Afinal, um Governo de esquerda ainda é hipótese

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António Pedro Santos / EPA

Pedro Nuno Santos (PS) na noite das eleições legislativas 2024

Pelo menos dois (ou três) líderes partidários não dão como certo um Executivo da AD. Mas se o PS rejeita formar Governo…

Primeiro, as contas.

As eleições legislativas 2024 foram vencidas pela Aliança Democrática (AD), em território nacional. No domingo passado ficou com 79 deputados, apenas mais dois do que os 77 deputados do Partido Socialista (PS).

Na própria noite das eleições, e quando ainda não se conheciam os resultados finals, Pedro Nuno Santos adiantou que o PS vai ser oposição.

Ainda se espera pelos votos dos emigrantes, que serão conhecidos no dia 20 de Março e que ainda podem dar vitória ao PS (4-0 ou 3-1, com mais votos no total).

Mas, na RTP, o socialista Pedro Delgado Alves já disse que o PS tem respeito pelos votos dos emigrantes, mas é “extraordinariamente improvável” que os círculos de Europa e de fora da Europa dêem vitória aos socialistas.

Portanto, está fechado? Todos concordam que o próximo primeiro-ministro será Luís Montenegro?

Aparentemente, não.

Na terça-feira, Mariana Mortágua anunciou reuniões entre todos os partidos de esquerda. O Bloco de Esquerda quer diálogo, convergência e uma alternativa.

O PCP não tem certezas sobre o futuro político. Paulo Raimundo disse na noite passada, igualmente na RTP, que tem noção de que Marcelo Rebelo de Sousa deve indigitar Montenegro como primeiro-ministro. Mas deixou um “se” no seu discurso: “Se o Governo do PSD for indigitado, tendo em conta o programa que tem, (…) tendo em conta o projecto que a direita toda tem para o país”, o PCP estará “na primeira linha de combate”.

O Livre também tem as suas dúvidas. Rui Tavares já foi recebido pelo presidente da República – que vai receber todos os partidos com deputados nos próximos dias – mas não concorda com a cronologia de Marcelo.

As audiências deveriam ser mais tarde. Ou repetidas: “É claro e justificado fazer novas audiências após contados os resultados finais, por respeito com todos os eleitores. (…) É uma questão de respeito para com os votos dos nossos cidadãos portugueses lá fora, justifica-se que venhamos a ter outras audiências, essas sim as constitucionais para indigitação de primeiro-ministro após os resultados finais eleitorais”. Porque os votos dos emigrantes não são “de segunda”, acrescentou mais tarde, na RTP.

Voltando às declarações depois do encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, destaca-se uma frase de Rui Tavares: “Há uma hipótese bem realista de os votos dos emigrantes alterarem o resultado eleitoral final”. Rui Tavares acredita que há uma “grande probabilidade” de alterações no número de mandatos, depois dos votos dos círculos da emigração.

O líder do Livre acrescentou que se deve procurar o “bloco político mais amplo e mais coeso” para formar Governo.

A base matemática para um eventual Governo de esquerda será a seguinte: os partidos de esquerda ficam com mais deputados do que AD+IL (mas mesmo isso não está assegurado).

O Chega fica fora destas contas, seja para um lado, seja para o outro.

E o PS?

Nesta equação com muitos “ses”, há um “se” essencial: o do PS.

Pedro Nuno já se colocou do lado da oposição. E dirigentes socialistas avisam que o PS não vai formar Governo, mesmo que tivesse mais um deputado do que a AD.

O PS recusa liderar o próximo Executivo, mesmo que ganhe as legislativas após a contagem dos votos dos círculos fora do país. Porque a direita terá sempre maioria absoluta, junta.

António Guterres, José Sócrates ou António Costa lideraram Governos PS sem maioria absoluta – mas os partidos de esquerda, juntos, tinham maioria absoluta.

E mais: se hoje já se pergunta quanto tempo vai durar um Governo minoritário da AD, também se pode perguntar quando tempo duraria uma nova versão da “geringonça”. É um cenário pouco provável, porque a longevidade que um Governo de esquerda – neste cenário – não seria muita. AD, IL e Chega estão do outro lado, em maioria.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

5 Comments

  1. mas então os 1.100.000 de votos do Chega não existem? A esquerda (extrema) potuguesa é completamente “fascista” . Lidam muito mal com a democracia e os resultados oficiais:

  2. Algum dia os emigrantes no seu perfeito juízo dariam 3 deputados ao ps, só se estivessem loucos, ou com requintes de malvadez para com os portugueses, este Rui Tavares é cá um sonhador…..se o ps eleger 1 deputado no círculo da emigração já será muito….ps perdeu as eleições aceitem que dói menos….

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  3. Pois ganhou, agora que desfrutem! A esquerda é burra se interfere, eles vão cair sózinhos.
    Com a fome de poder que por ai vai, vão ser só asneiras umas atrás das outras. Neste momento o melhor é assistir no camarote!

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