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Um dos gangsters mais famosos dos EUA foi encontrado morto na prisão

James “Whitey” Bulger tinha 89 anos quando foi encontrado morto na Penitenciária Federal Hazelton, na Virgínia Ocidental. As primeiras informações indicam que terá sido assassinado.

Durante 16 anos, James “Whitey” Bulger escapou às autoridades dos Estados Unidos. O criminoso foi considerado culpado de 11 homicídios e 30 delitos relacionados com crime organizado, incluindo extorsão, lavagem de dinheiro e tráfico de droga.

Na terça-feira foi encontrado morto na prisão federal de Hazelton, na Virgínia Ocidental, onde terá sido espancado e assassinado pouco depois da sua transferência da Florida.

O FBI está a investigar o crime, informou uma porta-voz do Departamento de Justiça, Stacy Bishop, citada pelo Boston Globe. Segundo o jornal, o criminoso terá sido assassinado por outro recluso com ligações à máfia de Boston.

“Este é o terceiro crime em sete meses nas nossas instalações”, afirmou Richard Heldreth, representante de um sindicato local de guarda-prisionais, queixando-se da falta de agentes nas instalações prisionais.

A longa e mortal carreira de “Whitey”

“Whitey” (branquela) era uma referência ao cabelo loiro platinado que James tinha desde jovem. Filho de imigrantes irlandeses, Whitey cresceu nos bairros de lata do sul de Boston.

O irmão mais novo, William Bulger, tornou-se um dos mais influentes políticos democratas de Massachusetts, onde durante 17 anos foi o presidente do Senado. Já Whitey tornou-se o homem mais temido da cidade.

Whitey não levantava suspeitas: no bairro, ajudava idosos a atravessar a estrada e distribuía peru pelos vizinhos no feriado de Thanksgiving (Dia de Ação de Graças). Mas a realidade escondia um cenário distinto: Whitey matava a sangue-frio.

Entre os crimes estão o estrangulamento de duas mulheres e o homicídio de dois homens com um tiro na cabeça depois de amarrá-los a cadeiras e interrogá-los durante horas. De acordo com os testemunhos ouvidos no julgamento, Whitey dormia uma sesta enquanto outros limpavam os locais dos crimes. Às vítimas eram removidos os dentes para que não pudessem ser identificadas.

Antigo líder do grupo de crime organizado Winter Hill Gang, foi um dos maiores criminosos norte-americanos e protagonizou um dos maiores escândalos da história do FBI. Entre 1975 e 1990, Whitey informou o FBI sobre um grupo rival, pertencente à máfia italiana, enquanto ele próprio continuava a matar e a intimidar, sob a proteção da agência federal.

Ao mesmo tempo, subornou agentes do FBI e da polícia em troca de informação sobre investigações e escutas feitas à sua organização, de forma a manter-se sempre um passo à frente das autoridades.

Whitey pôs-se em fuga em Dezembro de 1994, quando um agente corrupto do FBI o avisou de que as autoridades estavam prestes a executar um mandado de captura contra ele. Durante anos, foi um dos homens mais procurados pelas autoridades dos EUA.

A recompensa por informações que conduzissem à sua captura atingiu os dois milhões de dólares (equivalente a 1,7 milhões de euros) – o valor mais alto oferecido pela agência de investigação por um fugitivo americano. Foi detido no seu apartamento em Santa Mónica, na Califórnia, a 22 de Junho de 2011.

Em 2013, a juíza Denise Casper, depois de o ter condenado a duas prisões perpétuas e mais cinco anos, ao fim de 40 anos de crimes, determinou ainda que Whitey pagasse indemnizações de 19,5 milhões de dólares (equivalente a 14,5 milhões de euros).

O caminho criminoso de Whitey até foi parar às salas de cinemas, tendo servido de inspiração ao filme Entre Inimigos, em 2006 e Jogo Sujo, em 2015.

A namorada de Whitey, Catherine Greig, de 67 anos, continua a cumprir pena na prisão no Minnesota. Deverá sair em liberdade a 29 de Setembro de 2020, data em que cumpre oito anos de prisão por crimes de identidade fraudulenta.

ZAP // BBC

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