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Uma em Sines, outra no Norte. Galamba anuncia a criação de duas “fábricas” de hidrogénio

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António Pedro Santo / Lusa

Portugal vai ter pelo menos dois “hydrogen valleys” – clusters industriais para a produção, distribuição, exportação e uso de hidrogénio verde em território nacional – nos próximos anos.

A informação foi adiantada na quarta-feira por João Galamba, secretário de Estado da Energia, no final da conferência de alto nível “Hydrogen in Society – Bridging the Gaps”, organizada no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE).

De acordo com o ECO, Portugal vai desenvolver pelo menos dois clusters industriais para a produção, distribuição, exportação e uso de hidrogénio verde em território nacional. Um estará localizado no Porto de Sines e o outro no norte do país.

Segundo João Galamba, “existem já muitos destes hydrogen valleys na Europa” e Portugal não quer ficar fora da corrida para instalar este tipo de “ecossistemas integrados que permitem o desenvolvimento sistemático dos vários elementos da cadeia de valor do hidrogénio verde”, desde a fase de produção, à distribuição e ao uso.

“Estes clusters, como o que está programado para nascer em Sines, favorecem a eficiência coletiva, baixam os custos de produção e permitem a criação mais rápida das cadeias de valor do hidrogénio verde, que são alguns dos objetivos da UE”, disse.

Filipe Costa, CEO da AICEP Global Parques, empresa estatal que gere a Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), levantou o véu sobre a estratégia do Governo. A criação do “Sines Hydrogen Valley” está já em marcha e vai incluir mais de 1 GW de produção de eletricidade renovável a partir da energia solar e eólica e mais de 1 GW de capacidade de produção de hidrogénio verde a partir de eletrolisadores.

A ZILS tem disponíveis 2.375 hectares contíguos ao Porto de Sines, ocupados apenas a 70% e com espaço para instalar projetos de hidrogénio.

“Estamos proativamente a acolher futuras instalações de eletrolisadores e projetos industriais para o fabrico ou montagem de painéis solares, eletrolisadores ou outros componentes para equipamentos de geração de energia renovável”, disse Filipe Costa.

O responsável falou ainda da ligação direta à rede nacional de gás natural (interligada com Espanha) e a proximidade com o porto de águas profundas de Sines, que poderá ter novos terminais dedicados ao gás renovável e de onde, no futuro, sairão os navios carregados de hidrogénio liquefeito para o Porto de Roterdão e outros pontos da Europa.

De acordo com Filipe Costa, uma Comunidade de Energia Renovável está a ser implementada na Zona Industrial e Logística de Sines e será alimentada pelo cluster de energias renováveis que está a nascer nas redondezas.

Sem preço competitivo, “não haverá sucesso no hidrogénio”

O presidente da Bondalti, João de Mello, disse esta quarta-feira que o hidrogénio verde ainda não é competitivo relativamente ao que provém de combustíveis fósseis e que sem a redução dos custos da eletricidade, “não haverá sucesso na estratégia do hidrogénio”.

“O hidrogénio verde ainda não é competitivo relativamente ao cinzento. […] Se o preço da energia não for competitivo, não haverá sucesso na estratégia do hidrogénio verde”, disse o CEO da empresa de Estarreja pertencente ao Grupo José de Mello, que está a desenvolver um projeto de produção de hidrogénio, num investimento de 2,4 mil milhões de euros, selecionado pelo Estado português para candidatura a financiamento pela UE.

O responsável reiterou que a aposta no hidrogénio verde é um desafio com o qual a Bondalti está comprometida, porém, elencou os principais obstáculos ao sucesso da estratégia do hidrogénio, onde se inclui o preço da eletricidade.

“Estamos todos a competir, todos os países estão a competir [e] um preço competitivo da eletricidade é um fator chave”, considerou João de Mello.

O presidente da Bondalti referiu a necessidade de incentivos ao desenvolvimento da tecnologia necessária para criar um mercado de hidrogénio. “Se queremos ser neutros em carvão até 2050, temos de ter a perceção de que será necessário um grande investimento“, apontou.

João de Mello sublinhou ainda que tem de ser resolvida a questão dos produtos provenientes de carvão, de países com leis ambientais diferentes das da UE, mas que são, no entanto, exportados para a UE.

Maria Campos, ZAP // Lusa

11 Comments

  1. O Galambadas andou tão caladinho estes últimos tempos, era óbvio que andava a preparar alguma. Gostava de saber porque é que o governo, se não é proprietário da Galp ou da EDP, tem que se meter agora no hidrogénio. Ou são senhores de toda a energia ou então deixem para os privados. Mais um a governar-se. Grande filho da mãe.

  2. curioso como agora se chama energia verde a tudo. é como o lítio, rebentar montanhas para retirar o lítio do granito também é muito “verde”.

    E é interessante como andamos a fingir que já nao se sabia que vinha aí negociata do hidrogenio. Era obvio, ja esta no Plano de Resilencia e tudo. Faz parte da transiçao Climatica, dizem eles.

    Agricultura Local, Reflorestaçao, Expansao das Ciclovias, ja se ve menos dinheiro a entrar… nao dá para vender grande tecnologia assim!

    Mas com uma nova fonte de energia, é um fartote porque tem de se comprar tudo. Todos ficam a ganhar. Menos o ambiente, ms isso nao interessa tanto assim.

  3. Começa-me a parecer que este a exemplo do que acontece com o novo aeroporto, vai ser tema para longos anos de discussão, entretanto quando chegarem a uma conclusão possivelmente já o empreendimento estará desatualizado.

  4. Acorda Galamba…pais e solarengo e precisa de todos…
    Nao entregue a producao de H2 ao poderosos porque inovacao esta sempre mas sempre nas pequenas e medias empresas….Caramba estes politicos sempre a falhar nas decisoes e sempre a negar aquilo que outros paises apoiao…
    Nos precisamos de pequenas e medias empresas e grandes tb…. temos um pais com potencial fora do normal de energias naturais e este politico sem vergonha quer restringir a duas regioes… anda tudo maluco…ponham este ganho no c…. entao estamos a brincar…. resto do pais fica sobiar e desperdicar potencial enorme de producao…anda tudo maluco….
    Nesta altura o governo deveria ter um plano genrico abrangente para producao e e simples de fazer…problema e que com politicos que nao entendem questoes tecnica, nem se interessam pela parte de recolha informacao do potencial do pais real….abra os olhos galamba….nao encha os seus bolsos…veja que amanha novas geracoes poderiam progredir e evoluir os processos…. restrigir a duas zonas e castrar e ignor o restante pais e um convite a novas fornadas de recem licenciados e mestrados a emigrar tal como eu fiz…..senhor galamba amanha voce e velho e nao pode mudar nada, pode ter uns tostoes roubados e nada lhe vale muito…

  5. As decisoes do governo sao para criancas verem e nada mais…
    Produzir hidrogenio e simples, mas tem de haver Plano abrangente nacional….

    Ora dar dinheiro para uns amigos construirem parque fotovoltaico e coisa mais simple do mundo.
    Ainda nao percebi para que teem tantas universidades e politecnicos se pais nao quer nem aproveia as ideias de quem passa por la e dos alunos das escolas profissionais e das pessoas em geral…

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