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8chan “é um esgoto de ódio”. Fórum onde autores de massacres fazem manifestos racistas encerrado

Larry W. Smith / EPA

O proprietário do fórum de Internet 8chan, no qual o autor do massacre de El Passo, no Texas, havia publicado um “manifesto” racista, invocou a liberdade de expressão para considerar o encerramento do fórum uma decisão “cobarde”.

Num vídeo publicado na terça-feira no YouTube, Jim Watkins, um norte-americano baseado nas Filipinas, condena a tragédia dos dois assassinatos ocorridos no fim de semana nos Estados Unidos, que mataram 22 pessoas em El Paso e nove outras em Dayton (Ohio), e garante que o 8chan não violou nenhuma lei.

Contudo, passa a maior parte dos sete minutos e meio que dura o vídeo a denunciar o encerramento do seu fórum. “Na verdade, é um comportamento perturbador”, diz

“Somos uma das últimas empresas independentes a oferecer um lugar onde as pessoas podem escrever os seus pensamentos sem terem que se preocupar se estes são prejudiciais para um grupo em particular”.

Matthew Prince, o chefe da empresa americana Cloudflare, que cessou o seu contrato de serviços com o 8chan no domingo, acusou o fórum de ser um “esgoto de ódio”.

Desde então, o 8chan permanece offline porque um site onde o fórum se tinha refugiado também foi privado de serviços por um outro fornecedor, disse Watkins, afirmando que a decisão da Cloudflare lhe estava a causar um grande prejuízo.

“É lamentável que este espaço onde a palavra é livre esteja temporariamente inacessível. Estamos a trabalhar para restaurar os serviços”, acrescentou.

Para Watkins, as medidas visando o 8chan inscrevem-se num processo de “consolidação do poder” de alguns grupos como a televisão e o rádio. “Isso vai silenciar as massas e privá-las de qualquer espaço para exprimir as suas mensagens”, afirma.

Pouco antes do tiroteio mortal de El Paso, no sábado, o atirador, Patrick Crusius, publicou no 8chan um “manifesto” racista em que mencionava uma “invasão hispânica” do Texas. Além disso, elogiou o massacre, em março, de 51 pessoas em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, cujo autor havia anunciado as suas intenções no 8chan.

O fundador da 8chan, Frederick Brennan, que rompeu todas as suas ligações ao site, pediu no domingo o seu encerramento. “Assim que soube de um assassinato em massa, concordei que teríamos de descobrir se havia uma conexão com o 8chan”, disse, em declarações ao jornal New Tork Times.

// Lusa

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