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FOXlife e Priberam propõem revisão da palavra “mulher” no dicionário

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O canal televisivo FOXlife e o dicionário online Priberam decidiram criar o movimento “A palavra mulher definida por nós”, pretendendo desafiar todos os portugueses a participar na revisão daquela palavra.

O canal televisivo FOXlife e o dicionário online Priberam lançaram o desafio aos portugueses de alterar a definição da palavra “mulher” no dicionário, através da ação “A palavra mulher definida por nós”.

Em comunicado, fontes do dicionário online e do canal televisivo explicam que “o significado da palavra ‘mulher’ existente em alguns dicionários ainda não reflete a mudança” do papel da mulher na sociedade ao longo dos anos.

No Priberam, a palavra mulher encontra-se definida por “pessoa adulta do sexo feminino; cônjuge ou pessoa do sexo feminino com quem se mantém uma relação sentimental e/ou sexual; pejorativo: mulher pública: meretriz”.

Através do mais recente movimento – “A palavra mulher definida por nós” – o Priberam e o FOXlife pretendem desafiar todos os portugueses a participar na revisão desta palavra, contribuindo para uma definição “mais abrangente, justa e enquadrada na sociedade atual”.

Até 16 de maio, todos podem contribuir para a revisão da palavra “mulher” através do site www.palavramulher.pt, no qual irão estar reunidos e partilhados todos os contributos. No final, os linguistas do Priberam irão analisar as propostas para a revisão da palavra, que ficará disponível a 22 de maio.

Simone de Oliveira, Luis Buchinho, Gisela João, Vanessa Fernandes, Raquel Oliveira e José Avillez foram as personalidades convidadas para dar o seu testemunho sobre o papel da mulher na sociedade atual, tendo contribuído para a definição de mulher em 2018.

Contactada pela Lusa, Cláudia Pinto, linguista do Priberam, admite que também a palavra “homem” pode conter atualmente um significado redutor e que poderá vir a ser revista. No entanto, afirma que “para já a iniciativa está destinada à palavra ‘mulher'”.

Segundo o dicionário Priberam, homem é “[Biologia] mamífero primata, bípede, com capacidade de fala, e que constitui o género humano”; “Indivíduo masculino do género humano depois da adolescência”; “[Figurado] Humanidade, género humano”; “Pessoa do sexo masculino casada com outra pessoa, em relação a esta”, “Pessoa do sexo masculino com quem se mantém uma relação sentimental e/ou sexual” e “Conjunto das pessoas do sexo masculino”.

Na opinião da linguista, apesar de um dicionário não poder filtrar a realidade à medida de quem o faz ou de quem o lê, branqueando usos preconceituosos ou pejorativos de determinadas palavras, sejam eles de género, raça, orientação sexual ou de qualquer outro tipo, pode e deve ser o mais neutro, abrangente e inclusivo possível.

Luís Fernambuco, gestor da FOXlife em Portugal, defende a importância da iniciativa para que “a definição de mulher não se baseie apenas em lugares-comuns ou em ideias feitas.”

ZAP // Lusa

9 Comments

  1. A estupidificação da sociedade atinge até os lugares onde supostamente deveriam estar mentes mais lúcidas e esclarecidas. Um dicionário deve reflectir a realidade da língua, sem quaisquer filtros ou juízos de valor. Apenas e só. Para tudo o resto existem todos os outros livros.

  2. Vivemos na Era da Estupidez… E se bem que a luta pela igualdade de direitos entre géneros é por demias necessária e louvável, o ridículo e o caricato a que isto está a chegar não abona nada, mas mesmo nada, a favor do sexo feminino. As mulheres andam a ser tratadas como verdadeiros atrasados mentais ou deficientes.

    Querem que seja garantida À FORÇA igual número de mulheres nos locais de trabalho. Não querem ganhar lugares no emprego por mérito nem por currículo… Mas simplesmente porque são mulheres. Não é isto ser tratado como um deficiente com necessidades especiais? Se têm as mesmas capacidades que os homens, porque precisam que a Lei garanta 50% de lugares femininos no trabalho? Se eu estiver a contratar para 10 vagas e receber 10 currículos de mulheres em que só 2 são bons, e receber 10 currículos de homens em que 8 são bons… Tenho de contratar à força 5 mulheres e 5 homens, sacrificando a produtividade da empresa? E se não o fizer é discriminação? Então se as mulheres estão em maioria no sucesso universitário, será que aí não há discriminação dos homens? Não está o meio académico vocacionado para favorecer as mulheres? Ah aí já é mérito… Mas se não as querem contratar já é discriminação. Vocês decidam-se!.. Não podem ter tudo a vosso favor, minhas senhoras. Não podem, mas querem… Sim, isso já se notou. Reivindicadoras por natureza, tenham o que tiverem vão sempre achar que não chega. E será que já não chega mesmo?

    Na época Vitoriana e da Revolução Industrial, criaram-se imensos perconceitos desfavoráveis aos direitos da mulher e dos seu papel na sociedade. Não votavam, não faziam escolaridade, não trabalhavam… Acho isso uma vergonha para uma sociedade que se diz civilizada. Mas a partir do século 20, as mulheres foram sempre conquistando mais igualdade e apartir dos anos 60, isso disparou até aos dias de hoje. Em pleno século 21, acho que as coisas podem não estar iguais, nem interessa que estejam porque os sexos não são “iguais”. Também não são “opostos”… São complementares. Onde uns têm forças, outros têm fraquezas e vice-versa. Mas acho que neste momento as coisas estão consideravelmente equilibradas. Há muita coisa em que a mulher ganha. Ganha na guarda dos filhos, ganha no direito a chorar sem serem vistas como fracas, ganham no número de lojas a elas dedicadas, ganham no direito a mandar piropos sem serem vistas como depravadas, ganham quando as pessoas têm muito mais propensão em ajudar uma mulher desconhecida, do que um homem, ganham quando têm sempre penas mais leves do que os homens pelos mesmos crimes. Vamos lutar contra tudo isto também???…
    Porque é que ninguém exige 50% de mulheres a trabalhar nas obras?.. É só em lugares de executivo e na política? Só no que dá jeito? E nas profissões de alto risco? Podem continuar a ser maioritáriamente homens, como sempre foi? Isso já não é preciso mudar? Mulheres e crianças primeiro, não é? Isso também não se muda, que até é romântico, certo?..

    Necessitam de tratamentos especiais para tudo. Joana Amaral Dias chegou a propor que houvesse uma área só pra mulheres nos transportes públicos, num claro rasgo arrogante de superioridade de género. Enquanto mulheres saõ apedrejadas até à morte no Afeganistão por olhar para um homem, ou enquanto na Índia são queimadas vivas com fogo ou com ácido por fugir de casamentos forçados… Andam as #meetoos e as #timesups a querer criminalizar o piropo, e a mãozinha no ombro. Mas ir para o Afeganistão ou para a Índia defender as mulheres… Vai tu!

    Enfim está na ora de perceber e de aprender com a história que, o ser humano nunca acha que tem todos os direitos que lhe assistem. E as mulheres sendo também seres humanos sofrem deste mal e pior ainda quando toda a sociedade tem por natureza, uma predisposição moral para proteger as mulheres. Quem nunca reparou que nos miudos na escola, são sempre as meninas que mais reclamam e reivindicam? que mais protestam e acham tudo injusto. Quem não teve já irmãzinhas e não assistiu a esse tipo de birrinhas de ciumes, seja contra irmãos ou mais ainda contra outras irmãs? Isto acontece mais com o sexo feminino ou com o masculino? E quando a menina chora? Vem tudo a correr ver o que se passa. Mas se for o rapaz… Um homem não chora. Vamos mudar isso também? Se calhar é melhor…

    Chega de reivindicaçõezinhas da tanga!.. Homens e mulheres, amem-se e complementem-se! Os direitos já estão iguais que cheguem na nossa sociedade Ocidental… Vão comprar outras guerras menos fúteis! A Guerra dos Sexos era uma telenovela Brasileira… Pra rir!!..

    • Não consigo explicar o quão eu concordo com o que aqui foi escrito. Tenho passado os últimos meses a debitar essas palavras e parece que finalmente encontrei alguém que pensa como eu. Muito feliz com o seu comentário!

  3. Mais outros facistas a quererem mudar a lingua das pessoas à força depois do desacordo ortografico que ninguem quer

  4. Bem,… isto esta a complicar-se. Acho bem que comecemos a pensar como vamos definir nos dicionarios os bissesuais e as bissexuais, e até os assexuados e as assexuadas. Não tardamos com as contestações e movimentos de apoio a uns e outros.

  5. O significado de “mulher” nos dicionários de todo o mundo, deveria ser, simplesmente: Ser humano adulto do sexo feminino.

  6. Linguistas habilidosos que parecem pretender desacreditar a importância do seu “métier”. Até me fazem lembrar dos outros, dos do Acordo Ortográfico. E até me fariam rir se a questão não fosse séria.
    Lendo e relendo a notícia, fica-se com a impressão de que esses “especialistas” da língua não sabem do que estão a tratar. Mas podem muito bem saber o que pretendem com esta proposta aberrante…
    Lançar o desafio aos portugueses para «alterar a definição da palavra mulher»? Mas que alteração será possível fazer a tal significante, se o correspondente referente não sofreu mutações visíveis pelo comum dos mortais?
    O termo “Mulher” (e suas traduções nos diversos idiomas) tem, como todas as palavras, um significado convencional. Mas surgiu e se manteve ao longo dos milénios, em concordância com o Ser sobre o qual recai, provavelmente (penso eu) assente no que a Ontologia, a Antropologia, a Fisiologia e a Anatomia determinaram. E nessa perspectiva, a Mulher de há 5 mil anos é, enquanto ENTE, a mesma de hoje.
    Mas os “sabinchas” da Língua parecem querer, a todo o custo, diminuir tal CRIATURA, des-substantivando-a para a cobrir de adjectivos com a subliminar (para não dizer traiçoeira) intenção de reduzir ao papel de coisa…
    Que importa argumentarem que a palavra ‘mulher’ «ainda não reflecte a mudança do papel da mulher na sociedade»? Que é que isso tem que ver com o significado de “Mulher”?
    Espero que as Mulheres Inteligentes mostrem, mais uma vez, que o são.

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