Governador da Califórnia promete emenda constitucional para permitir aborto

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Erik S. Lesser / EPA

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, e os principais responsáveis politicos comprometeram-se hoje a introduzir uma emenda à constituição estadual, na votação de novembro, que “consagre o direito de escolha” na questão do aborto, indica a AP.

Gavin Newsom prometeu assim tornar a Califórnia um “santuário” para as mulheres que optem por realizar o aborto, após o Supremo Tribunal norte-americano confirmar a existência de um projeto de decisão destinado a anular a decisão de 1973 que veio reconhecer o direito ao aborto em todo o país.

Os líderes legislativos estaduais da Califórnia avançaram com 13 projetos de lei para cumprir a promessa em causa, incluindo propostas que permitem utilizar dinheiro dos contribuintes californianos para pagar despesas das mulheres de outros Estados que se desloquem à Califórnia para poderem abortar.

Na noite de segunda-feira, Newsom e outros líderes políticos adicionaram uma outra proposta: uma emenda à lei estadual, mas sem dar fornecer detalhes, embora assegurando que será preservado o direito de escolha na questão do aborto.

O gabinete de Newsom anunciou que o objetivo é colocar a emenda à constituição da Califórnia em votação em novembro.

Será preciso uma votação de dois terços do poder legislativo para colocar uma emenda constitucional. Os democratas controlam tantos assentos que estão em condições de reunir os votos necessários, sem depender dos republicanos.

Em contraponto, em Atlanta, David Perdue, um republicano que concorre à indicação para governador na Geórgia, assegurou que tudo fará para proibir todos os abortos naquele Estado caso seja eleito.

As declarações de Perdue surgem após o Supremo Tribunal norte-americano confirmar a autenticidade de um projeto de decisão tornado público sustentando a anulação da decisão histórica de 1973 que reconheceu o direito ao aborto no país.

Por seu lado, a candidata democrata a governadora, Stacey Abrams, declarou-se “furiosa” como mulher e “horrorizada” como norte-americana pelo conteúdo da fuga de informação saída do Supremo Tribunal dos EUA de revogar o direito ao aborto.

A candidata prometeu “defender o direito ao aborto e lutar pela justiça reprodutiva”.

Por seu lado, a única clínica de aborto de Dakota do Norte garantiu às pacientes que as consultas permanecem válidas, pelo menos por enquanto.

Tammi Kromenaker, proprietária e gestora da Clínica Feminina Red River, em Fargo, revelou hoje que colocou um aviso no site da clínica a informar as mulheres que o aborto ainda é legal e que consultas na clínica são seguras e legais.

Em lado oposto, um republicano do Texas, autor da lei de aborto mais restritiva nos EUA, afirmou que espera que a lei de 1973 que reconhece o direito ao aborto acabe no “montão de cinzas da história”.

O senador texano Bryan Hughes foi o autor da lei que proíbe o aborto no Texas após as seis semanas de gravidez.

Hughes disse à AP por escrito que quando a lei de 1973 “estiver finalmente no monte de cinzas da história, mais pequenas vidas poderão ser salvas e mais mães poderão ser ajudadas”.

Face à fuga de informação do Supremo Tribunal dos EUA sobre o provável fim da lei de 1973, Becky Currie, membro da Câmara dos Representantes do Mississippi, manifestou-se revoltada com a situação, dizendo: “Não consigo parar de chorar. Não tenho a certeza se tenho palavras para expressar o que sinto”.

Por seu turno, Dalton Johnson, proprietário de uma clínica de aborto no Alabama, disse ter ficado impressionado com “a dureza” da iniciativa legislativa que promete acabar com o direito constitucional ao aborto e que leverá ao encerramento de clínicas em cerca de metade dos Estados norte-americanos. “Ainda estou em choque”, confessou.

Entretanto, em Washington, a polícia colocou barreiras de metal em redor do Supremo Tribunal, bloqueando o acesso ao edifício, designadamente às pessoas que optaram por se manifestar a favor e contra o aborto nas imediações daquela instância judiciária máxima, atualmente controlada por juízes conservadores.

Manifestantes anti-aborto empunhavam cartazes onde se lia “In God We Trust” (Acreditamos em Deus), enquanto os manifestantes pró-aborto seguravam cartazes a pedir a expulsão do juiz Brett Kavanaugh.

Segundo a AP, um manifestante com um megafone gritou: “Antes dos EUA, antes da Constituição, havia a lei de Deus”.

// Lusa

2 Comments

  1. Deviam era promover o uso de pilula e preservativo, para evitar que tivessem que ir a tal procedmento. Fazer campanhas intensivas sobre o uso de tal, talvez ficasse mais barato do que fazer o aborto.

  2. Ou então fazer a vasectomia em massa! Se não quiserem abortar não o façam mas não impeçam quem quer, de o fazer! A mulher toma a pílula, diariamente, durante toda a sua idade fértil, sujeitando-se às consequências nefastas que ela tem, e o homem, por ser mais seguro para a sua saúde, limita-se a colocar o preservativo! Até quando estas disparidades?

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