A jovem sueca Greta Thunberg foi convidada a discursar no Parlamento francês e deixou uma mensagem aos críticos: “Não são obrigados a ouvir-nos, afinal somos crianças. Mas devem ouvir a ciência”.
Um grupo de deputados franceses convidou Greta Thunberg a discursar no Parlamento francês, mas o convite despertou a fúria de conservadores e de extrema-direita, que se aliaram num apelo ao boicote e a denunciaram como “profetisa do apocalipse de calções”.
A jovem ativista não cedeu a pressões e discursou esta terça-feira na Assembleia Nacional, em Paris, para denunciar que os “Governos têm feito muito pouco tempo para encontrar uma solução” para o aquecimento global, que ameaça a “sobrevivência da Humanidade”.
Greta não discursou no hemiciclo, mas sim numa outra sala para quem a quis ouvir e deixou um aviso: “Alguns decidiram não vir, alguns optaram por não nos ouvir. Muito bem. Mas terão de ouvir a ciência. É tudo o que pedimos, que nos unamos em torno da ciência”.
“Recebemos quantidades inimagináveis de ódio e ameaças por nos limitarmos a citar números, factos científicos. Somos ridicularizados e deputados e jornalistas mentem-nos”, disse ainda jovem sueca, citada pelo Público.
Greta Thunberg foi convidada por 162 deputados franceses do grupo interpartidário ambientalista “Vamos Acelerar”, e os seus críticos não tardaram a denunciá-la como “profetisa do apocalipse” e de estar ao serviço do capitalismo verde.
Guillaume Larrive, deputado francês e um dos candidatos à liderança do partido de centro-direita Os Republicanos, escreveu no Twitter: “Apelo aos meus colegas para boicotarem Greta Thunberg. Não precisamos de profetisas do apocalipse para combater as alterações climáticas de forma inteligente”.
Julien Aubert, outro candidato à liderança partidária, disse: “Não contem comigo para ir e aplaudir uma profetisa do apocalipse, a Prémio Nobel do Medo”.
De acordo com o diário, uma aliança entre conservadores e extrema-direita tomou forma. Jordan Bardella, de 23 anos, eurodeputado da União Nacional de Marine Le Pen acusou a jovem no canal France2 de ter uma “abordagem derrotista”. “Usar crianças para passar uma mensagem fatalista sobre o mundo em chamas, deixar a escola e entrar em greve, é uma abordagem profundamente derrotista.”
Mas há também quem saia em sua defesa. É o caso de Olivier Faure, deputado e primeiro secretário do Partido Socialista francês: “A raiva devia estar a afetar-nos a todos. Não precisamos de um boicote, pelo contrário, devíamos aplaudir e dizer que não estamos a fazer o suficiente. Esta jovem mulher tem desempenhado um papel extraordinário de consciencialização na Europa, mesmo no mundo”.
“Temos de acreditar que estamos numa situação dramática e até trágica por os jovens estarem mais atentos que muitos políticos”, disse ainda a deputada Delphine Batho, presidente do Geração Ecológica.
A maioria dos deputados que apoiaram a intervenção de Greta Thunberg no Parlamento francês pertence ao República em Marcha do Presidente francês, Emmanuel Macron, que tem tentado convencer os eleitores mais jovens de que é um campeão na luta contra as alterações climáticas.