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Olhos postos no G20: Tensão comercial marca cimeira na Argentina

(h) EPA

A cimeira do G20 inicia esta sexta-feira sob forte dispositivo de segurança e com uma agenda preenchida de reuniões. A tensão comercial entre a China e os Estados Unidos, o conflito na Ucrânia e o Brexit são os temas dominantes.

A cimeira do G20 começa esta sexta-feira em Buenos Aires, na Argentina, sob forte dispositivo de segurança e com uma agenda preenchida de reuniões plenárias e bilaterais, onde predomina a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, o conflito na Ucrânia e o Brexit.

Uma das incógnitas e pontos que mais despertam interesse no encontro anual do G20 é a forma como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o da China, Xi Jinping, se relacionarão, quando se reunirem a sós e quando na cimeira a 20 discutirem as relações comerciais a nível global.

Nos últimos dias, Trump provocou uma escalada verbal na guerra comercial, ao anunciar que a atitude intransigente da China levaria os Estados Unidos a estenderem o âmbito do incremento de taxas alfandegárias sobre os produtos chineses.

O governo de Pequim reagiu de imediato, anunciando aumentos tarifários sobre produtos oriundos dos EUA, mas também dos países aliados dos norte-americanos. “Estou preparado para reunir com o Presidente chinês. Toda a vida me preparei para esse encontro”, afirmou na semana passada Trump, a propósito da reunião bilateral.

Quinta-feira, minutos antes de voar para Buenos Aires, Trump foi ainda mais ambíguo sobre os resultados desse encontro. “Estamos muito perto de fechar alguma coisa com a China, mas não sei se quero fazê-lo. A China quer um acordo. Mas gosto do acordo que já temos”, disse aos jornalistas nos jardins da Casa Branca.

Donald Trump ainda admitiu que outra reunião importante em Buenos Aires seria com o Presidente russo, Vladimir Putin. Mas, minutos depois, já dentro do avião presidencial, Trump pegou no telemóvel e tweetou que cancelava esse encontro, por considerar que os incidentes de domingo no estreito de Kerch, após o apresamento pelos russos de três navios ucranianos, tornavam a reunião bilateral inconveniente para todas as partes.

Ainda assim, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia será um dos pontos quentes da cimeira, com vários dirigentes a procurarem perceber a posição russa, depois de a Ucrânia já ter pedido reforço militar da Nato na região.

Buenos Aires será o palco do primeiro encontro entre a primeira-ministra britânica, Theresa May, e o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, desde o ataque em Salisbury com agentes químicos que matou Dawn Sturgess, provocando um incidente diplomático com repercussões em todo o mundo.

Os olhares também estão postos em Mohammed bin Salman, herdeiro da coroa da Arábia Saudita, suspeito de autoria moral do assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, cuja investigação ainda decorre. O caso perturba a diplomacia mundial e quinta-feira o Canadá juntou-se aos EUA e à Alemanha na decisão de colocar sanções sobre elementos ligados ao governo saudita suspeitos de envolvimento do jornalista.

Para já, estão marcadas duas reuniões bilaterais sobre este tema com Mohammed bin Salman, uma com o Presidente Putin e outra com o Presidente francês, Emmanuel Macron. “Eu fui sempre muito claro sobre o tema da Arábia Saudita e inevitavelmente terei a oportunidade de o discutir com o príncipe saudita, à margem da cimeira”, disse Macron aos jornalistas, na quinta-feira.

A cimeira vai decorrer debaixo de um forte dispositivo de segurança, depois de vários grupos de ativistas da Argentina e internacionais terem anunciado que se preparam para realizar protestos junto das instalações do encontro.

Criado em 1999, o G20 é um fórum que reúne governos e bancos centrais das 20 maiores economias mundiais (19 países e a União Europeia). Coletivamente, as economias do G20 representam cerca de 85% da riqueza mundial.

O G20 não tem um pessoal permanente e a sua liderança é rotativa, anualmente, entre nações dividas por grupos regionais.

ZAP // Lusa

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