Governo declara estado de contingência por causa dos incêndios

Nuno André Ferreira / Lusa

Portugal está a enfrentar uma onda de calor que aumenta o risco de incêndios. O Governo declarou estado de contingência na próxima semana.

Portugal estará em estado de contingência entre 11 e 15 de julho, devido ao risco de incêndios florestais, segundo anunciou José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, este sábado.

A decisão foi tomada depois de o ministro se reunir com os ministérios da Defesa Nacional, do Ambiente e das Alterações Climáticas, da Saúde, da Agricultura e Alimentação. A Proteção Civil pode assim mobilizar “todos os meios de que o país dispõe” para combater os incêndios, explicou José Luís Carneiro.

Segundo o ministro, o país mantém a situação de alerta decretada esta quinta-feira, com as previsões a apontar para segunda, terça e quarta-feira como os piores dias.

O político insistiu na necessidade de os portugueses adotarem “atitudes e comportamentos responsáveis” para prevenir incêndios e afirmou que mais de 50% das circunstâncias que provocaram fogos estão relacionadas com negligência.

O ministro da Administração Interna tinha já alertado que esta era a “pior conjugação de fatores que há desde Pedrógão Grande“, em termos de risco de incêndios em Portugal, apelando a que se “faça tudo” para evitar que a situação se repita.

O comandante nacional de Emergência e Proteção Civil  também manifestou este sábado preocupação com os incêndios florestais em curso nos distritos de Bragança, Santarém e Leiria, avisando que as previsões meteorológicas para a noite não são favoráveis no combate às chamas.

“A situação meteorológica expectável para a noite não nos deixa muita margem de manobra […]. Estamos a falar uma noite com vento com alguma intensidade do quadrante Leste, humidades relativas muito baixas e a temperatura mínima acima dos 25°C, o que não vai facilitar o combate“, alertou André Fernandes.

Segundo o briefing do responsável à comunicação social, o país registou nas últimas 24 horas um total de 125 incêndios.

O site da ANEPC dá conta de 58 incêndios rurais ativos (18 em curso, oito em fase de resolução e 32 já em fase de conclusão), com um total de 2.597 operacionais destacados por todo o país.

A queda de árvores, colisões rodoviárias e falhas no abastecimento de água foram outras ocorrências registadas devido às condições meteorológicas adversas.

As temperaturas vão manter-se elevadas no país, sendo que Castelo Branco e Beja vão registar 41 graus Celsius, Setúbal e Portalegre registarão 39 graus Celsius de máxima. Em Lisboa, as temperaturas rondarão os 37 graus de máxima e no Porto estarão mais amenas, com 24ºC.

17 bombeiros feridos

Ficaram feridos 12 agentes da Proteção Civil nos incêndios dos últimos dois dias. Foram ainda assistidos 17 civis, segundo a Proteção Civil, que contabiliza também uma pessoa desalojada e cinco habitações destruídas ou danificadas.

“Temos 12 feridos ligeiros dos agentes de proteção civil e 17 civis assistidos. De salientar aqui que não há nenhum ferido com gravidade”, contabilizou o comandante André Fernandes, à comunicação social.

Segundo o responsável, nove dos feridos ligeiros operacionais e 16 dos civis foram registados esta sexta-feira e os restantes este sábado.

André Fernandes acrescenta ainda que, no incêndio no distrito de Santarém, em Ourém, duas habitações e dois anexos de outras duas habitações ficaram destruídos pelas chamas, enquanto em Vale de Pia, no concelho de Pombal (Leiria), três habitações foram danificadas.

“Até agora foi registado um desalojado no incêndio de Santarém”, acrescentou ainda o comandante, esclarecendo que a Câmara Municipal acionou o apoio social “e, portanto, a situação ficou resolvida“.

Marcelo cancela viagem a Nova Iorque

Marcelo Rebelo de Sousa cancelou a viagem a Nova Iorque, que deveria decorrer entre segunda e quinta-feira, devido ao elevado risco de incêndios florestais.

“O Presidente da República cancelou a deslocação a Nova Iorque no início da próxima semana, onde deveria intervir numa reunião especial do Conselho Económico e Social da ONU. O Presidente da República decidiu ficar em Portugal no início da semana, devido ao muito elevado risco de incêndios florestais”, lê-se no site da Presidência da República.

A viagem de Marcelo estava prevista para esta segunda-feira, a convite do presidente do Conselho Económico e Social das Nações Unidas.

O anúncio surge depois de o primeiro-ministro, António Costa, também ter anunciado o cancelamento da sua viagem oficial a Moçambique, prevista para segunda e terça-feira, devido “às previsões meteorológicas que indicam um agravamento muito sério do risco de incêndio rural nos próximos dias“.

Alice Carqueja, ZAP //

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