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A casa onde estava escondido o fugitivo de Vale dos Judeus Fernando “Careca”
Os habitantes de Castanheira de Chã, em Trás-os-Montes, conviveram com um recluso da prisão de Vale dos Judeus sem o saber. Agora a aldeia tornou-se um sucesso — todos querem ir ver a casa de “Fernando Careca”.
A pequena aldeia transmontana de Castanheira de Chã, em Montalegre, foi cenário da mediática captura de um dos fugitivos da prisão de Vale dos Judeus, em Lisboa.
Desde então, contam alguns residentes ao JN, tem assistido a um interesse crescente na zona: tudo por causa de, numa casa abandonada, se ter recapturado Fernando “Careca” o ano passado. Estava lá escondido há algum tempo e interagia com a população, que suspeitou mas não acreditou na identidade do foragido.
Na altura, um aldeão até disse que o recluso parecia simpático e educado com toda a gente. “Eu disse que ele me parecia ser um dos fugitivos da cadeia de Vale de Judeus. Ninguém acreditou porque ninguém pensava que um homem daqueles se ia esconder numa aldeia tão pequena como a nossa”.
Agora, na aldeia com menos de 100 pessoas venderam-se 5 casas no curto espaço de duas semanas. Quem o diz é o próprio agente imobiliário Jorge Nogueira. “Às vezes, temos aldeias esquecidas. As pessoas não tinham noção desta aldeia. Toda a gente se vira para a zona do Gerês”, lamenta.
Mas tudo mudou, “Castanheira de Chã saltou para as televisões”, diz, e “as pessoas, por curiosidade, começaram a ir ao fim-de-semana. Depois, começaram a ir ao restaurante da zona, falaram com as pessoas da aldeia que são muito simpáticas”.
“Muita gente veio por curiosidade e acabou por gostar da aldeia. As casas próximas da do ‘Fernando Careca’ tiveram grande procura“. Um verdadeiro influencer? Parece que sim. Algumas casas tiveram vários contactos.
“Há cerca de 15 anos que faço aquela zona e, de repente, comecei a vender casas. É um território lindíssimo que está escondido e, com esta má notícia, acabou por ser descoberto”, conta o agente imobiliário.
Mas a residente Emília Dias deixa um aviso: as aldeias e zonas rurais continuam sem habitantes, e isto não é um passo em frente.
“Somos cada vez menos a trabalhar nos campos. Isto até pode mudar muito, mas, para já, não se nota nada. O que se nota é que anda gente por aqui à procura de umas casas mais pequenas e estas, que ainda estão à venda, são grandes. São casas para turismo não são para vir para cá gente viver”, aponta.