Bloqueio já começou: agricultores cortam trânsito em diversas estradas

Paulo Novais / Lusa

Os dois primeiros registos surgem no Alentejo, onde a EN4 foi cortada perto de Elvas. Agricultores ameaçam tomar Lisboa.

A Estrada Nacional (EN) 4 junto a Elvas, no distrito de Portalegre, foi temporariamente cortada ao trânsito, no arranque de um protesto de agricultores que pretende bloquear a fronteira com Espanha.

Os ‘homens da terra’, vindos de vários concelhos dos distritos de Évora e Portalegre, começaram a concentrar-se antes das 05:00, neste local, sob o ‘olhar atento’ da GNR, e, por volta das 06:20, iniciaram o protesto.

Com os tratores parados ou em circulação lenta neste troço da EN4, o trânsito ficou bloqueado, constatou a agência Lusa no local.

Os tratores conduzidos por agricultores têm os ‘pirilampos’ ligados e transportam bandeiras portuguesas e faixas com palavras de ordem contra as políticas do Governo para o setor.

Entretanto, carrinhas estão a entrar no nó da autoestrada A6 junto à EN4, supostamente em direção à fronteira do Caia.

Segundo João Dias Coutinho, da organização do protesto, neste local, estarão cerca de 150 tratores e 100 carrinhas.

Já a dois quilómetros da fronteira de Galegos, em Marvão, também no distrito de Portalegre, o trânsito está cortado, desde as 06:00, mantendo-se apenas uma faixa de segurança, indicou à Lusa a organização do protesto.

A iniciativa é organizada pelo Movimento Civil de Agricultores.

Alargamento do protesto

Perto das 07:30 várias estradas do país estavam condicionadas devido ao protesto dos agricultores, que mobiliza centenas de veículos agrícolas, disse à agência Lusa fonte da Guarda Nacional Republicana (GNR).

“Neste momento, na Guarda temos a A25 condicionada ao trânsito com um corredor de emergência, com concentrações de 200 tratores. Em Portalegre, na fronteira do Caia no sentido Portugal-Espanha temos uma marcha lenta com condicionamento desta via, com uma concentração de 200 tratores”, disse o capitão João Lourenço, das Relações Públicas da GNR.

Os agricultores concentrados junto à fronteira do Caia, em Elvas, distrito de Portalegre, ameaçaram levar os protestos até Lisboa caso o Governo não os contacte sobre as reivindicações do sector.

“Já temos confirmação de Espanha que eles [agricultores] vão avançar com o fecho das fronteiras, pelo que a nossa acção aqui em Caia deixa de fazer sentido. Se não vêm [Governo] falar connosco, em breve tomamos Lisboa“, disse João Dias Coutinho, do Movimento Civil de Agricultores, em declarações à agência Lusa.

Em Santarém há uma concentração de 100 tratores na Golegã, com condicionamento na ponte da Chamusca.

“Em Beja, entre Vila Verde e Ficalho, na Estrada Nacional 260, temos uma concentração de cerca de 45 tratores e quatro viaturas pesadas”, indicou.

A GNR está, segundo o capitão João Lourenço, a acompanhar o movimento dos agricultores portugueses, empenhando diversas valências.

“Estamos a fazer patrulhamento onde existe aglomeração de pessoas e viaturas de forma a garantir a segurança rodoviária, a fluidez de trânsito, a ordem e tranquilidade públicas, sobretudo nestes locais onde há concentração de pessoas, garantindo corredores alternativos nos principais eixos rodoviários”, disse.

Segundo a GNR, ao início da manhã não havia registo de incidentes significativos da alteração da ordem pública, não obstante os condicionamentos de trânsito.

“Apelamos a todos que estejam neste protesto que não coloquem em causa os direitos das pessoas, neste caso o direito à mobilidade”, indicou.

Os agricultores estão hoje na rua com os seus tratores, de norte a sul do país, reclamando a valorização do setor e condições justas, tal como tem acontecido em outros pontos da Europa.

O protesto, uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).

O pacote abrange entre outras, medidas à produção, no valor de 200 milhões de euros, assegurando a cobertura das quebras de produção e a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros, com taxa de juro zero.

Segundo um comunicado divulgado na quarta-feira pelo movimento, os agricultores reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade.

(artigo atualizado)

ZAP // Lusa

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