François Fillon “não achou necessário” declarar um empréstimo de 50 mil euros

O candidato de Os Republicanos (direita) às presidenciais francesas François Fillon recebeu 50 mil euros do empresário Marc Ladreit de Lacharriére que não constam da sua declaração de rendimentos.

Fillon “não achou necessário” incluir os 50 mil euros emprestados em 2013 por Ladreit de Lacharriére na sua declaração de património enviada à Alta Autoridade para a Transparência de Vida Pública, escreve o jornal Le Canard Enchaîné.

Ladreit de Lacharrière é um homem de negócios próximo ao líder da direita e proprietário da revista literária “La Revue dês Deux Limpes”, para a qual a esposa de Fillon, Penelope, foi contratada como colaboradora.

Ladreit de Lacharrière contratou Penelope Fillon entre maio de 2012 e dezembro de 2013 por cinco mil euros brutos ao mês, mas segundo o então diretor da revista, Michel Crépu, a mulher de Fillon só fez duas críticas literárias nesse período.

Os agentes suspeitam que a contratação pode ter sido um favor depois de Ladreit de Lacharrière ter recebido, em 2010, a pedido de Fillon, então primeiro-ministro, a Grande Cruz da ordem nacional da Legião de Honra, uma das principais distinções do país.

O advogado do candidato, Antonin Levy – que está envolvido num outro escândalo ao ser acusado formalmente no inquérito sobre uso indevido de fundos públicos – garantiu que o dinheiro emprestado foi “inteiramente reembolsado”.

Levy indicou que essa quantia foi oferecida “sem data limite de devolução” e que o atual candidato não a incluiu na declaração de património perante a Alta Autoridade para a Transparência da Política (HATVP).

O “Le Canard Enchaîné” recorda que pessoas que ocuparam cargos públicos como o deputado Patrick Balkany e o empresário Serge Dassault foram condenados no passado por esse tipo de “esquecimentos”.