta Paulo Santos.

Já o presidente do Sindicato Nacional de Polícia, Armando Ferreira, nota ao Expresso que tem “elevada esperança”, mas também “cepticismo” para as negociações com o Governo.

Bruno Pereira da Plataforma dos Sindicatos da Polícia diz à Rádio Renascença que espera para ver, mas recorda que o primeiro-ministro Luís Montenegro prometeu, já depois de ser eleito, que ia “resolver como prioridade máxima a questão das forças de segurança”.

ZAP //

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