O Governo pediu esta sexta-feira desculpa aos utentes afetados pelas supressões nos transportes públicos urbanos e suburbanos, avançando que está a trabalhar num plano para recuperar a CP – Comboios de Portugal para níveis que o povo “legitimamente exige”.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, anunciou que o “plano pretende, antes de mais, atuar sobre o curto prazo, isto é, travar a degradação de material circulante através do aumento da capacidade de resposta oficinal da empresa e do recrutamento de trabalhadores para o efeito”.
Falando no parlamento, no âmbito de um debate de urgência sobre as supressões nos transportes públicos urbanos e suburbanos, requerido pelo BE, o governante endereçou um “pedido de desculpas às pessoas cujo dia-a-dia é afetado pelas supressões nos transportes” e centrou o seu discurso na CP, admitindo falhas nas linhas ferroviárias.
Pedro Nuno Santos afirmou que em algumas linhas as “reservas são insuficientes”, pelo que há “poucos comboios de substituição prontos a entrar quando há falhas”, assim como existe “material circulante envelhecido”, que “precisa de paragens maiores de manutenção e de reparação”.´
“Os portugueses confiam nos transportes públicos no dia-a-dia para irem trabalhar, para levarem os seus filhos à escola, ou simplesmente para passear (…). Sabemos bem que é nossa obrigação servi-los com regularidade, pontualidade, qualidade e conforto. Sabemos bem que em alguns casos estamos em falta”, admitiu o ministro.
O governante avançou ainda que está a trabalhar “com o Ministério da Economia para planear novos investimentos que permitam recuperar capacidades industriais, tecnológicas e empresariais que o setor ferroviário já teve no passado” e que o Governo quer que volte “a ter no futuro”.
Fortes perturbações no Barreiro
A declaração do ministro surge numa altura em que se têm registado várias perturbações nas ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa. Faltam mestres nas embarcações e a situação têm-se repetido, desde 10 de maior, com várias carreiras suprimidas.
O Sapo 24 noticia que esta sexta-feira houve mais duas supressões não previstas entre o Barreiro e o Terreiro do Paço, deixando dezenas de pessoas apeadas no terminal.
“Gritos, pontapés na porta, um vidro partido, pessoas fora da sala de embarque e já no cais, outras tantas à espera do lado de fora, gente a mais para fazer o transporte de passageiros em segurança”, descreve o jornal digital, dando conta que os ânimos acabaram por acalmar quando a polícia foi chamada ao local.
Os utentes da Soflusa mostraram-se já “cansados” das constantes supressões das ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa. “Já estou a ser prejudicado há anos”, disse à Lusa o passageiro Alexandre Custódio, de 34 anos, na passada semana.
“Estou neste momento a considerar tirar o dia de férias pelo atraso que já está verificado na minha previsível chegada, porque depois disto ainda temos Carris com problemas, metro com problemas, CP com problemas. É aleatório, tanto posso demorar uma hora como duas a chegar ao trabalho, bem como a voltar”, explicou.
O cenário piorou com a paralisação parcial em dois dias e com a greve às horas extraordinárias, que se deve prolongar até ao final do ano.
Segundo a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), na Soflusa trabalham 21 mestres, dos quais três se encontram de baixa médica, mas são necessários pelo menos 24 para o serviço funcionar com qualidade.
ZAP // Lusa