França cede aos agricultores e adia proibição de pesticidas. Os ambientalistas estão furiosos

Yoan Valat / EPA

O governo francês cedeu aos agricultores, que nos últimos dias bloquearam Paris com protestos, e adia plano para eliminar uso de pesticidas. Os ambientalistas protestam.

Perante os fortes protestos dos agricultores dos últimos dias, o governo francês anunciou a suspensão do plano de eliminar o uso no país de alguns pesticidas.

O primeiro-ministro Gabriel Attal deu a garantia de que que não haverá novas proibições ao uso de pesticidas “até haver uma solução”, e acrescentou que nenhum pesticida autorizado na União Europeia verá o seu uso ser interditado em França.

A garantia de Attal surge após fortes críticas dos agricultores franceses, que se queixam de que a regulamentação para o uso de pesticidas em França é muito mais apertada do que nos países vizinhos.

O anúncio da suspensão da proibição de pesticidas parece ter acalmado os protestos dos agricultores, que nos últimos dias bloquearam os acessos a Paris, mas, diz a Euronews, deixou os ambientalistas furiosos.

O primeiro-ministro francês anunciou no entanto, com efeito imediato, a proibição de importação de fruta e vegetais produzidos fora da União Europeia, que tenham sido tratados com tiaclopride, um inseticida atualmente proibido na UE.

A França vai propor a ainda criação de uma “força de controlo europeia” para combater a fraude nas regulações sanitárias e impedir a importação de produtos alimentares que desrespeitem os padrões europeus e franceses, diz a Euronews.

O ministro da Agricultura francês, Marc Fesneau, anunciou uma linha de crédito de dois mil milhões de euros para quem estiver a iniciar a atividade como agricultor, e  um apoio de 150 milhões de euros aos produtores de gado, além de uma redução fiscal sobre as explorações que passem das gerações antigas para as mais jovens.

Serão ainda duplicadas as fiscalizações aos grupos industriais alimentares e às redes de supermercados que não cumpram a legislação de 2018, que exige o pagamento de um preço justo aos fornecedores.

As medidas agora anunciadas poderão acalmar os ânimos dos agricultores franceses, que esta semana cercaram Paris e paralisaram a capital gaulesa — iniciativa que foi seguida esta semana pelos agricultores portugueses.

A mobilização dos agricultores em França pretende denunciar sobretudo a queda de rendimentos, as pensões baixas, a complexidade administrativa, a subida da inflação e a concorrência estrangeira.

Os protestos dos agricultores franceses reuniram o apoio e solidariedade de diversos setores da sociedade francesa, entre os quais os ambientalistas.

No domingo, duas ativistas da ONG francesa “Riposte Alimentaire” (Resposta Alimentar) atiraram sopa à pintura de Mona Lisa que se encontra exposta no Louvre, numa ação de protesto pelo direito a “alimentação saudável e sustentável”.

“O vosso sistema agrícola está doente. Os nossos agricultores estão a morrer no trabalho”, gritaram as manifestantes.

Os agricultores agradecem o apoio, mas preferem provavelmente poder continuar a cultivar os seus produtos usando os pesticidas que o governo de Macron pretende proibir.

ZAP //

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