Governo demite administração da AICEP. “A razão? Partidarite pura”

Antonio Pedro Santos / Lusa

Augusto Santos Silva, antigo presidente da Assembleia da República

O Governo dissolveu, esta segunda-feira, a administração da Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP) liderada, até então, por Filipe Santos Costa. Augusto Santos Silva acusa o Governo de fazer “ocupação partidária do Estado”.

Filipe Santos Costa foi demitido da administração da AICEP, com o Governo a renovar toda a equipa da agência.

A mudança de administração da agência responsável por captar investimento prende-se com o objetivo de dar um “novo impulso e visão à AICEP, de acordo com o programa do Governo, segundo as mesmas fontes.

Toda a equipa da administração vai ser renovada e os novos nomes poderão ainda ser conhecidos durante o dia de hoje.

Filipe Santos Costa iniciou funções de presidente da AICEP em 05 de junho de 2023, para um mandato de três anos.

Ricardo Arroja é o novo líder

Na sequência da demissão, o Governo anunciou a escolha do docente e consultor Ricardo Arroja como o novo presidente da AICEP.

“Para o novo presidente da AICEP será nomeado Ricardo Arroja, até agora docente convidado na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, licenciado em gestão pela Universidade do Porto e Doutorado em Ciências da Administração pela Universidade do Minho”, indicou, em comunicado, o Ministério da Economia.

Ricardo Arroja, que desempenhou cargos de administração e fiscalização de empresas, conta ainda com experiência como consultor em temas como finanças empresariais e banca.

Foi também consultor em organizações internacionais como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Segundo o comunicado, para administradores executivos vão ser nomeados Madalena Oliveira e Silva, atual quadro da AICEP, a antiga embaixadora Joana Gaspar, Francisco Catalão, que é doutorado em gestão, e ainda o advogado e consultor Paulo Rios de Oliveira.

Os nomes indicados pelo Governo estão sujeitos à avaliação da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CRESAP). Contudo, esta avaliação não é vinculativa.

O mandato destes membros terá a duração de três anos.

“O Governo está seguro de que a nomeação de um novo presidente e novos administradores permitirá dotar o AICEP de uma nova dinâmica. Tal como previsto no programa do Governo, pretende-se robustecer o papel da AICEP no apoio à estratégia de internacionalização e de atração de investimento nacional e estrangeiro”, assinalou.

“Foi partidarite pura”

O antigo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, acusou o Governo de estar a fazer uma “ocupação partidária do Estado” desde que assumiu funções.

Santos Silva diz que a dissolução da administração da AICEP é mais um caso de “partidarite pura”.

“Qual foi a razão pela qual a agência mudou hoje de administração? Nenhuma que se conheça. Partidarite pura, desprezo absoluto por aquilo que é o mínimo de respeito devido à administração publica e instabilização, prejuízo da relação que tem que ser de confiança entre o Estado e os empresários”, criticou.

Num comício da campanha para as europeias, esta segunda-feira em Santarém, Santos Silva defendeu uma “Europa social” e que sabe “distinguir o Estado da sociedade e o Estado dos partidos” e que “sabe valorizar a administração pública, julgar os funcionários públicos pelo seu mérito e não pela sua cor partidária”.

“Uma Europa que sempre se levantou contra a ideia da ocupação partidária do Estado que é aquilo a que nós estamos a assistir – mais uma vez não tenhamos medo das palavras – nos últimos dois meses em Portugal”, acusou.

ZAP // Lusa

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