A Greenpeace, uma organização ambiental internacional, avisou através de um relatório que a água contaminada que poderá ser lançada no mar pela usina nuclear de Fukushima contém carbono radioativo que pode danificar o ADN humano.
De acordo com a Greenpeace, a água armazenada na usina contém uma enorme quantidade do isótopo radioativo carbono-14 e outros elementos perigosos, que têm “graves consequências a longo prazo” para a população, para o ambiente e para a indústria piscatória.
O relatório divulgado na passada sexta-feira, foi elaborado depois do grupo ambientalista conhecer as intenções do governo japonês em libertar a água, usada para arrefecer os reatores da antiga central, no Oceano Pacífico, uma vez que o espaço de armazenamento está a esgotar-se.
Segundo a organização, a água armazenada na fábrica de Fukushima pode conter até 63,6 gigabequerels – unidade usada para determinar a atividade de um isótopo radioativo, sendo que um bequerel corresponde a uma desintegração nuclear por segundo.
Para além do isótopo radioativo trítio, a água contém o isótopo radioativo carbono-14, considerado “o maior contribuinte para a dose coletiva de radiação humana e tem o potencial de danificar o ADN humano”.
Shaun Burnie, autor do documento e principal especialista nuclear do Greenpeace Alemanha, disse à CNN que “estes materiais radioativos são perigosos durante milhares de anos e têm o potencial de causar danos genéticos”.
O relatório foi já refutado pela Tokyo Eletric Power (Tepco), a empresa que opera a central. Ryounosuke Takanori, porta-voz da empresa, disse à CNN em comunicado que a concentração de carbono-14 contido na água tratada “é de cerca de 2 a 220 becquerels por litro, conforme medido nos tanques de água”.
A empresa refere que “mesmo que a água seja continuamente bebida 2 litros por dia, a exposição anual é de cerca de 0,001 a 0,11 milisieverts — unidade usada para dar uma avaliação do impacto da radiação ionizante sobre os seres humanos — , o que não é um nível que afete a saúde“.
O representante da TEPCO avança que a empresa realizará um tratamento secundário “para satisfazer os padrões reguladores para descargas diferentes do trítio”, e os materiais radioativos, incluindo carbono-14, “serão reduzidos o máximo possível”.
O desastre na central de energia nuclear de Fukushima que ocorreu em 2011 danificou três reatores e a solução encontrada para que não derretessem foi usar continuadamente água em tubos de arrefecimento. Uma vez que ficava contaminada depois do seu uso, a água passava a ser armazenada em reservatórios.
O problema é que a cada dia que passa são armazenadas mais de 170 toneladas de água contaminada. Agora, com a lotação de espaço quase esgotada a pressão em torno do destino desta água tem vindo a aumentar.