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“Isto é brincar à Proteção Civil”. Golas anti-fumo oferecidas às aldeias são inflamáveis

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Miguel A. Lopes / Lusa

Setenta mil golas anti-fumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anti-carbonização, que custaram 125 mil euros, foram entregues pela proteção civil no âmbito do programa “Aldeia Segura – Pessoas Seguras”, avança o Jornal de Notícias nesta sexta-feira.

De acordo com o jornal, as golas anti-fumo, fabricadas em poliéster, “não têm a eficácia que deveriam ter: evitar inalações de fumos através de um efeito de filtro”.

O programa “Aldeia Segura – Pessoas Seguras” está a ser implementado desde 2018 em vários municípios e soma, segundo o jornal, 1507 oficiais de segurança local – a quem compete encaminhar as populações para os locais de abrigo.

Dois oficiais de segurança do distrito de Castelo Branco disseram ao Jornal de Notícias que “a gola aquece muito” e “cheira a cola”. Estes oficiais queixaram-se também do colete refletor, também feito em poliéster.

Ao jornal, um representante da Foxtrot Aventura, empresa de Fafe, no distrito de Braga, a quem a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) comprou 15 mil kits e 70 mil golas em junho de 2018 disse que considerava tratar-se merchandising e que a entidade não referiu que os equipamentos “seriam usados em cenários que envolvem fogo”.

“Se assim fosse, as golas seriam de outro material e com tratamento para suportar esses cenários [de fogo]. Juro que achei que isto seria usado em ações de merchandising”, garantiu Ricardo Peixoto ao JN.

Uma fonte da ANEPC disse ao jornal que os equipamentos não passam de um “estímulo à implementação local dos programas” e “não são um equipamento de proteção individual”. “Estes materiais não assumem características de equipamento de proteção individual, nem se destinam a proporcionar proteção acrescida em caso de resposta a incêndios”, refere a proteção civil.

O programa “Aldeia Segura – Pessoas Seguras” tem como objetivos, entre outros, incentivar a consciência coletiva de que a proteção é uma responsabilidade de todos, apoiar o poder local na promoção da segurança, implementar estratégias de proteção das localidades face a incêndios rurais e sensibilizar as populações para a adoção de práticas que minimizem o risco de incêndio.

A execução do programa “Aldeia Segura – Pessoas Seguras” resulta de um protocolo assinado entre a ANEPC, a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE).

“Isto é brincar à Proteção Civil”

“Isto é brincar à Proteção Civil”, condenou o presidente da Associação de Proteção e Socorro (APROSOC), João Paulo Saraiva, que comentava o caso em declarações à TSF. O responsável fala de “um programa falacioso que não acrescenta segurança, mas antes uma falsa sensação de segurança”.

“É necessário preparar com equipamento adequado, formar e treinar as pessoas. E isto ainda não está a ser feito”, acrescentou, condenando ainda que o Governo tenha ignorado as recomendações da APROSOC e de outras associações.

Entretanto, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, mostrou-se indignado em relação às críticas feitas à Proteção Civil sobre os kits distribuídos às populações.

“É absolutamente irresponsável e alarmista responsabilizar um programa que envolve 1600 aldeias e autarcas por todo o país. Para que saiba quais são os abrigos, quais são os comportamentos de risco”, disse o governante à TVI 24.

“[O senhor jornalista] tem material inflamável consigo. Vamos ser responsáveis, vamos ter um sentido de responsabilidade, e a autoridade da Proteção Civil tratará de dar os esclarecimentos sobre matérias que são da sua competência”, replicou Eduardo Cabrita sobre a composição das golas fornecidas às populações.

Eduardo Cabrita recusou-se a responder sobre o objetivo da distribuição destas golas com material inflamável, bem como o que as populações devem fazer com elas, remetendo para o esclarecimento já feito pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.

ZAP // Lusa

10 Comments

  1. Confesso que fartei-me de rir. Se não fosse tão grave isto seria hilariante e divertidíssimo! Enfim, para estes Senhores que nos governam e que torraram mais 125.000 dos nossos impostos, o fogo combate-se com adereços. E isto é tudo uma gigantesca brincadeira. Sim, sim, votem neles!!! Ah!Ah!Ah!Ah! Brutal!

  2. considerava tratar-se merchandising?????
    a entidade não referiu que os equipamentos “seriam usados em cenários que envolvem fogo”????
    os equipamentos não passam de um “estímulo à implementação local dos programas” e “não são um equipamento de proteção individual”?????
    Juro que achei que isto seria usado em ações de merchandising”???? Jura??????????

    15000 kits e 70000 golas?????

    Dinheiro para os amigos do costume, obviamente, para além de andar verdadeiramente a brincar à protecção civil…..

    É o deboche total, já nem têm o pudor de fazer as coisas pela calada, è às claras………

  3. Não morre da doença, morre da cura.
    Isto é mais uma demonstração das capacidades e competências dessa gente que está no poleiro.

  4. Oh Costa!, não tiveste agora vontade de rir com mais esta incompetência?

    Este é mais um exemplo da má aplicação dos nossos impostos – em que o Estado já arrecadou nestes primeiros 6 meses de 2019 mais cerca de 1,3 mil milhões do que em igual período de 2018, e que continuam a ter o descaramento de dizer que não houve aumento de impostos.

    E, assim, vai o país, a cantar e a rir….

  5. – Já estão todos equipados e prontos com o kit fornecido?
    – Sim, senhor comandante!
    – Então, podem tirar que vem aí o fogo!!

  6. onde andam os comunistinhas agora??? nao leram esta noticia, estão mais preocupados com as noticias sobre presidentes do outro lado do atlantico.
    Deiam maioria absoluta a essa canalhada toda.

  7. O nosso dinheiro dá para tudo, até para golas inflamáveis a mais do dobro do preço de mercado diz:

    Já prenderam alguém? O Ministro ainda está solto?

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